Guerreiros

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Os céus cinzentos pairam sobre as ruas como uma névoa de tristeza. A pílula amarga da vida é difícil de engolir. Marchamos em nosso desfile melancólico, em busca de um futuro palpável, provavelmente nunca alcançado.

Toda vez que olho o espelho que reflete o passado enquanto sigo para o futuro, entendo que crescer é, sem dúvidas, desgastante, beirando ao desesperador.
Procuro o modo infantil de ver o mundo, quando sonhava em ser uma guerreira de um reino distante, com poderes mágicos e problemas resolvidos com amor e amizade. Agora, tudo é tão fugaz. Vejo o reino despedaçado pela nuvem de ópio, a guerreira enfrentando batalhas que jamais serão ganhas, e os problemas escancarando suas imperfeições mais profundas, onde nenhum amor ou amizade reconstruiria o que foi destruído.

A criança que ansiava crescer agora chora ao se lembrar dos pais a colocando para dormir. Ainda os vê à sua volta, mas agora ela não é mais a garotinha deles, aquela que podia receber afetos, aquela que podia sonhar com a guerreira e o mundo fantástico. Não, agora ela precisa enfrentar a amargura da vida e esquecer que é sua primeira vez vivendo em um mundo real.

Muitas vezes a garotinha em forma de mulher, se vê sentada durante um dia corrido, vendo cada vez mais essa inocência escorrer entre os dedos. De forma fúnebre, ela se observa indo mais uma vez para a boca do monstro que a guerreira combatia: A incerteza de um futuro decadente, improvável e pouco amável.


Ivan the Terrible and His Son Ivan - lya Repin

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