Presente de dia dos namorados atrasado

Epílogo

Agatha

– Você é incrível, meu amor – falei para Marina enquanto acariciava seus macios cabelos loiros, rompendo o silêncio confortável em que távamos mergulhadas.

Nós duas estamos deitadas na minha cama, com a cabeça dela apoiada no meu peito e seu braço esquerdo repousava sobre a minha cintura, há algumas horas, eu nem sequer fazia ideia de quantas, aproveitando cada segundo que tínhamos juntas antes de termos que voltar pra maldita e infeliz realidade.

Só de lembrar que a sala de estar do meu apartamento tava completamente decorada com diversos balões colados no teto, milhares pétalas de rosas vermelhas espalhadas pelo chão e um monte de faixas de corações pendurados nas paredes, além das sobras do jantar delicioso que a Marina preparou na minha geladeira, um sorriso apaixonado e, ao mesmo tempo, emocionado tomava conta dos meus lábios.

Eu, com toda certeza desse mundo, amo a minha mulher.

– Obrigada, vida – a loira agradeceu, sorrindo sem mostrar os dentes pra mim, parecendo estar meio envergonhada e me fazendo a achar adorável – você também é incrível – disse, se referindo ao buquê de livros, o ursinho de pelúcia branco e o colar com pingente de nota musical que eu havia comprado de presente pra ela.

Claro que cada um deles foi bem pensado pra ser perfeito pra ela. A Mari ama livros, principalmente os de romance e os de fantasia, e já me mandou mais de uma vídeos do TikTok de garotas ganhando buquês de livros dos namorados de aniversário ou simplesmente porque querem presenteá-las. Ela adora qualquer tipo de animal de pelúcia e tinha uma coleção relativamente grande em seu quarto, um dos que faltavam era um ursinho albino. O colar com pingente de nota musical era porque uma das coisas favoritas da loira era cantar ao mesmo tempo que fazia qualquer tipo de atividade, como fazer o almoço ou tomar banho.

Obviamente que, depois do meu surto de desespero e do meu melhor amigo me ajudar a ver as coisas de forma mais clara, os três presentes foram escolhidos a dedo e com um carinho e um cuidado extremamente grandes, mas, mesmo assim, não chegava aos pés do que o jantar e a decoração linda que minha namorada havia feito pra que nós podermos passar o Dia dos Namorados juntas pela primeira vez.

– Amor, você sabe que não precisa me agradar, não é? – perguntei, franzindo as sobrancelhas e erguendo apenas o canto direito da boca.

– Claro que sei disso! – ela exclamou, fixando seus olhos em mim – não entendi essa pergunta.

– É que você fez uma surpresa tão surreal de incrível pra mim pra podermos passar uma noite romântica juntas e eu só comprei alguns livros, um ursinho e um colar – desprezei meu próprio esforço, mesmo sabendo que quase enlouqueci por achar que não conseguiria alguma coisa, nem uma lembrancinha sequer, que fosse digna da minha mulher.

– Não diga isso, meu anjo – ela pediu, se desencostando de mim por alguns segundos apenas pra poder passar sua perna esquerda por cima da minha cintura, pra se sentar no meu colo logo em seguida – eu amei demais todos os presentes que você comprou e me deu, eles são maravilhosos, amor da minha vida – garantiu, segurando meu rosto e aproximando o seu do meu até que nossas testas encostassem uma na outra, com nossos narizes e nossas bocas há alguns centímetros de distância.

Coloquei minhas mãos em seus quadris, acariciando levemente o local com meus dedões. Eu ainda não tava convencida de que meus presentes foram inferiores à sua surpresa e jantar românticos, mas simplesmente não conseguia parar de sorrir praquela deusa em forma de mulher que eu chamo de minha namorada.

– Pode continuar dizendo isso, mas, mesmo assim, ainda vou pensar que preciso fazer mais grandes gestos românticos baseados em filmes bregas e clichês de romance – disse da forma mais teimosa possível, que só eu conseguia fazer – igual você fez pra me pedir em namoro, pra se declarar e os bilhetinhos que você me dava no começo do namoro – a lembrei, não conseguindo conter a onda de emoção que me abateu.