Capítulo 8 - Me deixe te ter.

42 4 20
                                    

A feição de katsuki ainda era ilegível, não consegui entender o que seria que o mesmo estava pensando ou imaginando. Ele parecia olhar para todos os lados em busca de uma palavra, uma razão ou uma formulação. Sua boca abria e fechava, não deixando escapar qualquer som. Sentei-me na cama preocupado com sua hiperventilação e sua coloração agora pálida.

Me prontifiquei a me aproximar do mesmo, sem saber exatamente o que deveria lhe dizer. Mas antes que pudesse tocá-lo o mesmo se afastou de mim, como se temesse ao meu toque, tal como um cachorrinho fugindo de seu dono na rua.

- Kat...

- Olha, eu acho que estamos confundindo as coisas.

- O que...?

- Eh, eu... eu não sei. Eu não posso continuar com isso desse jeito. Apenas ficamos e você já acha que sou gente como você?

- Eu não estou conseguindo entender.

- Eu não sou gay... eu não... eu não gosto de homens.

- Não é assim que funciona as coisas Katsuki.

- Eu não quero mais... - O mesmo correu, saindo do meu quarto as pressas sem ao menos olhar para trás, batendo com força a porta atrás de si.

Deslizei pela cama até o chão gélido e rígido, abraçando meus joelhos encarando aquele amadeirado com dúvida. Gente como eu? Aquele homofóbico de merda. Esse desgraçado é tudo menos heterossexual.

De qualquer maneira, ainda posso sentir esse aperto estranho em meu peito. Eu não consigo entender a razão disso repentinamente. "Olha, não é porque nos beijamos ou porque nos masturbamos juntos que eu me atraio por homem." Soou dessa maneira, tão bobo. Odeio a sensação de perder alguém...

Fui dispensado então? Que desgraça. Eu achei que tudo estava acontecendo de maneira serena e gostosa, mas no final me meti em uma confusão. Nossas conversas, risadas e beijos nunca terão deixado de existir, mas agora é hora de deixar ele ir. Além do mais ele não sentiu metade do que senti, esse é o preço que se paga por ser intenso.

Mas não é como se o problema estivesse em mim. Recomeçar.

Levantei-me, seguindo até o banheiro. Retirei minha camisa, e ali já frente ao espelho pude me analisar de ponta a ponta. Minhas mãos trêmulas percorriam por meu próprio abdômen sem um destino, meus lábios estavam secos e rachados, com uma leve coloração roxa. Senti uma lágrima de maneira solitária deslizar sobre a minha face, junto de uma profunda solidão. Retirei o resto de minhas vestes, deitando-me sobre a banheira que enchia aos poucos. Observei atentamente a água que me consumia, e vagarosamente afundei sobre ela.

Fechei os olhos sentindo meu corpo agora gelado se acomodando na sensação do vazio. Em minha mente pairavam as memórias doces e sensuais do loiro quando ainda estava ao meu lado. O que eu fiz de errado? Por que não eu? O que me falta?

Nos conhecemos há pouco tempo, mas é como se meu coração o amasse a anos. Amar? Acho que essa palavra é forte. Forte como cada batida de meu coração cujo qual dedico a ti, Katsuki, cada uma delas.

[...]

- Izuku? Izuku!? - Ochaco me despertou dos pensamentos com seus berros irritantes.

- Sim? - Lhe fitei.

- Não vai comer? Faz 2 semanas que a única coisa que você faz é brincar com o almoço. Certifique-se de se alimentar corretamente, você tem que cuidar de sua saúde! - A mesma disse, enquanto massageava minha orelha.

Ela tinha razão, desde que tomei um fora do Katsuki minha mente anda em outro mundo.

- Acho que estou em abstinência... - A minha droga tem um nome bonito, um cabelo loiro rebelde e um sorriso que me encanta.

Enquanto Houver Nós - BakudekuOnde histórias criam vida. Descubra agora