O que aconteceu? Em um minuto estava sofrendo o maior acidente da minha vida, que me fez partir dessa pra melhor e no outro estava em um cômodo gigantesco e ridículo de luxuoso.
- Eu não consigo acreditar que eu reencarnei logo na pior pessoa possív...
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Já era noite e as nuvens impediam de apreciar a lua que deveria estar cheia e linda no céu. O trovão que ecoa pelos céus e clareia o vidro do carro faz eu fechar os olhos com força, tentando ignorar as vozes irritadas dos meus pais brigando novamente com o som da música estourada no fone. Não era uma novidade!
Estamos voltado para casa depois de mais um jantar com a família reunida na cidade natal do meu velho. Apesar de ter sido um desastre como todas as outras vezes. O foda foi descobrir que a esposa de um primo por parte da minha matriarca, estava dando em cima do meu pai e a minha mãe começou a alegar que meu pai a estava traindo, já que não fazia muita questão de parar as investidas.
Barraco de família, ebaaa!
O problema é que essa situação toda só acarretou em uma bochecha vermelha e inchada, copos quebrados, rímel espalhado e uma dor de cabeça terrível (da minha parte).
Eu amo os meus pais, mas parece que são duas crianças birrentas que não sabem como resolver um problema e não digo isso só pela confusão de mais cedo, mas sim por todas as outras discussões que poderiam ser resolvidas se os dois simplesmente dialogassem!
Além disso, o peso de estar perto de fazer 18 anos está cada vez mais próximo e com tudo isso, meu sonho de se tornar uma atleta profissional no vôlei também. Teria que passar a partir de agora a me focar em cursinhos, estudo, vestibular, enem e mais um monte de coisa que não me faz muito sentido.
Sinto uma ardência nos meus olhos e puxo o capuz do moletom escuro para disfarçar minha mágoa, não quero atenção voltada para mim.
A tempestade lá fora parece que faz questão de piorar a cada minuto que passa, sendo bem sincera, parece até que está afim de combinar com meu interior rancoroso.
— SERÁ QUE DÁ PRA VOCÊ CALAR A BOCA, LINDA?! — a voz grossa arrepia meus pelos e meu pai não aparenta estar tão focado na estrada assim.
— EU CALAR A BOCA? QUEM DEVE FAZER ISSO É VOCÊ SEU ESCROTO DE MERDA! — não demora para que a voz da minha mãe que parece mais uma gralha com problemas na garganta retruque de volta, é impressão minha ou esse carro tá indo muito rápido?
"Vocês dois são escrotos igualmente"!
Os segundos se passavam e as árvores iam se aparecendo e sumindo na janela cada vez mais rápido, eu acho, só acho...que meu pai tá perdendo o controle.
— Pai, você não devia diminuir a velocid-...
— FICA QUIETA TAMBÉM, SOPHIE!!! — eu me calo instantaneamente, segurando com força o banco.
