Capítulo Seis: A Noite é só Uma Criança.

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Capítulo Seis
A Noite é só Uma Criança

Capítulo SeisA Noite é só Uma Criança

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Dezembro de 1975

O quão patético ele era, observando Sirius assim. Era vergonhoso. Embaraçoso. Se alguém soubesse se um de seus amigos sequer imaginasse o que se pensava na cabeça dele, o chamariam de aberração, esquisito.

Era o que ele era: uma aberração da natureza, por um motivo pior do que sua atração grotesca e inexplicável por Sirius Black. Ele ainda sentia comichões na cicatriz recente, sob as costelas. Ironicamente, não doía tanto quanto as pontadas excruciantes em seu peito, onde ficava seu coração. Ver Sirius sorrir para Edith Addams deixava-o fisicamente doente.

Ele sentia um embrulho desagradável no estômago, como se enfiasse o punho pela garganta, remexesse as entranhas e as virasse do avesso. O que veriam, se o abrissem com um bisturi? O que seus amigos pensariam ao descobrir que, além de um animal selvagem, uma criatura monstruosa, ele nutria por dentro, não só uma besta enjaulada, mas também miscelâneas de compulsões abomináveis. Ele não se sentia como o menino sensível e poético que Lily dizia que ele era. Provavelmente, porque Lily era doce e amável, de uma forma natural, não forçada, que a tornava querida por todos; ela enxergava o bem em qualquer um, por mais terrível que a pessoa aparentasse ser. Remus era prova disso. Ele era verdadeiramente asqueroso de se olhar.

Como seus amigos conseguiam apreciá-lo? Ele não era extrovertido, brincalhão e carismático como James. Nem simpático e meigo como Peter. Tampouco intelectual e inovador como Joseph. Não sabia flertar, nem sorrir sem parecer uma figura caricata de um livro sobre expressões faciais. Ele era completamente sem graça.

A única coisa interessante sobre Remus Lupin era sua capacidade de despertar pena. Nisso ele era verdadeiramente bom. Talvez fossem as roupas. Ou as cicatrizes. Ou o fato de que sua pobre mãezinha (que ele amava muito) sofria de uma convalescença crônica praticamente incurável (que nem mesmo era real). Talvez e era um pouco triste seu maior talento fosse inventar estórias. Ele não era bom contando-as, no entanto. A oficina em sua cabeça funcionava melhor em momentos de vigília solitária. E ele não gostava de compartilhar suas ideias privadas com outras pessoas. Era uma intimidade que ele jamais se permitiria desfrutar. Ele apenas se permitia experimentar a breve proximidade das brincadeiras que criava com os amigos. Sua criatividade corria solta na companhia de James, Sirius, Joseph e Peter.

Se, ao menos, ele pudesse esquecer como o rosto de Sirius o fazia sentir...

Eu conseguia sentir sua melancolia juvenil de longe brincou Amelia, sentando-se ao lado dele no banco coberto de neve, na praça de Hogsmeade.

Ela deveria estar em Paris, não na Escócia, vendo-o chafurdar na própria miséria. Do pequeno palanque, em que os membros do Coral, usando gorros vermelhos, cantavam músicas natalinas, Sirius desviou a atenção da linda Edith, em um sobretudo vermelho que salientava o rosado natural de suas bochechas, para olhar a estonteante Amelia, em calças justas de cintura alta, delineando todas as curvas perfeitas e macias, e uma jaqueta de couro marrom, com o arrebatamento de um amante apaixonado. Claro que ele a notaria, e não a Remus, que estava ali, assistindo-o, há horas. Todo mundo sempre notava Amelia. Ela era difícil de perder em uma multidão. Era tão magnética.

O Olho do Dragão, Harry PotterOnde histórias criam vida. Descubra agora