Prólogo

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Agatha

Sabe aquela sensação de que tudo está indo perfeitamente bem, você está nas nuvens e nada pode estragar seu bom humor, mas de repente seu mundo vira de cabeça para baixo, tudo fica péssimo e você sente que vai estragar tudo não importa o quanto se esforce para consertar a situação desastrosa em que se colocou, mesmo que por acidente?

Pois eu me encontrava exatamente nesse cenário naquele exato momento, correndo de um lado para o outro do shopping SP Marketing com Lucas ao meu encalço falando sem parar na minha orelha enquanto procuro o presente perfeito para a minha namorada.

Faz quatro meses desde que Marina havia me pedido em namoro depois que passamos dois meses conversando, várias conversas extremamente constrangedoras e tomando coragem para nos declararmos uma para a outra.

O pedido havia sido lindo, a coisa mais romântica  e maravilhosa que alguém já havia feito para mim em toda a minha vida. Com direito a mensagem de texto misteriosa pedindo para olhar para a janela, conspiração com a minha vizinha e assim que olho pela janela do meu apartamento, vejo Marina segurando uma rádio para alto tal qual a cena em "Digam o que quiserem" (que ela sabe ser um dos meus filmes de romance favoritos) com pétalas de rosas brancas (minha flor preferida) ao seu redor e velas formando a frase "Quer namorar comigo?".

Simplesmente o melhor pedido de namoro de todos.

Me lembro de ficar tão emocionada que caí umas três vezes enquanto tentava me arrumar para parecer uma pessoa decente o mais rápido possível, já que eu estava usando apenas um short de dormir e um camisetão velho como pijama. Depois de pegar a primeira combinação de roupas que vi no guarda-roupa, tropeçar em direção a porta e ao elevador logo em seguida, além de apertar o botão do elevador desesperadamente na esperança de que isso fizesse com que ele viesse mais rápido e praticamente me lançar para dentro quando as portas prateadas finalmente se abriram, enfim eu estava no terraço.

Corri para fora do prédio do jeito mais desajeitado e estranho que uma pessoa consegue correr e pulei nos braços de Marina, quase caímos no chão enquanto dávamos risada da situação, para nossa sorte ela não estava mais segurando o rádio e conseguiu se equilibrar ao mesmo tempo que me segurava.

– Aceito! – exclamei, praticamente gritando de tanta alegria – é claro que aceito!

– Que bom – ela disse, o alívio transparecendo em sua voz, e enfiou o rosto na curvatura do meu pescoço logo depois – demorou tanto pra descer que achei que não tivesse gostado – ela sussurrou no meu ouvido, uma risada fraca escapando por entre seus lábios logo em seguida.

– Me desculpa, é que eu meio que caí algumas vezes enquanto me arrumava – murmurei de volta, causando ainda mais risadas entre nós.

Nos afastamos o suficiente até que nossas testas se encostassem e nossos olhos estivessem fixos um no outro. Toda aquela situação parecia uma cena tirada diretamente de um filme de comédia romance super clichê e eu estava adorando muito aquilo.

Ficamos só alguns minutos nos encarando e sorrindo uma para outra, poderíamos ter passado horas daquele jeito, mas o frio já estava começando a fazer efeito sobre nós e nenhuma das duas vestia qualquer tipo de blusa de frio.

– Quer ajuda pra arrumar tudo isso e subir pra assistirmos Digam o que quiserem? – perguntei, não conseguindo parar de sorrir nem por um segundo.

– Claro – concordou, indo em direção às velas – mas antes a gente pode passar na Clara?

– Sim, mas por que você quer ir lá? – questionei, franzindo as sobrancelhas em curiosidade.

– Nada demais – ela respondeu, dando de ombros – só quero saber se ela conseguiu gravar.

– Pediu para ela gravar?! – indaguei, completamente surpresa. Eu, com certeza, não estava esperando por aquilo.

– Quem você acha que me ajudou a fazer tudo isso? – rebateu com outra pergunta, um sorriso brincalhão e maroto surgindo em seus lábios.

Juntamos todas as velas, pegamos o rádio e caminhamos para dentro do prédio. Durante todo o percurso até meu apartamento Marina me contou sobre como ela e a minha vizinha planejaram aquele pedido de namoro fantástico para mim.

Definitivamente aquela foi a melhor surpresa que já fizeram pra mim em toda minha vida... e agora eu precisava retribuir com um presente incrível de Dia dos Namorados, porque ela merecia isso por ser a melhor namorada de todas.

Só tinha um pequeno detalhe... eu esqueci que hoje era Dia dos Namorados!

Como eu fui capaz dessa proeza, mesmo que fosse só colocar um lembrete no celular? Nem eu sei, mas acabei me esquecendo disso e de, consequentemente, comprar um presente para ela. Então, agora estou aqui, correndo de um lado para o outro do shopping, indo de loja em loja em busca do presente perfeito pra namorada perfeita enquanto meu melhor amigo reclama sem parar por eu tê-lo arrastado para isso.

Meu desespero aumenta toda vez que vasculhamos uma loja inteira de cima abaixo e mesmo assim não conseguimos encontrar alguma coisa, qualquer coisa, que pareça ser bom o suficiente, meu maior medo é não achar nada até a meia noite e passar o meu primeiro Dia dos Namorados como parte de um casal em branco porque...

De algum jeito eu consegui esquecer a porra do Dia dos Namorados!

Presente de dia dos namorados atrasadoOnde histórias criam vida. Descubra agora