Belladonna- confissões de uma babygirl XXX

Lado E

Rei

Ele cheira whisky e crime, colecionador de bocetas, ele vai e vem como um adolescente drogado, como um rockstar bêbado, áurea mansôniaca, andar leve, olhar doce, mãos pesadas, come todas as putas da cidade, tentando esquecer a única que o conhece de verdade, a única que o entende em seus devaneios em meio ao caos ou sobriedade.

Ela é a maldição da minha existência ele pensa, tropeçando em calcinhas na manhã seguinte de mulheres cujo sua alma nunca poderiam devorar, cujo o coração nunca poderiam tocar. Ela sempre pensa como billie diria, minha alma é tão cínica que insiste em pensar e voltar sempre no mesmo lugar, onde ela e o diabo andavam lado á lado, ele reinava no meu caos na minha escuridão, tempestade, furacão, eu te odeio, você é o mais puro mel, o mais puro tesão.

Oh eu danço, danço lentamente em suas promessas quebras, eu coloco um vestido justo e vou pro cento da cidade, luzes amarelas, ruas vazias, uma bela mulher sozinha vagueando pelos becos sem saída com bêbados e vagabundos, submundo, eu te vejo por aí fumando em seu trono, suas prostitutas te chamam de milorde, ele se embriaga o quanto pode, elas beijam seus pés, e você as fode, com a mente distante, procurando seu diamante.

Eu estou aqui, eu estou aqui, na ilha dos zumbis, em seu reinado promiscuo e feliz, você me fareja como um cão negro do inferno, eu apenas flutuo sob as luzes da cidade, vendo fantasmas de amantes, colorindo meu cabelo de bordô só porque você adora vinho, eu te desvio, tiro seu foco da vadiagem, te manipulo te domino, eu me rendo, não tenho nada a perder, eu te vicio, eu te amo, eu te vivo.

Mestre celestial, pílulas e seus lábios, nos meus lábios, dilatando nossas pupilas, todo rei tem sua favorita, todo rei tem sua princesa masoquista, você almeja minha santidade, apenas para me destruir, chuva de sangue, eu sento nua em você, te abraço, de repente meu coração para, e eu sou toda sua, a fera que há em você se descontrola , e você é todo meu, todo meu, você sabe que é meu.

Milorde, pertences a mim.

James

Ele se adoece de violência, é tudo o que ele conhece,

Seus olhos são negros seu jeito de andar forasteiro,

Ele exala faroeste, seu coração está em Tulsa com a esposa de alguém que ele não pode amar, que ele não pode ter.

1960, fogo, Texas e sangue, poesia, balas de diamante,

O diabo o disse para tomar cuidado com os cantos dos anjos do outro lado da cidade, bêbado e enfeitiçado, ele é como um leão destemido em seu cavalo.

Ópio, pupilas dilatadas, coração sangrento, cowboy dilacerado, James ama aquela vadiazinha de Tulsa os murmuradores da pequena cidade exalam veneno, seu ódio cresce, seu juízo enlouquece, ele dança a dança da morte lentamente como uma criança, ele vai para o deserto, ele se tortura do próprio murmúrio , se machuca da covardia, suas pernas paradas e apaixonadas pela terra quente do Texas, mas seu coração corre para Oklahoma, disparado, nobre cavalheiro abatido, com um fuzil entupido no peito, clandestino, sem lei, sem vez.

Ele se supre de escuridão, de um nevoeiro indomável, é tudo o que ele conhece, é tudo o que ele quer engolir, e suprimir, ele se sustenta de lembranças nebulosas de uma Rapunzel em seus braços, coração desértico,

Seu coração está em Tulsa com uma garota que ele não pode ter,

Sua covardia está no Texas na terra em que ele nunca deixou de amar.

Declaraçõesdeumabêbada

Eles sempre vão embora, eles sempre vão embora, com suas máscaras falsas, com seu teatro ensaiado, com sua mesquinha modéstia simplória, eu estou sozinha, eu estou sozinha, e sozinha eu faço tudo, eu bebo, eu visto, eu me revisto, eu me reviro, eu morro, eu vivo, eu me liquidifico em poesia, eu me solidifico em sarcasmo, e eles sempre vão embora, eles sempre vão embora, você entende?, assim como o papai. Eles sempre vão embora, eles sempre vão embora, na primavera, no inverno, outono, verão, em junho, em julho, em agosto , em setembro.

A loucura é perceptível, é transmitivel e as vezes é simplesmente incrível, você não entende o desastre que é ser eu, você não entende o caos, o caos que corrói minha vida, ah doce anjo, doce anjo! Eles sempre vão embora, Eles sempre vão embora.

Eles pegam as chaves, trancam você e te deixam sufocando, eles são apenas carcereiros, carcereiros que fazem você se apaixonar e depois te colocam em uma jaula inquebrável, depois voltam como bons samaritanos tentando organizar a bagunça , irrelevar a escória maldita em que você é deixada. Não existe brilho, nem vislumbre, é como um filme dos anos 50 em preto e branco, sem cor, sem vida, sem saída, eles sempre vão embora, não é? Não é incrivel? Como eles sempre se vão. O papai me ama, mas ele vai embora, ele vai embora, o papai vai me deixar, eles sempre vão embora.

A solidão ela te deixa assim, em um estado de mania, meio maníaca, eu consigo ser tão jovem, tão linda, tão bela, e ao mesmo tempo tão destruída, usada, vendida, entregada, desiludida, desprotegida, vulnerável como uma criança, olha pra mim! Olha pra mim! Eles sempre vão embora.

Olhe pra mim como se eu fosse um bebê implorando por atenção, você não vê?, que o meu corpo é revestido de dor e sofrimento e amargura e é desenhado por loucura, caos e destruição, a pureza, a pureza, a pureza que eu tive roubaram de mim, me enjaularam, me guardaram como vestígios em documentos para serem transcritos no futuro, o futuro de uma ex- jovem prodígio que ficou maluca, ahhh ela morreu, ela morreu e suas cinzas foram jogadas no rio Nilo.

jaz aqui uma poeta torturada com tendências sexuais inapropriada e suicidas.

Não é desesperador o que se fala quando se tem poesia dentro de si? quando se tem um grito, uma euforia, eu sinto em minhas veias as palavras brotando como árvores, se alinhando como constelações, eu tenho epifanias sobre a perfeição, a perfeição é tão atraente, e é enlouquecidamente apaixonada pela loucura e pela obsessão, e é assim que eu sou perfeita, rosa néon, com sabor de morango ou cereja, uma baby girl a vida inteira.

NORMA.JEANE

Você olha para mim como Rhett Butler, escreve sobre mim como Arthur Miller, e me ama como Elvis, e eu, eu apenas acordo todas as manhãs desejando me sentir menos morta, e pra você eu sou uma certa musa inspiradora , e é só o que importa.

Me sento e te olho fixamente como uma boneca dos anos 60, loira e perfeita, você me venera , mas não enxerga minhas lágrimas, você me ouve, mas não me escuta, sou sua esposa? Ou apenas sua musa?, rainha dos corações quebrados, você me persegue, me conquista, me ilude, me disserta, e eu tento não ser esperta, escondo minhas vulnerabilidades empilhadas em caixotes na minha alma.

Te olho com meus olhos grandes, e te mando beijinhos, carregando seu filho em meu ventre, dou gargalhadas e uso vestidos floridos, sou uma garota boa e obediente, mas com um espaço inteiro, vasto, e até uma dimensão de sentimentos, ideias e pensamentos dentro de mim. Sou beleza, mas também sou raiva e tristeza, sou dúvida, a história, a teoria, o fim e a incerteza, sou princesa, mas também sou mulher, sou maluca, vazia, vadia, eu sou o que eu quiser.

FINAL GIRL

Você me seduz para a floresta como um coelho astuto, meus joelhos ensanguentados, seu espirito bruto, meu perfume de lavanda, eu corro como uma criança, de repente, estou do outro lado do espelho, de repente, eu te vejo, me vejo. meu vestido florido e amarelo desabotoado, o caimento do meu cabelo longo e preto, seu olhar me perseguia, me pairava. minhas lágrimas de gelo, e o seu castelo de vidro , eu me movo, eu corro, sem filtro, eu apenas corro sob a névoa fria da floresta. para você eu sou apenas uma linda boneca, você quer me decorar todas as noites, me colocar na sua cama, me pentear, me beijar, sou sua filha? sua esposa? ou sua vadia? você quer me amar, me matar ou me deixar mais louca? me deixe ir, me deixe subir as montanhas ao amanhecer , me deixe sentir a liberdade que eu tanto quero conhecer, eu quero enfrentar o monstro, eu quero matar o monstro mesmo que eu o ame, me deixe ser o pingo de esperança no final da história, me deixe ser a lembrança, a alegria, a criança.