A feição de katsuki ainda era ilegível, não consegui entender o que seria que o mesmo estava pensando ou imaginando. Ele parecia olhar para todos os lados em busca de uma palavra, uma razão ou uma formulação. Sua boca abria e fechava, não deixando escapar qualquer som. Sentei-me na cama preocupado com sua hiperventilação e sua coloração agora pálida.
Me prontifiquei a me aproximar do mesmo, sem saber exatamente o que deveria lhe dizer. Mas antes que pudesse tocá-lo o mesmo se afastou de mim, como se temesse ao meu toque, tal como um cachorrinho fugindo de seu dono na rua.
- Kat...
- Olha, eu acho que estamos confundindo as coisas.
- O que...?
- Eh, eu... eu não sei. Eu não posso continuar com isso desse jeito. Apenas ficamos e você já acha que sou gente como você?
- Eu não estou conseguindo entender.
- Eu não sou gay... eu não... eu não gosto de homens.
- Não é assim que funciona as coisas Katsuki.
- Eu não quero mais... - O mesmo correu, saindo do meu quarto as pressas sem ao menos olhar para trás, batendo com força a porta atrás de si.
Deslizei pela cama até o chão gélido e rígido, abraçando meus joelhos encarando aquele amadeirado com dúvida. Gente como eu? Aquele homofóbico de merda. Esse desgraçado é tudo menos heterossexual.
De qualquer maneira, ainda posso sentir esse aperto estranho em meu peito. Eu não consigo entender a razão disso repentinamente. "Olha, não é porque nos beijamos ou porque nos masturbamos juntos que eu me atraio por homem." Soou dessa maneira, tão bobo. Odeio a sensação de perder alguém...
Fui dispensado então? Que desgraça. Eu achei que tudo estava acontecendo de maneira serena e gostosa, mas no final me meti em uma confusão. Nossas conversas, risadas e beijos nunca terão deixado de existir, mas agora é hora de deixar ele ir. Além do mais ele não sentiu metade do que senti, esse é o preço que se paga por ser intenso.
Mas não é como se o problema estivesse em mim. Recomeçar.
Levantei-me, seguindo até o banheiro. Retirei minha camisa, e ali já frente ao espelho pude me analisar de ponta a ponta. Minhas mãos trêmulas percorriam por meu próprio abdômen sem um destino, meus lábios estavam secos e rachados, com uma leve coloração roxa. Senti uma lágrima de maneira solitária deslizar sobre a minha face, junto de uma profunda solidão. Retirei o resto de minhas vestes, deitando-me sobre a banheira que enchia aos poucos. Observei atentamente a água que me consumia, e vagarosamente afundei sobre ela.
Fechei os olhos sentindo meu corpo agora gelado se acomodando na sensação do vazio. Em minha mente pairavam as memórias doces e sensuais do loiro quando ainda estava ao meu lado. O que eu fiz de errado? Por que não eu? O que me falta?
Nos conhecemos há pouco tempo, mas é como se meu coração o amasse a anos. Amar? Acho que essa palavra é forte. Forte como cada batida de meu coração cujo qual dedico a ti, Katsuki, cada uma delas.
[...]
- Izuku? Izuku!? - Ochaco me despertou dos pensamentos com seus berros irritantes.
- Sim? - Lhe fitei.
- Não vai comer? Faz 2 semanas que a única coisa que você faz é brincar com o almoço. Certifique-se de se alimentar corretamente, você tem que cuidar de sua saúde! - A mesma disse, enquanto massageava minha orelha.
Ela tinha razão, desde que tomei um fora do Katsuki minha mente anda em outro mundo.
- Acho que estou em abstinência... - A minha droga tem um nome bonito, um cabelo loiro rebelde e um sorriso que me encanta.
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Enquanto Houver Nós - Bakudeku
FanficApós um grave acidente de carro, Izuku Midoriya descobre ter contraído HIV através de uma transfusão de sangue. Enfrentando as incertezas de sua nova realidade, ele se muda para outra cidade e começa a vida universitária. Lá, conhece Katsuki, um jo...