Capítulo Dez: Sonserina Demais.

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Capítulo Dez
Sonserina Demais

Capítulo DezSonserina Demais

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Novembro de 1993, 3º ano

Harry estava sonhando.

Ele ouvia a voz de uma mulher chamando-o; uma voz doce e atenciosa. Um braço gentil segurava-o rente ao quadril, embalando-o ao som de uma canção. Escutava a mulher cantar — the monster's gone, he's on the run and your Mommy's here, beautiful, beautiful, beautiful, beautiful boy — sustentando-o com tanto carinho nos braços. Harry nunca sentira um carinho assim, palpável e caloroso. Ninguém nunca o segurara tão suavemente.

Hazz, ele ouviu a mulher dizer, beijando suas bochechas macias, encostando a testa na dele amorosamente, meu lindo garotinho. Ele sentiu as mãos se fecharem em volta das mechas ruivas da mulher. Era um sonho. Só podia ser um sonho, do qual ele desejava nunca mais acordar. Pelo tempo que durasse, ele ficaria assim, nos braços amáveis daquela mulher, sentindo, pela primeira vez em muito tempo, um afeto maternal genuíno. "É assim que Rony se sente todo dia?", ele pensou, adorando ser gentilmente segurado. "É assim que é ter uma mãe?"

Ela ainda cantava, embalando-o no ritmo lento da música, confortando-o com palavras doces e suaves. O som da voz dela parecia acalmá-lo; um consolo que ele não conhecera até então. No mundo todo, apenas uma voz lhe trouxera tão firmemente a realidade, apenas uma voz lhe fizera sentir serenamente. Será que ela também era um sonho? Ele normalmente pensava que sim. Talvez tudo fosse um sonho. Talvez a vida — a vida verdadeira — fosse aqui: nos braços desta mulher, ouvindo-a cantar, sentindo seu amor infinito por ele. Era isso que era: um amor infinito. Harry podia senti-lo transbordando dela.

Não me deixe, ele queria ser capaz de dizer, implorar a ela, não me deixe, por favor, não me deixe. Nas bordas nebulosas do sonho, ele jurou tê-la ouvido prometer: nunca, meu lindo garotinho, nunca vou deixá-lo, embora ele soubesse ser uma mentira. Ela o deixaria. Ela o deixara. Há muito, muito tempo, ela já tinha partido.


Quando Harry acordou, não estava sozinho.

A enfermaria, iluminada precariamente por uma lamparina acesa na mesinha de cabeceira mais distante, e os poucos feixes serpenteantes de luz pálida da lua, filtrados através da cortina, possibilitaram a Harry distinguir vagamente a silhueta de alguém sentado próximo a cama. Por um instante, seu interior gelou de pavor. Ele enxergava distorcidamente o que poderia ser o rosto de uma jovem de sua idade, mas não tinha certeza se era uma colega ou a auxiliar de enfermagem verificando-o no meio da noite.

Ele tateou às cegas a mesinha de cabeceira, em busca dos óculos, mas a pessoa — seja lá quem fosse — foi mais rápida, encaixando as hastes atrás das orelhas dele e ajustando os aros em seu rosto. Harry piscou, ajustando-se a súbita clareza do recinto, tão fracamente iluminado que, mesmo em posse dos óculos, foi preciso um longo instante de concentração para determinar a identidade do visitante.

O Olho do Dragão, Harry PotterOnde histórias criam vida. Descubra agora