Capítulo 13

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Quem é vivo sempre aparece, né não? 😁. Aviso: cenas explícitas ( +18)

Boa leitura!

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As cortinas cor de vinho e de tecido grosso balançavam sutilmente pela brisa matinal entrando pela janela aberta, completamente esquecida. A luz do sol bruxuleava sobre o casal adormecido. 

Em um contraste perfeito, dormiam juntos. Fato que poderia ser considerado um milagre, levando em conta o caráter individualista que ambos compartilhavam quando se tratava de espaço em suas camas. Kelvin, sempre acostumado a dormir sozinho e esparramado; Ramiro, que dormiu imprensado durante tantos anos de sua vida, se dava ao luxo de tomar espaço e dormir confortavelmente. 

Por isso, quando Kelvin abriu os olhos, surpreendeu-se um pouco ao sentir um braço forte envolvendo sua cintura enquanto o outro servia como um travesseiro para a sua cabeça. Sorriu preguiçoso, aninhando-se ainda mais no calor acolhedor, tracejando a pele com a ponta dos dedos ao fechar os olhos novamente. 

Era sábado. Não tinha motivos para negar-se a ficar alguns minutos na cama, embora seu cérebro tentasse achar formas de achar problemas inexistentes naquele abraço tão acolhedor, que logo ficou um pouco mais apertado quando Ramiro acordou. 

— Eu lembro de você se despedindo ontem à noite… — Kelvin provocou. 

— E eu lembro de você me chamando para dormir aqui enquanto desabotoava minha camisa. — Rebateu, enfiando o rosto na curva do pescoço convidativo, envolvendo-o em seus braços. 

— Tem provas?

— E precisa? Você parecendo um coala já prova o suficiente. 

Kelvin franziu as sobrancelhas, virando-se para ele, o encarando com aqueles olhos sonolentos, mas curiosos. Ele tomou um tempo para admirar, também, o homem que dormia ao seu lado: os cachos desgrenhados, a pele negra sendo banhada pelo sol fraco da manhã, o calor, as bochechas marcadas pelo travesseiro…

Levou a mão esquerda para o braço que o envolvia, acariciando a pele com a ponta dos dedos. 

— O que é um coala? — Perguntou um pouco tímido. Não gostava de perguntar. 

— É um bichinho australiano que fica enroscado nas árvores. Pequeno, fofo, preguiçoso, vive de comer mato…parecido com alguém que conheço. 

— Eu não sou preguiçoso! — Rebateu, manhoso demais para sequer parecer irritado. Apenas deitou de costas na cama, enfiando a cabeça no travesseiro macio e escondendo o braço com os olhos — Se bem que estou achando cedo demais para estar acordado em um sábado. Deve ser umas sete horas, pela intensidade do sol. 

Ramiro buscou sua calça, que estava abandonada na lateral da cama, e conferiu o pequeno e prateado relógio de bolso que marcava as exatas sete e trinta da manhã. 

— E realmente está, mas qual o horário que você marcou com a charrete de aluguel, mesmo? — Ramiro perguntou, esticando um pouco um corpo antes de encostar as costas na cabeceira e ajustar o lençol em seu corpo. 

— Acho que umas dez horas? Não lembro bem, mas foi por volta disso. Inclusive, obrigado por concordar em me ajudar com a mudança dos quadros. Imagino que demoraria séculos para fazer tudo sozinho. 

— Você me contou que não gosta de estranhos na sua casa. — Aquiesceu, vendo Kelvin fechar os olhos, quase dormindo novamente. 

— Sim, realmente não gosto. Obviamente, já recebi pessoas que eu sabia apenas o nome, mas odeio pessoas completamente estranhas lá. É o único lugar onde posso ser eu mesmo. Não quero que a energia se misture. A única pessoa com quem concordo dividir é a minha empregada, a Emanuella. 

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