i can handle it

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You know you're good when you can even do it
With a broken heart

I Can Do It With a Broken Heart - Taylor Swift

Bem distante do ducado de Somerset, o visconde de Chambers desembarcava na amada Londres, depois de uma viagem longa e cansativa. Samuel, com seus 30 anos de idade, estava determinado. Naquela temporada, arrumaria uma viscondesa. As duas irmãs já haviam se casado e a mãe falecido, sobrando apenas ele naquela enorme propriedade. Não que fosse averso a solitude, na verdade, a apreciava bastante, porém sabia que estava na hora de continuar a linhagem. Podia sentir o pai o observando e julgando de onde quer que ele estivesse.

Conforme o criado tirava suas malas e colocava na carruagem, ele olhava para a opulência da cidade, lembrando dos tempos em que ele e seu velho amigo Skyler pulavam de festa em festa, bar em bar, cama em cama. As vezes, até juntos na mesma. Ele havia curtido a vida, aproveitado dos prazeres e sentia que nada mais o podia surpreender. Não havia ideias românticas em sua cabeça. O casamento dos pais foi por pura conveniência e eles eram no máximo colegas. Os das irmãs, apesar dos respeitáveis cavalheiros, sabia que não havia nada mais que o dever entre eles.

Nas cartas trocadas com o amigo no último ano, vislumbraram a possibilidade do reencontro naquela temporada, visto que uma de suas irmãs faria o debute. Samuel não conhecia toda a família Somerset, afinal eram onze irmãos. Achava assustador e encantador a disposição do duque e da duquesa. Era um feito. O amigo também havia dito que inevitavelmente teria que se casar, ja que o pai estava cada vez mais ausente, apesar de não ter lhe contado o motivo.

Eram amigos de longa data, desde o início dos estudos quando eram apenas adolescentes. Contavam tudo um ao outro, por isso era estranho a lacuna de informação em algo tão importante, mas Sam estava certo que pessoalmente poderiam conversar melhor. Skyler havia estendido o convite para que se hospedasse na propriedade de sua família, no coração da cidade. Os Somerset chegariam com dois dias de diferença. Alegremente aceitou, sentia falta de um pouco de calor humano e o amigo o comunicou que levaria a irmã mais velha, as gêmeas que estariam na quarta temporada e a mais nova que faria o debute. Clyde e Harry também o acompanhariam e isso foi motivo de empolgação, já que conhecia-os a alguns anos.

Quando chegou na mansão, foi bem recebido pelos criados, apesar de ser sua primeira vez ali. Geralmente encontrava com o amigo fora da temporada, pois fugia das mães e suas debutantes. Havia visitado-o no campo apenas duas vezes, mas sentia que o amigo não ficava muito confortável com isso. Também não sabia o motivo, mas o respeitava o bastante para manter a distância sem questionar.

O mordomo o levou até o quarto de hóspedes, informando que o banho já estava pronto e esperando por ele. Com um sorriso em agradecimento, ele apenas pediu para que largassem as bagagens no chão que cuidaria delas mais tarde. Após algumas insistências, o mordomo cedeu e o deixou em paz, indo em direção ao vapor quente que clamava pelo seu nome. Despindo as roupas sujas da viagem, ele mergulhou o corpo alto e forte na água, gemendo em aprovação aos músculos que relaxavam.

Mais tarde naquele dia, havia comido um maravilhoso jantar na varanda de seu quarto, observando o movimentar das carruagens na rua em frente a propriedade. Realmente, era no meio de onde tudo acontecia, isso tinha suas vantagens. Seus pensamentos voltaram a parte de sua vida que estava tentando esquecer, aquele fantasmas que o assombravam aonde quer que ia. Imaginava como seria crescer numa família amorosa, como seria ter alguém que cuidasse dele ao invés de ter que cuidar de tudo o tempo todo. Porém, não se demorava muito nesses quereres, afinal era um visconde. Não poderia pedir por isso, não ousava nem falar isso em voz alta a qualquer um. Mas sentia, sentia o coração que nunca sentiu o afeto, o entendimento verdadeiro, o apoio.

Respirando fundo, Samuel se levantou e resolveu que iria sair. Precisava de diversão, distração... e sabia muito bem aonde arrumar. Deixando sorrateiramente a mansão, caminhou pelas ruas movimentadas até um discreto e famoso bordel que frequentava a anos. Sempre procurava a mesma cortesã, seus traços agradavam suas vontades. O cabelo e olhos castanhos o chamavam, os lábios vermelhos e os seios avantajados o satisfaziam. Porém, era só isso. A casca de algo que ele queria.

A Ruína do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora