Eu vejo cicatrizes sobre a sua pele
Me amar parece estar te matando
Talvez eu seja mesmo o que dizem
Transformei o sagrado em profano
Como Bate-Seba e o rei Davi
No olhar começa qualquer pecado
Veja só a bagunça que nós fizemos
Mas não foram eles perdoados?
Não creio que o julgo esteja certo
E a fé me servirá de justificação
Já ouviu a história do rei inglês?
Henrique VIII será minha inspiração
Porque vou romper com essa igreja
E depois começar uma nova do zero
Escrever 95 teses contra ela
Assim como fez Martinho Lutero
Não ligo pra riqueza como calvinistas
No centro de tudo, só você e eu
Compondo o nosso cântico dos cânticos
Sobre o achado que um dia se escondeu
Meu amor, se pudesse me ouvir
Acenderia a fogueira você mesmo
Me perdoe se blasfemo assim
O que fala mais alto é sempre o desejo
O desejo de "nós" sem sentir
Que estou desperdiçando a sua honra
Coloque suas mãos em mim
Diga que não preciso ter vergonha
Mas está tão frio agora
E não estou me referindo ao tempo
Minha cama parece um túmulo
Os meus dias cravados no cimento
Eu disse "sim" algumas vezes
Enquanto você renunciava a tudo
Onde é que vamos parar com isso?
Quão raso será o nosso futuro?
Pelo que há no céu, meu amor
Me salve do véu, daquele altar
Do amargo castigo eterno
De amantes que nunca vou amar
Porque eu nunca vou amar
Não assim, não de novo
Você é o começo e o fim
O único santo a quem recorro
Se hoje fosse o fim do mundo
Para quem você correria?
Tente responder a pergunta
E resolva o dilema da sua vida
É quando ouço batidas na porta
O apocalipse parece ter chegado
Isso é como um daqueles sonhos
Que a gente lamenta ter acordado
Você sela meus lábios como se fôssemos morrer
Mais uma de nossas duras verdades
Mas contanto que esse seja o motivo
Não temerei as pedras de Herodes
Como Lázaro, me chame pra fora
Deixe o povo se escandalizar
Amar é o primeiro mandamento
A História há de nos inocentar