O que a enchente Levou - Capítulo 6

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Hoje, algumas horas depois da tempestade. Um clima frio com uma leve garoa caindo, o rio estava muito acima de seu nível normal.


Como de costume, Gustavo havia acabado de se levantar. Era umas cinco horas da manhã. Ele fez seus exercícios matinais para manter uma boa forma física.

Um tempo depois Lucy acordou para fazer o café da manhã.


-Bom dia  mamãe! – Gustavo recebe sua mãe com um lindo sorriso.


Ela o responde com o mesmo tom e o mesmo sorriso


(Lucy)

- Ei Gustavo! Você não vai acordar seus hóspedes? – Ela pergunta com um tom de deboche, pois sabe que ele não queria que eles estivessem lá.


- Ah vai dormir – Ele retruca com o mesmo tom. 


Minutos depois, Gustavo escuta o barulho da cama de sua mãe ou seja Júlio estava levantado. O sorriso de Gustavo se transforma em  um olhar de peixe morto.


- Ah que merda, ele ainda tá vivo – Gustavo pensa enquanto encara a parede da cozinha, sem demonstrar nenhuma reação.


Os passos de Júlio vão ficando mais altos até que ele finalmente chega na cozinha.


(Júlio)

- Bom dia



-Bom dia – Gustavo e Lucy respondem entre os dentes.


(Júlio)

- Uque que tem pra cume?


Mesmo a pergunta não tendo sido direcionada para Gustavo, ele faz uma cara de desprezo, ódio e responde:


- Você pode comer uma banana. Temos pouca comida e muitas pessoas, dentre essas pessoas uma está grávida e precisa de coisas saudáveis.


Júlio se revolta com o tom de Gustavo mas sabe que ele está certo, engole seu próprio ego e diz que vai sair para ordenhar as vacas, em seguida Júlio pede para Gustavo chamar algum dos hóspedes para o ajudar.


(Gustavo)

- Eu até  posso fazer isso mas todos nós precisamos de ir até o milharal ver se sobrou alguma coisa depois dessa tempestade.


Júlio o questiona com um olhar de desentendido, Gustavo revira os olhos, pois acha ridículo ter que repetir algo tão simples mas explicou de novo.


- A nossa plantação fica muito próxima do rio, então com certeza ela foi levada pela enchente mas a parte mais distante pode ter resistido e nos precisamos de toda comida possível. Entendeu?


Júlio acena com a cabeça mostrando que havia entendido,  depois deles terem terminado de conversar  Gabriel e os outros chegam na cozinha.


(Carlos)

- Bom dia dona Lucy! – Ele diz debochando dela, pois sabe que ela odeia ser chamada de dona.


(Lucy)

Repete isso que você vai precisar de cirurgia pra tirar essa colher do ouvido. Bom dia pra você também!


Todos olham para Lucy com uma cara de espanto exceto Gustavo que começou a gargalhar.


Alguns minutos depois o café de Laura e Gabriel estava pronto. Um ovo cozido, uma banana e um copo de leite morno. Para Laura, Lucy havia descascado um pedaço de gengibre já que isso é muito saudável para uma gestante.


Enquanto os dois comiam, Gustavo estava explicando para os outros  o que eles iriam fazer.


Gustavo viu que Laura é Gabriel haviam  terminado de comer e disse:

- Marina, você, a Laura e minha mãe vão ficar aqui cuidando da casa e do Gabriel. Eu, o Carlos, o Henrique e o Matheus vamos até o milharal ver como está a situação e catar o que sobrou do milho. Pai você pode ir ordenhar os vacas e trazer o leite no carrinho de mão.


(Gabriel)

Mas Gustavo! Eu quero ir com você, você nunca me deixa sair do quintal.


(Gustavo)

Mas Gabriel, você  não tem medo dos monstros  não? Eles são muito malvados.


Gabriel insiste até seu irmão perder a paciência e concordar com que ele vá.


(Gustavo)

Tá bem duende de jardim. Então vai se arrumar, coloque uma calça, duas blusas  e suas botinhas de borracha. Eu vou te levar mas você não pode desgrudar de mim hora nem uma!


Gabriel acena mostrando que havia entendido e vai se arrumar. Lucy olha para seu filho e diz que irá também, Gustavo concorda dizendo que não tinha problema nenhum.


Depois que todos ficam prontos para sair Gustavo diz:


- Gente, é muito provável que tenha vários podres no caminho então armas na mão e olhos abertos.


(Henrique)

- Gustavo, você não acha útil levar uma arma de fogo só por precaução?!


Gustavo pensa um pouco e decide que isso seria uma ótima ideia, ele pede para sua mãe pegar o revólver que ela guardou em seu guarda-roupa. Quando Lucy volta de seu quarto os seis saem em direção a um pequeno portão dentro do quintal e em seguida  todos seguem em caminho do milharal.


15 Minutos depois 🕝


Depois de uma caminhada não muito longa, eles finalmente chegam em um pequeno morro que dava visão  à plantação e como de esperado ela havia  sido destruída. Gustavo e Lucy se olham com lágrimas nos olhos e se abraçam (no final tem explicação).


Gabriel não sabia o motivo dos dois terem se entristecido mas independentemente ele os abraçou e disse:

- Não precisam de ficar assim, tudo vai dar certo. Eu tô aqui com vocês.


Essas poucas palavras de alguém tão pequeno, puderam alegrar duas pessoas que sofrem muito pra ter o que comer e perderem tudo de um dia pro outro. Bom, não há mais nada que possa os abalar.


(Gustavo)

Pessoal, como já era de se imaginar tem vários mortos andando lá embaixo. Nós vamos fazer o que combinamos, elimina-los e depois catar o que sobrou do milho.


Gustavo toma dianteira no ataque e começa a eliminar os doentes,  em seguida Carlos, Henrique e Matheus vão atrás dele. Lucy e Gabriel ficam em cima do barranco onde eles já estavam (meio óbvio que eles não iriam deixar uma criança lutar ).


Lucy olhava para Gustavo e se perguntava enquanto uma lágrima escorria:

- Por que o mundo foi tão cruel com a gente?


Dezessete mortos eliminados, missão  em cinquenta por cento. Agora vem a parte difícil: Catar os restos de um trabalho duro.


(Matheus)

-EI! GABRIEL. LUCY, podem descer nos já acabamos com os podres!


Em seguida eles descem e começam a catar as espigas que haviam restado no chão, todos passam algum tempo catando mas a quantidade era tão  pouca que não iria durar nem uma semana. Mesmo com essa tristeza imensa de ter um trabalho de dias destruído, Lucy não parou de sorri,  pois sabia que eles poderiam recomeçar tudo de novo.


Quando todos estavam se preparando para ir embora, Gustavo estava lavando suas mãos em um córrego.

Inesperadamente uma voz feminina saí de uma vala:

- Esperem! Me ajudem!


De dentro dessa vala, uma jovem que aparentava ter a idade de Gustavo   sai  pedindo por ajuda. Antes que ela pudesse fazer ou dizer qualquer outra coisa, Gustavo bate em sua cabeça e a desmaia.



(Tela azul kkk)

        🍃Nota pessoal do autor 🍃
Espero que tenha gostado!!

No momento em que os dois se abraçam, eu confesso que me emocionei.

Bom o motivo deles terem ficado tão abalados com o milho,  é porque foram eles mesmos que plantaram com as próprias mãos.
Beijos 😘

Criação do meu Apocalipse Onde histórias criam vida. Descubra agora