Capítulo 7

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Agatha

Quase uma hora e meia escolhendo livros que achávamos que Marina iria gostar pra fazermos um buquê de livros, mais meia hora escolhendo um colar de correntinha dourado, o que resultou em um pingente de nota musical, e mais uma hora escolhendo um bichinho de pelúcia, que acabou sendo um ursinho branco segurando um coração cor de rosa.

Compramos tudo que era preciso pra fazermos um buquê de livros em uma papelaria, levamos todas as compras pro carro do Lucas, colocamos as sacolas com o calor e o ursinho de pelúcia no porta-malas, nós nos apertamos com os cinco livros que tínhamos escolhido e os itens de papelaria nos bancos de trás, colocamos um tutorial do YouTube no meu celular e ficamos assistindo enquanto montávamos nosso próprio buquê de livros.

Levamos cerca de uns quarenta minutos pra conseguirmos finalizar aquele maldito buquê, me senti uma criança do pré que ainda tá aprendendo a usar tesoura e cola bastão, mas pelo menos os livros ficaram lindos embrulhados no papel celofane cor de rosa que tava envolvido pela fita vermelha amarrando tudo com um laço.

Ainda bem que tínhamos estacionado no mercado Assaí do outro lado da rua ao invés de no estacionamento do shopping, ou acabaríamos tendo que pagar uma fortuna pelas horas extras correndo de loja em loja pelo SP procurando pelos presentes pra Mari. Ficamos mais tempo nessa tarefa, e na de fazer o buquê de livros, do que tavamos esperando.

– Finalmente terminamos! – meu melhor amigo exclamou, seu tom de voz em um misto de alegria e cansaço, cerrando os punhos e os erguendo até a altura da cabeça em vitória, tomando cuidado para não acabar batendo as mãos no teto do carro, e olhando pra cima.

– Graças a Deus – murmurei, jogando a cabeça para trás e fechando os meus olhos – eu não aguentava mais ouvir aquele cara falando sobre como é super fácil de fazer um buquê desses, sendo que tivemos que voltar esse maldito vídeo pro início mais de um milhão de vezes pra conseguirmos fazer tudo certinho – reclamei, me ajeitando no banco e sentindo minhas costas doerem por passar muito tempo curvada.

– Se você não fosse me matar por causa disse, eu já teria jogado esse celular pela janela há horas atrás – comentou enquanto se espreguiçava o máximo que conseguia naquele espaço apertado, deixando um bocejo escapar por entre seus lábios.

– Pode ter certeza que eu te enforcaria se quebrasse o meu celular – garanti pra ele, lançando um olhar e um sorriso falsamente inocentes e levemente psicóticos pro Lucas.

– Eu sei – o acastanhado respondeu, arqueando ambas as sobrancelhas e franzindo os lábios ao mesmo tempo que virava o rosto pro outro lado.

Deixando pra lá todas as possíveis ameaças de morte e de arremessar os celulares uns dos outros pela janela do carro, nos organizamos pra podermos ir até a casa da Marina pra mim poder entregar os presentes que compramos de última hora.

Lucas iria dirigir, obviamente já que ele era o dono do carro e o único entre nós dois que sabe dirigir (sim, sou uma mulher adulta de vinte e quatro anos e ainda não sei dirigir), enquanto eu ficaria no banco de trás equilibrando o buquê de livros, o ursinho de pelúcia e o colar com pingente de nota musical em meus braços. Quando chegássemos ao apartamento da minha namorada, o meu melhor amigo abriria a porta pra mim e ficaria esperando no carro por alguns minutos enquanto eu subia até lá.

Não levou muito tempo pra que chegássemos no prédio da loira, talvez tenha sido cerca de uns quinze ou vinte minutos, já que não havia muito trânsito e Lucas tava dirigindo em alta velocidade, mas pra mim parecia que não tinha se passado nem cinco minutos. Provavelmente, foi porque meu olhar se fixou em algum ponto do banco de passageiro da frente e a minha mente simplesmente ficou em branco, apagou de repente, desligou totalmente.

Presente de dia dos namorados atrasadoOnde histórias criam vida. Descubra agora