secret gardens in my mind

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All you'll ever be is
My eternal consolation prize

I Hate It Here - Taylor Swift

- Insisto para ficar, quem vai cuidar deles com todos nós na cidade?- Chloe indaga, sentada no telhado de casa, ao lado de Skyler.

- Você sabe que existem criados nesse lugar, certo? Fora que Mary é a única que precisa de uma ama.- o rapaz traga o charuto, deixando a fumaça espessa sair pela boca.

- Emma não vai dar conta das duas... elas vão por fogo nisso aqui.- a mulher bebe da caneca, o amargor do álcool sendo aplacado pelo chá adocicado.

- Ótimo, não aguento mais olhar para as mesmas paredes. Podemos fazer uma reforma, enfim. - ironizando, ele abre um sorriso de lado, encarando a irmã, que revira os olhos.

- Falo sério, Skyler.

- Esse é seu problema, você leva tudo muito a sério. Elas vão ficar bem, e tenho certeza que Cornelia precisará mais de você. Ou quer deixar nossa irmã sozinha aos leões?- Chloe franze as sobrancelhas, não gostando nada daquilo.

- Este e Aurora já estão acostumadas, aliás terão vocês. - diz, porém sem convicção.

- Este só comparece aos bailes onde é arrastada. Aurora é... Aurora. Você sabe que não podemos deixar nossa irmã nas mãos dela. E Harry sempre desaparece no meio da noite. Precisamos de você. - ele segura a mão da irmã, apertando de leve. - Se te consola, Clyde voltará mais cedo. O ducado não pode ficar muito tempo sem administração.- Skyler pressiona os lábios, fechando os olhos por alguns segundos. Apesar de não ter herdado formalmente o título, ele já cuidava de todas as responsabilidades a alguns anos. E isso pesava.

- Não me lembro do momento que paramos de ser crianças, mas tenho a sensação como se tivesse sido assim desde sempre. - ela morde o lábio inferior, memórias embaçadas de sua infância onde houveram poucos momentos que realmente era alguém livre.

- De certa forma, foi. Lembro de você cuidando de mim mais que de qualquer outra coisa. - ele sorri carinhosamente para a irmã, porém com tristeza e raiva amargando o peito. Queria que ela tivesse muito mais, ela merecia mais. Sempre havia se doado tanto e não recebido muito em troca. Era mais um dos motivos que ansiava em arrumar uma esposa, sabia da vontade da irmã de viver sozinha, apesar de ela nunca admitir. Já tinha até visto uma propriedade, perto do ducado. Reservada, segura e bonita. Algo que Chloe amaria e não se sentiria culpada, afinal a distância até os irmãos era curta. - Venha comigo e tente aproveitar um pouco as belezas da cidade grande. Há uma biblioteca que irá amar, o acervo é fenomenal. Aliás, não pretendo apenas acompanhar nossas irmãs nessa temporada.

- Perdão?- Chloe vira rapidamente a cabeça, se esquecendo de tudo que o rapaz havia falado antes. Ele apenas dá de ombros, tragando longamente.

- Eu não posso ficar solteiro para sempre. E papai está cada vez mais ausente. Era inevitável.- sua voz tranquila apenas transparece a determinação fria. Não havia muito espaço para quereres.

- De fato, mas... você tem certeza disso? Nunca mostrou interesse no matrimônio antes. - Chloe não sabia o que pensar. Estava nervosa com a noticia, ansiosa, preocupada. Isso poderia mudar tudo, poderia ser maléfico para o irmão e para a família.

- Venho pensando nisso a uns meses e estou... conformado com a ideia. Logicamente, não casaria com alguém sem sua aprovação, minha irmã. - ele leva a mão dela e da um beijo carinho na palma, fazendo-a abrir um pequeno sorriso.

- Bom, acho que ficou claro onde preciso estar. - ela diz, simplesmente, bebendo o restante do líquido com apenas uma golada.

- E teremos companhia em Londres. Convidei um amigo para se hospedar conosco, ele também está atrás de uma esposa e achei que seria mais divertido estarmos juntos nesse barco.

- Você parece achar que o barco está afundando... mas, que amigo é esse? Você sabe que nossas irmãs são solteiras e não podem sofrer com nenhum escândalo, certo?- ela franze as sobrancelhas com frustração, encarando a risada dele.

- Ele é de confiança, você o viu apenas uma vez, mas éramos bem mais novos. Se lembra do Samuel?

- Não, não me lembro de nenhum Samuel, mas sendo seu amigo, já não tenho afeição por ele.- ela se empertiga, cruzando os braços.

- Assim me ofende, irmã.

- Porém não minto. Não desejo para nossas irmãs nenhum de seus companheiros.

- Muito menos eu, por isso são tão divertidos. - ele sorri, irreverente, a fazendo soltar uma risada.

- E quer colocar um debaixo do nosso teto?

- Sam é o melhor de todos. Bom... o menos pior. Mas ele sabe que arrisca o membro se tocar em qualquer uma de vocês.- ele não tinha escrúpulos em falar com a irmã, nunca houve espaço para isso.

- Comigo você não precisa se preocupar e sou uma ótima perturbação quando quero.- a mulher abre um sorriso astuto, a determinação férrea em proteger as irmãs de homens com intenções dúbias. Não deixaria acontecer com elas o que havia acontecido consigo.

- Eu sei bem. Sairemos cedo amanhã, então.- ela concordou com a cabeça e se levantou, caminhando com cuidado até a janela mais próxima.

- Você não vem?- perguntou ao irmão, segurando o parapeito e vendo a lua alta no céu. Já se passavam das onze.

- Não estou com sono. Vá descansar.

- Você nunca está.- ele apenas deu de ombros enquanto voltava a fumar, pegando o copo cheio de vinho que havia esquecido ao lado. A verdade é que se sentia uma fraude. Estava assustado como um garotinho por dentro e não saberia como proteger as irmãs ao mesmo tempo que arrumava uma candidata certa para ser a futura duquesa. Precisava do julgamento da irmã, não queria errar. Não poderia errar.

A Ruína do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora