EM SEU OLHAR

Maria Cristina - Capítulo 8

Vejo ele passar ao meu lado, assim que ouço as portas fecharem e o vento cessar, eu me sento na cama, olhando ao redor, não vejo nada, nenhuma coisa suspeita.

- Por onde ele ouviu então!?

Começo a me questionar de como ele sabia sobre isso, por qual motivo estaria aqui, como ele sabe com quais pessoas me reuni hoje. Ele deve saber mais sobre o que faço do que eu mesma. Mas o pior, eu deixei ele me tocar e queria mais, na verdade eu quero mais. Não posso deixar isso acontecer, eu não o conheço, mas a forma que ele me domina com o olhar eu me perco. Eu deveria não querer ver ele novamente, mas eu quero, não somente ver ele, quero brincar do mesmo jogo.

- Se eu usar ele para isso - começo a pensar, nesse momento nenhuma palavra mais irei dizer nesse quarto, ele deve ter coisas aqui, pego o caderno e começo a colocar tópicos, em minha própria mente começo um diálogo comigo - Ele sabe por onde ando, ele veio de outro estado atrás de mim, ele sabe com quem me encontrei, nesse quarto tem algo, câmeras, áudio, alguma coisa, no pior dos casos ele estava aqui dentro naquela noite, mas eu teria acordado...... Será que ele estava aqui!?

Me levanto, vou no guarda-roupa e pegou uma calça jeans, uma regata branca, tênis e um blusão. Deixo tudo em cima da cama. Depois do que ele fez comigo preciso de um banho demorado. Lavo meus cabelos, esfolio meu corpo todo, após sair só banho escovo meus dentes, passo creme e me visto.

- Preciso criar coragem e ir lá, chamar ele pra ir jantar, se eu vir que esse perturbado não aparecer por perto quando estiver com ele, quer dizer que ele não tem tanto assim para me causar medo.

Me levanto vou até a porta e vejo a luz acessa, começo a andar de um lado para o outro com medo de bater na porta, mas lembro que preciso somente de 3 segundos de coragem, respiro fundo e bato na porta.

Vejo aquele guarda-roupa gigante abrindo a porta, recém-saído do banho, seu cheiro está tão bom, cumprimento ele, falo com Stefano. Vejo um blusão semelhante a aquele perturbado no quarto deles, mas Stefano fala que corre de madrugada, São Paulo faz frio nesse horário. Após um tempo escuto o elevador parar, meu irmão saí dele, olho em suas mãos. Fico feliz internamente, principalmente por não ver nenhum lanche para mim.

Vai dar certo, agora só preciso de coragem para aceitar o pedido que Stefano fez para nós dois ir juntos. Quando penso em falar algo, Enrico já pede para meu irmão, aparentemente hoje é meu dia de sorte. Sei que é errado usar alguém, ainda mais contra aquele perturbado, mas preciso saber até onde ele é capaz de ir, acredito que se o Enrico não ultrapassar nenhuma linha, ele não vai fazer mal algum, mas caso ele não apareça em nenhum momento, quer dizer que posso usar isso a meu favor. Começo a sentir um medo. Decido ignorar. Vou para o quarto para terminar de me arrumar, mas eu já estou pronta, pego somente minha carteira, meu celular e meus fones de ouvidos e retorno para o quarto de Enrico e Stefano. Bato novamente na porta.

- Já estou indo Maria, só pegar minha carteira

- Ok, estou esperando

Ele vem em minha direção, quanto mais perto ele está mais vejo o quão grande ele é, mas seus olhos, eles são tão amáveis, sua voz é tão calma e sua expressão tão serena

- Seu irmão já te mandou a localização de lá!? - Pergunta Enrico

- Já sim, já até abri aqui a localização para podermos ir. Está a 15 minutos daqui, realmente é próximo

- Melhor, já estou com bastante fome, então quer dizer que hoje irei comer o famoso X-tudo!? - Diz Enrico enquanto estamos caminhando até o elevador para irmos até o subsolo na garagem

- Olha, se eu vir que realmente é o X-tudo eu te falo. Lá em Goiás o X-tudo, é o x-tudo - Digo isso mostrando um tamanho grande de sanduíche em minhas mãos - Ele vem tudo, pão, hambúrguer, sempre peço de boi e de frango, daí vem salsicha, presunto, muçarela, bacon, abacaxi, purê de batata, catupiry, milho, alface, tomate, batata palha. É uma delícia - Digo completamente animada sobre isso