Eu sou polícial, verme, porco, tira ou até mesmo rato. Eu não sou um policial convencional, eu sou do BOPE, da tropa de elite da polícia militar, na teoria a gente faz parte da polícia militar, na prática, o BOPE é outra polícia. Nosso símbolo mostr...
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O clima durante a viagem era horrível, Petra de forma alguma queria conversar sobre o acontecido e Nascimento não seria incoveniente ao ponto de perpetuar aquele assunto, mesmo que o Policial não tivesse visto de forma clara a cena corrido naquela sala mas o desespero da garota e o velho com o cinto da calça frouxo já denunciavam a tragedia.
Não era a primeira vez e nem seria a última que Nascimento presenciava momentos como esse, por fora ele não se expressava mas por dentro o ódio era como uma ferrugem em uma lata antiga, o tomava de tempos em tempos. Ele não era hipócrita ao ponto de dizer que nunca havia machucado pessoas inocentes, ele já perdeu as contas de quantos morreram em suas mãos a troco de nada, se orgulhava da quantidade de corpos que caíam do morro, tinha satisfação ao ver um vagabundo sumir de casa e aparecer no IML. Quando seu filho nasceu as coisas mudaram, diversas vezes se questionou o motivo de ter atirado aquelas balas, o porque havia apagado aquelas vidas, mas de uma coisa ele sabia, ele era treinado para aquilo, ceifar pessoas era seu dever, a polícia nunca foi um agente pacificador e sim destruidor.
Ali, na reflexão solitária ele percebeu que não era tão diferente assim de Dudu, ambos faziam questão de destruir famílias, apagar vidas apenas pelo fato de se sentirem no direito e no poder de violar o outro, ambos sentiam prazer em acabar com a integridade das pessoas com sua próprias armas, Eduardo usava seu pau, e Nascimento usava seu Fuzil.
Porra, aquele era o fundo do poço.
Pelo canto dos olhos ele observou a garota com os pés no banco do carro, as penas junto dos peitos e a cabeça apoiada nos joelhos, nem se quer cinto ela usava e ele não cobraria isso num momento tão delicado, mesmo sendo policial. Parado no sinal fechado ele teve tempo de virar o corpo e esticar o braço até os bancos traseiros, pegou um moletom que havia esquecido ali em um dia frio e ofereceu a garota que silenciosamente aceitou e o vestiu fechando o zíper.
