But you should've seen him when he first got me
My boy only breaks his favorite toys
I'm queen of sand castles he destroysMy Boy Only Breaks His Favorite Toys - Taylor Swift
Com a mão no coração, Chloe engoliu em seco e encostou na porta que havia acabando de trancar, tentando acalmar a respiração ansiosa. Parecia que havia um elefante sentado em seu peito, por mais que tentasse puxar o ar para dentro. Ela sentou no chão e fechou os olhos, se forçando a esvaziar a cabeça.
Sempre imaginava que haviam jardins secretos em sua mente, e de fato, haviam. Um mundo paralelo onde só ele tinha a chave, que sempre entrava quando precisava. Onde se desligava totalmente do real. Nesse mundo, ela era amada apenas por existir. Não pelo o que podia oferecer. Nesse mundo, ela era uma esposa, com um marido fiel e bondoso, mas alguém maduro e com certa malícia de mundo, que pudesse a entender. Nesse mundo, ela era uma mãe, mas não para os irmãos, não tendo que desistir de sua juventude para isso. Ela era mãe por escolha. Por muito tempo achou que não desejaria ter filhos, que sua experiência havia assustado a vontade, mas não foi o caso. Ela só odiava a imposição, odiava tudo que perdeu, que teve que abrir mão.
Depois de alguns minutos, ela sentiu as emoções se acalmarem, mas a mágoa fria ainda permanecia. Não podia acreditar que o irmão era amigo a anos daquele homem mal caráter. Ele certamente não sabia o que havia sido feito a ela, não sabia que havia sido ele. E agora ele estava sobre o mesmo teto. Urgia o impulso de contar tudo e expulsa-lo dali, mas se forçou a pensar melhor, planejar direito. Não queria reviver a história, não sabia se o homem era vingativo. Poderia arruinar a temporada para as irmãs. Elas não precisavam carregar a cruz que era de Chloe.
Um visconde é um homem poderoso, com poucas palavras poderia acabar com o que restou do bom nome da família, o que havia recuperado dele. Nunca mais arriscou ter algo com ninguém para que nada assim acontecesse novamente. Também toda sua fé em homens havia morrido. Então ela se decidiu. Lidaria com os próprios problemas, engoliria o incômodo, não podia pagar para ver.
Respirando fundo, ela trocou o vestido por um mais elaborado e arrumou o cabelo num coque arrumado. Passando rouge nas bochechas e nos lábios, colocando colar e brinco de pérolas. Na cidade, ainda recebia olhares atravessados, então sempre almejava ser impecável. E pra isso, as irmãs precisariam de alguns vestidos.
***
Sam estava descendo a escada meio atônito quando ouviu vozes proximas. Se apressou nos degraus e encontrou o amigo conversando com o irmão.
- Quem é vivo sempre aparece.- Harry o saúda, com um grande sorriso no rosto, vindo abraçá-lo. Apesar da confusão de minutos atrás com um dos Somerset, o coração do homem se acende ao rever os amigos, tão queridos para ele.
- Meio vivo, metade de mim morreu naquela última noitada que fomos.- ele o faz gargalhar, sorrindo junto. Skyler aperta o amigo com força, dando tapinhas em suas costas.
- Ainda bem que tem a outra metade. Afinal, vai ser minha última rodada.- ele diz, colocando as mãos nos bolsos.
- Como assim, última?- questiona Harry, o que deixa Sam confuso. Ele não havia contado?
- Bom irmão, não queria fazer alarde ou tirar o foco das meninas, mas decidi que me casarei nessa temporada.- sua voz está tranquila e firme, porém ele sabia das ressalvas do homem.
- Mas que porra?- o mais novo xinga, arregalando os olhos como se tivesse visto uma aparição.
- Por favor, mantenha entre nós. E Clyde, claro. Se nossas irmãs soubere...- ele balança a cabeça, fazendo uma careta.
- Você vai se casar? Quando decidiu? Porque? Conheceu alguém?- as perguntas saem uma atrás da outra, o que faz Sam rir baixinho. Ele recebe uma expressão de exasperação de Skyler, o divertindo ainda mais.
- Harry, uma hora ou outra vou assumir o ducado.
- É, mas... não precisa ser agora.- o rapaz sempre havia sido intenso e ficava mais fora de casa que dentro, mas a notícia realmente o havia abalado.
- Você sabe que eu já o faço a anos.
- E precisou de uma esposa?
- Bom, não posso fazer herdeiros com a mão.- ele sobe um pouco o tom de voz, fazendo alguns criados olharem. Harry bufa, pressionando os olhos com os dedos. - Não é o fim do mundo.
- É, de certa forma.
- Ainda terá a mim e Clyde, prometo.- o convidado diz, colocando a mão no ombro dele.
- Você, não por muito tempo.- Skyler acrescenta, erguendo as sobrancelhas.
- Você também não! O que é isso? O mosquito do casamento picou vocês?- a frase tira uma risada dos dois amigos, fazendo o irmão Somerset revirar os olhos.
- Temos papéis a exercer que você nunca precisará, irmão. Chegou a hora para nós.- o mais velho diz, simplesmente
- Eu disse que começaria a procurar, muita calma.- Samuel acrescenta, levantando as palmas para cima.
- Não há partido melhor que nós, fique certo disso. Acharemos as melhores debutantes que pudermos.- anuindo com a cabeça, isso não parecia uma boa perspectiva. Esperava achar uma jovem interessante, bonita e segura de si. Alguém que pudesse dar conta do título, alguém que fizesse seu corpo esquentar. Seria possível?
Antes que pudesse responder, o mordomo voltou com algumas correspondências, informando convites e mais convites para bailes e eventos na sociedade. Inclusive um convite do próprio rei.
- Terei que responder a isso, até mais tarde.- o mais velho sai, caminhando seguramente até o escritório particular.
- Me diga ao menos que me deixará organizar sua despedida de solteiro.- Harry pede, visivelmente ainda muito insatisfeito.
- Não há ninguém melhor pra isso.- Sam sorri, cutucando o amigo com o cotovelo.
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A Ruína do Amor
RomansLivro 1 da série "Os Irmãos Somerset" Ao auge de seus 29 anos, Chloe era solteira com um noivado desfeito. Isso não seria problema nenhum, se não fosse 1831. O escândalo só não tinha acabado por completo com o bom nome Somerset porque seu pai era o...