Capítulo 6

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Marina

– Tô me sentindo uma florista de casamento de seis anos de idade – Sabrina disse enquanto espalhava as pétalas de rosa, que eu lhe dei antes de começarmos a arrumação, pelo apartamento de Agatha.

Eu tava organizando as comidas preferidas da minha namorada, que eu havia preparado ontem lá em casa, na mesinha de centro, já que a Thata não tinha espaço no apê para uma mesa de jantar e acabávamos fazendo todas as nossas refeições no sofá enquanto assistiamos a alguma série de comédia.

Clara pendurava alguns balões, que enchemos há alguns minutos atrás, e alguns corações de papel vermelho e rosa, que eu mesma estava fazendo já tinha uma ou duas semanas. Às vezes ela se atrapalhava com a fita adesiva e nós riamos dela enquanto a morena nos lançava um olhar ameaçador ao mesmo tempo que um biquinho emburrado adornava seus lábios.

Depois de terminarmos toda aquela arrumação da minha surpresa para a Agatha ainda tínhamos que acender algumas velas para dar um clima mais romântico.

– Pior que você tá parecendo a Lily, de Modern Family, naquele episódio em que ela é florista daquele casamento super brega – Clara concordou, tentando se equilibrar na escadinha prateada de dois andares por estar na pontas dos pés para conseguir pregar os balões vermelhos e brancos, que tinham fita adesiva grudada no topo deles, no teto – só tá faltando o vestido azul com os pisca-piscas pra completar o visual – completou, olhando para minha irmã por sobre o ombro antes de descer da escadinha.

– Verdade – me manifestei, encarando fixamente a mesinha de centro enquanto franzia as sobrancelhas e mordiscava meu lábio inferior – assim tá bom ou vocês acham que eu deveria mudar a posição dos pratos, talheres... enfim, a posição de tudo? – perguntei, sem levantar o olhar na direção delas e arqueando uma de minhas sobrancelhas em questionamento.

Um vasinho branco de porcelana, com apenas uma rosa dentro, estava no centro da mesinha de centro de madeira, os pratos estavam nas extremidades na horizontal e de frente um para o outro enquanto os talheres estavam dispostos de cada lado dos pratos (garfos à direita e as facas à esquerda) e as taças na frente dos pratos, para que não corresse o risco de uma de nós acabar derrubando sua taça e sujar todo o chão de vinho. A garrafa de vinho ainda estava na geladeira, e apenas sairia de lá quando a Thata chegasse, junto com a comida, que seria esquentada assim que nós terminássemos a decoração.

Tudo parecia estar perfeito, mas, mesmo assim, alguma coisa no modo como ajeitei os pratos, talheres e taças (até mesmo o vasinho no centro da mesinha) parecia que estava extremamente errada e me incomodava profundamente.

– Não sei do que é que cê tá falando – Clara falou, carregando a escadinha pro outro lado do apartamento pra colar outro balão, dessa vez branco, no teto – tá perfeito.

– Certeza? – indaguei, finalmente deixando de encarar a mesinha de centro e direcionando meu olhar pra minha melhor amiga e minha gêmea, mordendo meu lábio inferior com mais força, o gosto de sangue invadindo minha boca logo em seguida.

– Absoluta – dessa vez a resposta veio de Brina, que já havia terminado sua tarefa de espalhar as rosas e agora colava os fios de corações vermelhos e rosas nas paredes.

– Ai, não sei não – murmurei de forma audível, mexendo nervosamente no cabelo.

– Relaxa, maninha – Sabrina disse, caminhando em minha direção e me alcançando com alguns poucos passos, pelo apartamento da acastanhada não ser muito grande – é só o seu perfeccionismo falando, tá tudo ótimo e, com certeza, de que a Agatha vai amar tudo isso que você planejou – ela me garantiu, pegando minha mão e me arrastando pra onde tava o amontoado de fios de corações – vem cá e me ajuda com isso pra poder distrair essa sua cabecinha louca que adora procurar defeitos aonde não tem.

Presente de dia dos namorados atrasadoOnde histórias criam vida. Descubra agora