Refrigerante

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Sempre te olhei de baixo.
Não de um modo autodepreciativo, mas submisso.
Sempre me fizeste ver o mundo como algo sombrio,
não de uma forma perigosa, mas escura.

Tive que aprender sozinha a caminhar, falar, crescer,
ser o que sou e lidar com o que me tornaria.
Você me mostrou que, não importando o que eu fizesse,
sempre seria uma pedra em seu sapato.

Aceitei suas fúrias e calúnias,
mas me parece que nada resolveria nosso conflito energético.
Nossa família estava certa: juntas somos como um incêndio.
Aceitei que nunca seríamos um exemplo de relação familiar.
Você nunca quis ter uma relação familiar.

Acho que finalmente cansei de viver assim.
Meus olhos doem ao te encarar,
minha boca seca,
meus cabelos caem,
meu corpo enfraquece.
Meu ser repudia a si mesmo e o seu toque.

Espero um dia beber todo o refrigerante do mundo,
morrendo de uma overdose de amor encubado.

Espero um dia beber todo o refrigerante do mundo,morrendo de uma overdose de amor encubado

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Mère et son bébé - Eugène Carrière

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