Chapter 19| Serena

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K-Kathe...
M-me ajuda, p-por f-favor...
Eu pre-ciso de v-você....
O v-vídeo...
V-vão pub-publicar o vídeo...

Eu sempre soube que o homem, enquanto ser humano, era podre em sua essência, isso desde as filosofias de Rosseau quando ele afirmava que "O homem é o lobo do homem", mas só se entende o verdadeiro significado dessa frase a vivendo.

Subo as escadas pulando de dois em dois degraus, ignorando qualquer protesto e confusão dos meus pais sobre meu paradeiro, naquele momento eu só precisava encontrar Serena.

A noite já havia caído a muito tempo, agora mergulhamos no arrebol da madrugada, em um clima gélido de ventos frios e cortantes. A rua residencial e afastada do centro estava vazia e mal iluminada, nos ajudando a nos misturar com as sombras projetadas pelas densas copas de árvores.

Bati na porta de seu quarto ansiosa, repetidas e repetidas vezes, parando apenas quando fui atendida, mas a imagem que vi apertou um nó em minha garganta; minha irmã estava ali, com os cabelos ruivos e cacheados desgrenhados, olhos vermelhos que demonstravam a profunda dor que a consumia, o choro estava claramente preso em seu peito.

A cerca da casa do desgraçado era ridiculamente baixa, antes de fazer qualquer coisa conferimos as informações que adquirimos: ele não tinha animais e os que estavam na casa com ele eram seus amigos babacas que o ajudaram a propagar esse crime. Com cuidado para não emitir barulho algum eu e Zaya jogamos uma quantidade considerável de combustível pelo solo e pelas paredes externas, circulando a casa inteira como uma gaiola.

Meu único ato foi abraça-la, envolver seu corpo em um carinho apertado enquanto ela se desfazia de chorar, oferecer o conforto e confiança de uma família. Lhe encorajei através de palavras e a fiz confiar em mim através de gestos. Foram cerca de 30 minutos assim, completamente agarrada com ela até que se acalmasse e conseguisse me falar o que aconteceu.

— E-le gravou... Um v-video... — ela tremia a cada palavra, precisando respirar fundo para não chorar — Um vídeo íntimo... — proferiu em um fio de voz, quase inaudível.

De imediato a raiva me consumiu, não sabia quem o havia feito ou porquê, mas eu definitivamente queria acabar com esse indivíduo.

— Foram diversas mensagens...— ela continuou — Ele parecia uma pessoa boa... S-sem más intenções... — pausa — E eu acreditei... Como uma boba apaixonada, me... Me... Entreguei a ele, c-completamente... — seus olhos transbordaram de novo — E ele gravou... — sua voz sai por um fio — Ele g-gravou e tá me ameaçando... O-os amigos dele j-já viram!

— Já espalhou tudo? — Zaya me questionou baixo, na parte da frente do terreno.

— Já — respondo simplista, erguendo o galão vazio.

— Filho da puta miserável... — meu irmão afirma com ódio — Espero que morra queimado, agonizando.

— Trouxe o isqueiro? — ergo meu olhar pra ele.

Ouço o tilintar de várias peças de metal se chocando no bolso que ele está mexendo, até esticar um isqueiro tipo zipo em minha direção, todo preto e com a estampa de caveiras mexicanas.

— O que ele fez? — minha voz é impassível, tomada pelo ódio — Exatamente.

Serena entreabre os lábios diversas vezes mas nada deixa eles. Ela se põe de pé e vai até seu telefone na mesa de cabeceira, o desbloqueia e tecla algumas vezes antes de me entregar, aberto no chat de conversa de um tal Adam Conner.

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⏰ Última atualização: Jun 24 ⏰

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