Capítulo Três: A Pena Era Pior Que a Fraqueza.

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Capítulo Três
A Pena Era Pior Que a Fraqueza

Capítulo TrêsA Pena Era Pior Que a Fraqueza

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Junho de 1993, 2º ano

Hope sente-se perdida, estranha, errada, de alguma forma. A garganta dela está seca, com um gosto remanescente de tinta fresca. O cabelo cheira a água sanitária e podridão. O Prof. Snape está em um canto da enfermaria, os braços cruzados, vigiando-a com os olhos pretos luzidios, o rosto macilento e ranzinza desaprovando-a.

Menina tola, ele dissera, estúpida e egocêntrica. Gina recebera tapinhas de consolo do diretor, e o que Hope recebera além de um sermão e um olhar de profundo desapontamento, como se o tivesse decepcionado de algum modo? Ela não queria a pena de ninguém, nem mesmo a de seus pais, apesar do abraço caloroso do pai e o beijo na testa da mãe ter confortado uma parte triste e oca dentro dela.

Ela sente como se tivesse falhado em um teste. Como se tivesse confundido a opção de múltipla escolha. Ela queria suplicar por uma segunda chance, pedir ao diretor que lhe desse uma folha nova para corrigir o erro.

Na salinha ao lado, sua mãe discute exaltada com o diretor. Ela ouve a voz do pai, tentando acalmá-la; pode imaginar a expressão paternalista no rosto de Dumbledore; e tenta não se inquietar com o fato de que eles estão claramente falando sobre ela. Talvez Dumbledore a expulse. Talvez a faça cumprir uma pena mínima em Azkaban. A família dela poderia pagar pela fiança, mas ela mereceria tal gentileza?

Hope olha para o professor mais uma vez. Ela está sentada, desenhando figuras invisíveis com a ponta dos dedos no lençol, tentando não cair no choro. Gina está dormindo na cama ao lado, descansando depois de horas agarrada ao colo da mãe murmurando desculpas e implorando por perdão. O que havia para perdoar? Gina mesmo admitira ter roubado o diário da gaveta da escrivaninha de Hope para protegê-la. A culpada de tudo obviamente era Hope. Snape parece achar o mesmo. Ele a olha como um juiz, pronto para decidir a sentença. Se ele pudesse ser também o carrasco, que prazer seria para o seu professor enxotá-la daquela escola, condená-la a uma vida miserável, de sonhos arruinados...

Não chore, ela diz a si mesma, cravando as unhas no pulso da mão esquerda. Não chore. Snape parece estar zombando dela, como se soubesse o quão inútil e patética Hope se sente por dentro. Eles estão em silêncio, observando um ao outro, e ela quer jogar alguma coisa nele. É um impulso violento que quase a domina completamente, não fosse a consciência de que se ela atacasse um professor — o chefe de sua Casa — receberia um demérito em seu histórico. Que diferença faz, de qualquer maneira, se ela vai ser expulsa? Talvez se ela extravasar a raiva em alguém que mereça recebê-la, Hope se sentisse melhor.

Mas não seria característico dela fazer isso. Hope não é necessariamente violenta. Ela é calma, na maioria das vezes, e um pouco exigente, mas normalmente apenas consigo mesma, e se ela machucou os colegas antes, foi porque não teve escolha. Foi porque Tom a obrigou. Dumbledore entendeu isso, não entendeu? Ele sabe que ela não teve a intenção. Ela não queria. Tom a forçou. Ele escreveu coisas no diário. Ele mentiu. Hope é apenas uma criança. Ela tem apenas 13 anos. Como ela poderia saber que o diário era perigoso, como adivinharia que era a memória de Voldemort conservada lá dentro, entre as páginas? Ela não sabia. Ela só... pensou que Tom fosse seu amigo. Ela pensou que ele a entendia. Que os dois se entendiam. Que eram... almas irmãs. Mas claramente não eram, porque tudo fora uma farsa. E se não fosse por Harry... Gina estaria morta e Hope também. Mesmo que Tom tivesse dito que não, ela sabia que ele a teria matado. Talvez a usasse como refém por um tempo, para escapar, e se livrasse dela quando perdesse o interesse.

O Olho do Dragão, Harry PotterOnde histórias criam vida. Descubra agora