Capítulo 5

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No dia seguinte, fui para a aula tentando manter a mente focada. As horas se arrastaram, mas finalmente o sinal da última aula tocou. Peguei minhas coisas e fui direto para a biblioteca, ansiosa para começar os estudos com Peter. A biblioteca estava silenciosa como sempre, com poucos alunos espalhados pelas mesas e estantes.

Ao entrar, procurei Peter e o encontrei em uma mesa no canto, absorto na leitura de um livro. Respirei fundo e me aproximei.

— Oi, Peter — disse, tentando soar casual.

Ele levantou os olhos do livro e me encarou por um momento antes de desviar o olhar, claramente envergonhado. Notei que ele tinha a pele clara, algumas sardas delicadas abaixo dos olhos, e seus olhos eram uma fascinante mistura de verde com mel. Seu cabelo castanho caía suavemente sobre a testa, e naquele instante, percebi que Peter era realmente bonito.

— Oi, Melissa — ele respondeu, ainda olhando para baixo, como se o livro fosse de repente a coisa mais interessante do mundo.

Sentei-me à sua frente, tentando iniciar uma conversa para quebrar o gelo. — Então, por onde começamos? Eu realmente preciso melhorar em matemática.

Peter olhou para mim novamente, ainda um pouco tímido, mas com um sorriso pequeno no rosto. — Podemos começar com o assunto que você mais tem dificuldade. Eu trouxe alguns materiais que podem ajudar.

Ele começou a tirar livros e cadernos da mochila, organizando-os meticulosamente na mesa. Enquanto ele se preparava, eu não conseguia deixar de observá-lo. Havia algo intrigante na sua maneira de ser, tão diferente dos outros garotos que eu conhecia.

— Você gosta muito de ler, não é? — perguntei, tentando iniciar uma conversa mais leve.

Ele assentiu, os olhos brilhando um pouco mais. — Sim, gosto muito. É um jeito de escapar e aprender coisas novas.

— Entendo. Acho que nunca parei para realmente apreciar a leitura — admiti, sentindo uma pontada de curiosidade sobre o que ele lia tanto.

Começamos a estudar, e logo percebi que Peter era um excelente professor. Ele explicava pacientemente cada conceito, adaptando seu ritmo ao meu. Aos poucos, fui me sentindo mais confiante.

— Você é realmente bom nisso — comentei, sorrindo. — Obrigada por me ajudar.

Ele deu de ombros, mas pude ver que estava feliz com o elogio. — Não é nada. Fico feliz em ajudar.

A tarde passou rapidamente, parecia que eu entendi facilmente com ele do que com a minha professora,talvez fosse a didática.Enquanto arrumávamos nossas coisas, senti uma vontade repentina de agradecer a Peter de uma forma mais pessoal. Ele realmente tinha sido incrível e paciente comigo.

— Obrigada de novo, Peter. Você foi excelente hoje,sinceramente...o que eu não aprendi com a sra Miller,eu aprendi com você — disse, sorrindo.

Ele levantou a cabeça e me olhou, um pouco surpreso com a minha gratidão. — Não foi nada, Melissa. Eu estou feliz em ajudar.

Antes de pensar muito sobre o que estava fazendo, inclinei-me e dei um beijo leve na bochecha dele. — Até amanhã, Peter.

Peter ficou completamente sem reação. Seus olhos arregalaram e ele corou imediatamente. — Ah... até amanhã, Melissa — respondeu, ainda visivelmente abalado pelo gesto.

Saí da biblioteca sentindo-me um pouco mais leve.

                              ♤♤♤

No dia seguinte, sábado, eu estava em casa com minhas amigas. Laila estava jogada no meu sofá, mexendo no celular, enquanto Jamie estava sentada à mesa, digitando freneticamente uma mensagem.

— Mel, você não teria tutoria com o Peter hoje à tarde? — Laila perguntou, levantando os olhos do celular por um momento.

— Não, ele me disse que tinha algo para fazer e não iria conseguir dar aula hoje — respondi, mexendo em algumas revistas na mesa de centro.

Jamie, que parecia mais interessada na conversa do que admitia, soltou uma risada debochada, sem desviar os olhos do celular.

— Desde quando um nerdizinho solitário tem algum compromisso tão importante? — comentou ela com tom de sarcasmo, digitando rapidamente.

Senti um desconforto crescente com o comentário de Jamie. Ela sempre tinha esse tom esnobe quando falava de pessoas que não faziam parte do nosso círculo,pessoas que eram segundo ela,"abaixo do nosso nível".

— Jamie, não seja tão rude. Todo mundo tem vida além da escola, inclusive o Peter — respondi, tentando manter a calma.

Ela deu de ombros, finalmente levantando os olhos do celular. — Tudo bem, Mel, só acho engraçado que ele, de todas as pessoas, tenha algo mais interessante para fazer. Mas se você diz...

Laila me lançou um olhar solidário e mudou de assunto rapidamente, começando a falar sobre uma nova loja de roupas que tinha aberto no shopping. Enquanto a conversa seguia, não pude deixar de pensar em Peter e no que ele estaria fazendo. Mesmo sem nossa sessão de tutoria, eu sentia uma curiosidade crescente sobre ele, querendo saber mais sobre o garoto reservado.

Laila, sempre perspicaz, percebeu o frenesi de Jamie no celular e perguntou com um tom malicioso:

— E aí, Jamie, pra quem você tanto digita?

Jamie ficou visivelmente nervosa, algo que não era comum para ela. Ela rapidamente desligou o celular e tentou disfarçar, mas sua reação só fez com que parecesse ainda mais suspeita.

— Ah, ninguém importante. Só conversando com algumas pessoas — disse ela, encolhendo os ombros e tentando parecer casual.

Eu não consegui evitar de notar a tensão momentânea em Jamie. Normalmente, ela adorava se gabar de suas conversas e flertes. Algo estava fora do comum. Decidi não pressioná-la no momento, mas anotei mentalmente para prestar mais atenção.

Laila continuou a falar animadamente sobre a nova loja de roupas que havia aberto no shopping. Eu tentei participar da conversa, mas minha mente vagava.

O resto da tarde passou com risadas e conversas leves, mas minha mente continuava ocupada com Peter e Jamie. As palavras de Jamie sobre "um nerdizinho solitário" ecoavam na minha mente. Era estranho, pois apesar de Peter ser reservado, ele tinha se mostrado tão disposto a ajudar. Eu sabia que havia mais nele do que apenas suas notas e seu jeito tímido.

Enquanto as meninas se preparavam para ir embora, nos despedimos com abraços. Quando a porta se fechou atrás delas, me senti aliviada por finalmente estar sozinha com meus pensamentos.

Olhei para o meu celular e me peguei desejando receber uma mensagem dele, algo que me surpreendeu. Havia algo nele que despertava minha curiosidade, e eu queria descobrir o que era.

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