O tempo que passei distante de todos foi o suficiente para perceber o quão especial é ter pessoas a minha a minha volta, porém, além disso, me serviu para que pudesse me conhecer melhor e me reconectar com meu eu interior. Pouco pude ouvir de Ochaco, a garota agia como se temesse ao meu olhar. Eu a adoro e não sei ao certo o que fazer quanto a isso. Meu dormitório estava frio, e o chão estava cada vez mais gélido. As paredes rígidas pareciam a todo momento tentar me sufocar.
Sentei-me sobre a cama após um curto cochilo vespertino, meus olhos percorreram pelo ambiente indolente tentando a todo momento me manter motivado o suficiente para não largar aquela vida e voltar para os braços do meu avô (que provavelmente me daria uns belos tapas na cara).
Ouvi o som desagradável de meu aparelho telefone, que atraiu a minha a minha atenção me tirando de minha dissociação melancólica, voltando desse modo para minha realidade. A palavra vovô surgiu no display – Ótimo, só pensar nesse velhote que sua alma ressurge das cinzas. – Agarrei o aparelho.
- vovô.
- Izuku, como tem se sentindo ultimamente?
- Estou bem... - Suspirei.
- E essa voz, ein?
Eu havia me esquecido de que meu avô era um ótimo observador e um ouvinte experiente.
- Está tudo bem.
- Quer mentir para mim?
- Bem... estou me sentindo só. Acho que estraguei tudo sendo intenso demais.
- Bom...estamos falando sobre vida amorosa?
- De certo modo sim. - Mordi os lábios.- Sinto falta dessa pessoa.
- Se te faz tanta falta presumo que deva ser alguém muito importante. A saudade, ignorando o fato de ser dolorosa, é aquilo que nos mostra que vivemos coisas muito especiais e valiosas. Apenas coloque em sua cabeça que você não pode ter o controle de tudo, do mundo, das pessoas. Eu admiro muito seu sentimento mas é necessário que haja iniciativa da outra parte também. Além disso, de que adianta apenas você estar se sentindo assim e outra pessoa não? É injusto. Apenas aguarde um pouco, coloque sua cabeça no lugar e pratique autocuidado. Se for a garota certa, ela virá atrás de você.
- Ela?
- Que?
- Nada. Olha você tem razão vovô. Te ligo depois! Tchau. - Desliguei.
Que droga.
Isso é tão confuso, mas agora me libertei um pouco disso. As pessoas vêm e vão de nossas vidas, mas eu permaneço aqui. É necessário adquirir maturidade para aprender a lidar com isso. Esse momento me fez criar o questionamento de que "será que eu o amo ou é apenas carência de minha parte?". Katsuki é alguém de extrema importância mas tenho medo de estar com um coração melancólico. Que droga.
Esse tipo de sentimento, esse tipo de sensação, não são coisas exploradas por mim. É possível contar nos dedos as poucas vezes que mergulhei em um amor. A primeira vez foi no fundamental, a segunda também, a terceira no primeiro do ensino médio. Essa é a quarta vez que sinto isso. A junção desse todo me afoga, sentimento claustrofóbico que me enforca. Eu estou me apaixonando cada vez mais por alguém que vai quebrar meu coração.
[Segunda de manhã]
A aula se encerrou. Debrucei-me sobre a mesa da instituição enquanto devaneava de maneira ambígua. Tudo em volta tem deixado claro que, apesar de tudo, quando morremos sempre estamos sozinhos. Antigamente eu tinha medo de morrer e ficar na escuridão para todo o sempre, mas hoje tenho medo de morrer sem nunca ter saído da minha própria escuridão.
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Enquanto Houver Nós - Bakudeku
FanficApós um grave acidente de carro, Izuku Midoriya descobre ter contraído HIV através de uma transfusão de sangue. Enfrentando as incertezas de sua nova realidade, ele se muda para outra cidade e começa a vida universitária. Lá, conhece Katsuki, um jo...