Presente de dia dos namorados atrasado

Capítulo 8

Marina

Eu estava andando de uma lado pro outro pelo apartamento já havia algum tempo e sentia que a qualquer momento ia enlouquecer completamente conforme os minutos passavam.

Agatha ainda não tinha chegado e isso tava me consumindo, minha ansiedade dominava cada canto de meu corpo e meu nervosismo já se encontrava lá nas alturas, além de inúmeras perguntas que rondavam minha cabeça naquele momento.

O gosto de sangue invadia a minha boca de tanto que eu mastigava meu lábio inferior, continuei pressionando as juntas dos dedos repetidas vezes, mesmo que eu já tenha estalado todos os meus dedos há cerca de uma hora atrás.

– Já era pra ela ter chegado – falei comigo mesma em voz alta, andando em círculos em volta do sofá pela milionésima vez – ela já devia ter voltado! – exclamei, tentando evitar colocar as mãos perto da boca ou cobri-la por acidente pra não acabar borrando o gloss que passei... e que tive que retocar umas cinco ou seis vezes desde que cheguei.

Sem conseguir me conter, peguei meu celular pra checar que horas eram.

Onze e quarenta e cinco da noite...

Eram onze e quarenta e cinco da noite!

Faltavam apenas quinze minutos pra meia noite e a minha namorada ainda não havia chegado em casa pra ver a surpresa que fiz pra ela!

A vontade de ligar pra Thata e fazer um zilhão de perguntas sobre onde é que ela tava e até mesmo fazer uma ligação de vídeo era gigantesca, mas me obriguei a largar o aparelho eletrônico, respirar fundo e me acalmar até que o meu coração parasse de bater violentamente contra a minha caixa toráxica e minha respiração desacelerasse e voltasse ao normal.

Afinal, aquele era só o meu pânico falando por mim, definitivamente eu não tava desconfiando da minha namorada e nem sequer cogitando que ela esteja me traindo enquanto eu tava bem aqui esperando ela chegar com uma surpresa elaborada e um jantar com vinho preparados.

Me sentei no sofá, recostando-me no mesmo logo em seguida, depois fechei os olhos e direcionei meu rosto pro teto, como se eu estivesse meditando, em uma tentativa falha de relaxar o máximo possível. Claro que não adiantou porcaria nenhuma, mas pelo menos eu tentei e isso é o que mais importa.

Em mais uma tentativa de me distrair, me forcei a lembrar de momentos extremamente fofos e românticos que aconteceram entre eu e a acastanhada.

Na mesma hora, me veio a lembrança de quando ainda távamos bem no comecinho do namoro e passei o nosso primeiro mês juntas inteirinho deixando bilhetinhos fofos pra ela como os papeizinhos que o Peter Kavinsky dava pra Lara Jean no primeiro filme da trilogia de "Para todos os garotos que já amei". Também teve a vez em que tentei recriar a declaração de amor que a Julia Roberts fez pro Hugh Grant em "Um lugar chamado Notting Hill" quando tentei confessar os meus sentimentos pra ela, mas não sabia bem como me expressar.

O nosso namoro é regado de momentos que são referentes a filmes de romance por compartilharmos o amor por filmes desse gênero, passamos incontáveis madrugadas maratonando comédias românticas enquanto ficávamos encolhidas embaixo do cobertor, nos abraçando e dividindo refrigerantes, chocolates e pipoca com manteiga.

Um sorriso apaixonado surgiu em meus lábios conforme a tensão abandonava meu corpo. Sim, eu ainda tava bem chateada por não conseguir realizar meu plano pro Dia dos Namorados e super curiosa pra saber onde é que Thata tava pra ainda não ter chegado em casa, mas não tava mais completamente surtada por causa disso.

Talvez eu estivesse exagerando um pouquinho por chegar ao nível de surto de considerar uma traição, como se eu não conhecesse a namorada que tenho. Além disso, me lembrei que Clara havia me dito que Agatha saiu com o Lucas antes de eu vir pra cá, então faz muito sentido que ela ainda não tenha chegado em casa e provavelmente nem vai chegar, as chances da acastanhada dormir na casa de seu melhor amigo são grandes.