Capítulo 10 - Somente o tempo.

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O tempo que passei distante de todos foi o suficiente para perceber o quão especial é ter pessoas a minha a minha volta, porém, além disso, me serviu para que pudesse me conhecer melhor e me reconectar com meu eu interior. Pouco pude ouvir de Ochaco, a garota agia como se temesse ao meu olhar. Eu a adoro e não sei ao certo o que fazer quanto a isso. Meu dormitório estava frio, e o chão estava cada vez mais gélido. As paredes rígidas pareciam a todo momento tentar me sufocar.

Sentei-me sobre a cama após um curto cochilo vespertino, meus olhos percorreram pelo ambiente indolente tentando a todo momento me manter motivado o suficiente para não largar aquela vida e voltar para os braços do meu avô (que provavelmente me daria uns belos tapas na cara).

Ouvi o som desagradável de meu aparelho telefone, que atraiu a minha a minha atenção me tirando de minha dissociação melancólica, voltando desse modo para minha realidade. A palavra vovô surgiu no display – Ótimo, só pensar nesse velhote que sua alma ressurge das cinzas. – Agarrei o aparelho.

  - vovô.

 - Izuku, como tem se sentindo ultimamente?

 - Estou bem... - Suspirei.

 - E essa voz, ein?

Eu havia me esquecido de que meu avô era um ótimo observador e um ouvinte experiente.

 - Está tudo bem.

 - Quer mentir para mim?

 - Bem... estou me sentindo só. Acho que estraguei tudo sendo intenso demais.

 - Bom...estamos falando sobre vida amorosa?

 - De certo modo sim. - Mordi os lábios.- Sinto falta dessa pessoa.

 - Se te faz tanta falta presumo que deva ser alguém muito importante. A saudade, ignorando o fato de ser dolorosa, é aquilo que nos mostra que vivemos coisas muito especiais e valiosas. Apenas coloque em sua cabeça que você não pode ter o controle de tudo, do mundo, das pessoas. Eu admiro muito seu sentimento mas é necessário que haja iniciativa da outra parte também. Além disso, de que adianta apenas você estar se sentindo assim e outra pessoa não? É injusto. Apenas aguarde um pouco, coloque sua cabeça no lugar e pratique autocuidado. Se for a garota certa, ela virá atrás de você.

 - Ela?

 - Que?

 - Nada. Olha você tem razão vovô. Te ligo depois! Tchau. - Desliguei.

Que droga.

Isso é tão confuso, mas agora me libertei um pouco disso. As pessoas vêm e vão de nossas vidas, mas eu permaneço aqui. É necessário adquirir maturidade para aprender a lidar com isso. Esse momento me fez criar o questionamento de que "será que eu o amo ou é apenas carência de minha parte?". Katsuki é alguém de extrema importância mas tenho medo de estar com um coração melancólico. Que droga.

Esse tipo de sentimento, esse tipo de sensação, não são coisas exploradas por mim. É possível contar nos dedos as poucas vezes que mergulhei em um amor. A primeira vez foi no fundamental, a segunda também, a terceira no primeiro do ensino médio. Essa é a quarta vez que sinto isso. A junção desse todo me afoga, sentimento claustrofóbico que me enforca. Eu estou me apaixonando cada vez mais por alguém que vai quebrar meu coração.

[Segunda de manhã]

A aula se encerrou. Debrucei-me sobre a mesa da instituição enquanto devaneava de maneira ambígua. Tudo em volta tem deixado claro que, apesar de tudo, quando morremos sempre estamos sozinhos. Antigamente eu tinha medo de morrer e ficar na escuridão para todo o sempre, mas hoje tenho medo de morrer sem nunca ter saído da minha própria escuridão.

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⏰ Última atualização: Sep 22 ⏰

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