K-Kathe...
M-me ajuda, p-por f-favor...
Eu pre-ciso de v-você....
O v-vídeo...
V-vão pub-publicar o vídeo...Eu sempre soube que o homem, enquanto ser humano, era podre em sua essência, isso desde as filosofias de Rosseau quando ele afirmava que "O homem é o lobo do homem", mas só se entende o verdadeiro significado dessa frase a vivendo.
Subo as escadas pulando de dois em dois degraus, ignorando qualquer protesto e confusão dos meus pais sobre meu paradeiro, naquele momento eu só precisava encontrar Serena.
A noite já havia caído a muito tempo, agora mergulhamos no arrebol da madrugada, em um clima gélido de ventos frios e cortantes. A rua residencial e afastada do centro estava vazia e mal iluminada, nos ajudando a nos misturar com as sombras projetadas pelas densas copas de árvores.
Bati na porta de seu quarto ansiosa, repetidas e repetidas vezes, parando apenas quando fui atendida, mas a imagem que vi apertou um nó em minha garganta; minha irmã estava ali, com os cabelos ruivos e cacheados desgrenhados, olhos vermelhos que demonstravam a profunda dor que a consumia, o choro estava claramente preso em seu peito.
A cerca da casa do desgraçado era ridiculamente baixa, antes de fazer qualquer coisa conferimos as informações que adquirimos: ele não tinha animais e os que estavam na casa com ele eram seus amigos babacas que o ajudaram a propagar esse crime. Com cuidado para não emitir barulho algum eu e Zaya jogamos uma quantidade considerável de combustível pelo solo e pelas paredes externas, circulando a casa inteira como uma gaiola.
Meu único ato foi abraça-la, envolver seu corpo em um carinho apertado enquanto ela se desfazia de chorar, oferecer o conforto e confiança de uma família. Lhe encorajei através de palavras e a fiz confiar em mim através de gestos. Foram cerca de 30 minutos assim, completamente agarrada com ela até que se acalmasse e conseguisse me falar o que aconteceu.
— E-le gravou... Um v-video... — ela tremia a cada palavra, precisando respirar fundo para não chorar — Um vídeo íntimo... — proferiu em um fio de voz, quase inaudível.
De imediato a raiva me consumiu, não sabia quem o havia feito ou porquê, mas eu definitivamente queria acabar com esse indivíduo.
— Foram diversas mensagens...— ela continuou — Ele parecia uma pessoa boa... S-sem más intenções... — pausa — E eu acreditei... Como uma boba apaixonada, me... Me... Entreguei a ele, c-completamente... — seus olhos transbordaram de novo — E ele gravou... — sua voz sai por um fio — Ele g-gravou e tá me ameaçando... O-os amigos dele j-já viram!
— Já espalhou tudo? — Zaya me questionou baixo, na parte da frente do terreno.
— Já — respondo simplista, erguendo o galão vazio.
— Filho da puta miserável... — meu irmão afirma com ódio — Espero que morra queimado, agonizando.
— Trouxe o isqueiro? — ergo meu olhar pra ele.
Ouço o tilintar de várias peças de metal se chocando no bolso que ele está mexendo, até esticar um isqueiro tipo zipo em minha direção, todo preto e com a estampa de caveiras mexicanas.
— O que ele fez? — minha voz é impassível, tomada pelo ódio — Exatamente.
Serena entreabre os lábios diversas vezes mas nada deixa eles. Ela se põe de pé e vai até seu telefone na mesa de cabeceira, o desbloqueia e tecla algumas vezes antes de me entregar, aberto no chat de conversa de um tal Adam Conner.
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Castelo de Cartas
RomanceDepois de ser levada para casa pelo filho do maior rival de negócios de sua família Katherine vê sua vida girar de cabeça para baixo. Herdeira de uma das famílias mais ricas e influentes, Katherine está contente em ser apenas uma estudante de Direit...