Capitulo 2

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Quando cheguei em casa, o peso do dia parecia ainda mais esmagador. Nossa casa era grande, com um jardim impecável e uma entrada que sempre me fazia sentir como se estivesse em um filme. Assim que passei pela porta, a Sônia, nossa empregada, apareceu no corredor.

— Boa tarde, senhorita Melissa. Quer que eu leve suas coisas para cima?

— Obrigada, Sônia. Pode levar sim — respondi, entregando-lhe a mochila.

Caminhei em direção à sala de estar, onde minha mãe estava sentada em uma poltrona de couro branco, conversando animadamente com uma parceira de negócios. Ao me ver, ela interrompeu a conversa.

— Melissa, querida! Como foi a aula hoje?

Senti um nó no estômago. — Foi tudo bem, mãe — menti, forçando um sorriso. — Vou subir para fazer o dever de casa.

Ela assentiu, já voltando sua atenção para a conversa. Subi as escadas rapidamente, ansiosa para escapar para o meu quarto, meu refúgio.

Meu quarto era um espaço grande e arejado, decorado em tons suaves de branco e dourado. A enorme cama com dossel ocupava o centro, cercada por cortinas de seda. As paredes estavam adornadas com fotos de viagens e momentos felizes com amigos, lembranças de tempos mais simples. Uma escrivaninha de madeira clara estava encostada na janela. Ao lado, um sofá pequeno e confortável ficava perto da estante repleta de romances e revistas de moda.

Me joguei na cama, olhando para o teto. Senti minha frustração começar a chegar. O que eu ia fazer agora? A ideia de um tutor continuava martelando na minha cabeça. Fechei os olhos, tentando afastar a frustração e o medo. Amanhã, Laila falaria com Ethan, e eu torcia para que esse tal tutor fosse a solução para os meus problemas.

Deitada na cama, olhando para o teto,tentando botar meus pensamentos em dia, meu celular vibrou ao meu lado. Peguei o aparelho e vi uma mensagem de Laila.

“Conversei com o Ethan. O tutor dele se chama Peter. Você pode encontrá-lo na biblioteca amanhã, no horário do intervalo.”

Fiquei olhando para a mensagem, tentando imaginar quem era esse Peter. Alguém que prefere passar o intervalo na biblioteca, lendo, ao invés de conversar com os amigos, definitivamente não fazia parte do meu círculo habitual. Quem, no último ano do ensino médio, escolhe se esconder entre livros ao invés de aproveitar o tempo com os amigos?

Suspirei, sentindo uma mistura de curiosidade e frustração. Talvez esse Peter fosse minha única esperança. Afinal, minhas notas precisavam desesperadamente de um milagre, e se ele podia ajudar o Ethan, talvez pudesse me ajudar também. Digitei rapidamente uma resposta: “Obrigada, Laila. Vou falar com ele amanhã.”

Deixei o celular de lado e voltei a olhar para o teto. Como seria essa conversa? Eu teria que convencer alguém que aparentemente preferia a solidão dos livros a me ajudar. Será que ele aceitaria? Eu precisava mostrar que estava realmente comprometida em melhorar.

Fechei os olhos, tentando imaginar o dia seguinte. Senti uma leve ansiedade misturada com esperança. Amanhã, eu iria encontrar Peter. Enquanto esses pensamentos rondavam minha mente, o cansaço do dia finalmente me venceu, e eu lentamente caí no sono, esperando que o amanhã trouxesse uma solução para os meus problemas.

                              ♤♤♤

No dia seguinte, acordei determinada a resolver meus problemas de uma vez por todas. Me arrumei rapidamente, escolhendo um conjunto de roupas que transmitisse confiança e seriedade, uma tentativa de mascarar a ansiedade que sentia por dentro. Ao descer as escadas, encontrei meu pai já pronto para sair para o trabalho, sua expressão séria indicando que estava pronto para mais um dia de negócios.

— Bom dia, pai — cumprimentei, tentando manter o tom leve.

Ele me olhou por cima do jornal, seus olhos penetrantes buscando os meus. — Bom dia, Melissa. Como vão as notas?

Um calafrio percorreu minha espinha. Meu pai era um homem de princípios rígidos, e ele levava a sério meus estudos. Decidi desviar o assunto, pelo menos por enquanto. — Estou trabalhando nisso, pai. Não se preocupe.

Ele assentiu, parecendo satisfeito com a resposta. Minha mãe já estava na mesa, sorrindo gentilmente para mim enquanto eu me sentava para tomar meu café da manhã. Ela sempre foi o oposto do meu pai, mais compreensiva e carinhosa.

Terminei meu café e me despedi dos meus pais, seguindo para a entrada da casa onde o motorista já me esperava para me levar para a escola. O caminho até lá foi silencioso, minha mente cheia de pensamentos sobre o encontro com Peter na biblioteca.

Quando cheguei à escola, entrei no prédio com um nervosismo crescente. Na hora do intervalo, decidi ir até a biblioteca para encontrar Peter, mesmo sem ter certeza se ele estaria lá. Afinal, eu nem o conhecia e não sabia o que esperar. Adentrei o local com passos hesitantes, procurando pelo rosto desconhecido entre as estantes de livros.

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