Capítulo 15

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Chegando na escola, me esforcei para focar nas aulas, mas minha mente estava a mil com o encontro desastroso da noite anterior e a tensão crescente com Peter,pra piorar ainda teria aula com ele hoje. No intervalo, procurei Laila para conversar e aliviar um pouco da carga.

— Oi, Mel. Tá tudo bem? — Laila perguntou, notando minha expressão abatida.

— Mais ou menos — respondi, sem querer entrar em detalhes sobre Jonathan e o encontro desastroso. Conversamos sobre coisas triviais, tentando manter o clima leve.

Na parte da tarde, fui para a biblioteca para a aula com Peter. Ele já estava lá, arrumando seus materiais, quando cheguei.

— Oi — disse, com um tom neutro, sentando-me ao lado dele.

— Oi — respondeu Peter, tentando parecer descontraído, mas percebi a tensão em sua voz.

Começamos a aula, mas respondi de maneira fria e distante, evitando olhá-lo nos olhos. Ele não comentou nada, talvez entendendo que eu precisava de espaço. A aula se arrastou com um silêncio incômodo, um contraste gritante com a proximidade que tínhamos desenvolvido antes.

Quando a aula terminou, arrumei minhas coisas rapidamente e me preparei para sair. No corredor, dei de cara com Jake.

— Mel, a gente precisa conversar. Não quero terminar assim — disse ele, bloqueando meu caminho.

— Sai da minha frente, Jake — tentei passar, mas ele segurou meu braço com força.

— Por favor, me escuta! — insistiu ele, a voz cheia de desespero e frustração.

Antes que eu pudesse reagir, Peter apareceu ao nosso lado, com uma expressão firme.

— Deixa ela ir, Jake. Você não tem o direito de segurá-la assim — disse Peter, a voz baixa, mas cheia de determinação.

— Não se mete, seu merdinha. Isso não tem nada a ver com você — retrucou Jake, lançando um olhar ameaçador a Peter.

—Para de ser um idiota,cara.Eu não quero mais nada com você,o que tivemos já se encerrou naquela noite.— Eu respondi com raiva ao me relembrar tudo o que ele fez.

— Não faz nem uma semana que terminamos e você já está dando para o nerd da escola?— Jake falou alterado,chamando a atenção de algumas pessoas que passavam pelo corredor.

— Fala baixo,caramba.

— O que foi?Tá com medo que eu diga pra todo mundo que Melissa Jones é uma vadia?A maior vadia de West High.

Sem hesitar, Peter deu um soco em Jake, que cambaleou para trás, surpreso e furioso.Jake furioso tentou revidar.

— Se eu fosse você, não faria isso.— disse Peter, com os punhos ainda cerrados.

Jake me soltou e lançou um último olhar de ódio a Peter antes de sair dali, murmurando ameaças.

Fiquei parada, tentando processar o que tinha acabado de acontecer. Peter olhou para mim, os olhos cheios de preocupação.

— Você está bem? — perguntou ele, a voz mais suave agora.

— Estou — respondi, ainda um pouco atordoada. — Obrigada, Peter.

Após isso,eu decido ir andando pra casa para clarear os pensamentos. Peter, preocupado, me acompanha. Durante o caminho, ficamos em silêncio por um tempo, mas a tensão é palpável. Finalmente, ele se vira para mim e diz:

– Melissa, eu sinto muito pelo que aconteceu antes. Não deveria ter dito aquelas coisas.

Ainda chateada e meio receosa, eu suspiro, mas decido perdoá-lo.

– Tudo bem. Eu entendo. Todos nós temos nossos momentos ruins...– minha voz falha um pouco. – Não sei o que está acontecendo na sua vida pessoal, mas se quiser desabafar, eu estou aqui. Sou sua amiga, afinal.

Peter faz uma expressão meio triste ao ouvir a palavra "amiga". Decidimos desviar o caminho e ir para um parque perto dali para aproveitar a tarde.

No parque, a atmosfera muda. Sentamos em um banco de madeira perto do lago, observando os patos nadando.

– Às vezes sinto que minha vida não é realmente minha – confesso, olhando para a água. – Meus pais sempre esperam tanto de mim, e às vezes eu me sinto presa nas expectativas deles.

Ele assente, compreendendo.

– Também tenho minhas próprias dificuldades. Minha mãe... ela não tem estado bem desde que meu pai nos deixou. E eu tenho que cuidar da minha irmã caçula. Não é fácil, mas... estou tentando.Todas as vezes que você foi lá em casa e minha mãe não estava,provavelmente ela estava em algum bar bebendo.— Ele suspirou e continuou.— Meu pai era um alcoolatra abusivo,tanto comigo quanto com ela .Graças a Deus,Lily era um bebê e não lembra de nada.Depois que ele nos abandonou,pra mim foi um alívio,mas para a minha mãe foi uma desgraça.Ela era dependente emocional daquele desgraçado.

Ficamos em silêncio por um momento, compartilhando um entendimento silencioso. Decidimos dar uma volta pelo parque, conversando sobre coisas mais leves. Paramos em um carrinho de sorvetes e compramos casquinhas, rindo juntos quando o sorvete de Peter começa a derreter mais rápido do que ele consegue comer.

– Olha só, Peter – brinco, rindo – quem diria que você, o gênio, não conseguiria lidar com um simples sorvete?

Ele ri, finalmente relaxado.

Sentamos embaixo de uma árvore, observando as folhas dançando ao vento. Peter pega um graveto e começa a desenhar na terra, traçando formas abstratas.

– Obrigada por ter me contado essas coisas hoje,isso diz que você confia em mim.E eu fico feliz em ter a sua confiança – digo, sinceramente.

Ele não responde,mas olha em meus olhos com uma intensidade que quase me faz desviar o olhar.

O sol começa a se pôr, tingindo o céu de laranja e rosa. Decidimos voltar para casa antes que escureça. Caminhamos em silêncio, mas desta vez, é um silêncio confortável. Ao chegar em casa, eu me viro para Peter.

– Até amanhã, na escola?

– Até amanhã, Melissa.

Entrando em casa, sinto um misto de emoções. As coisas estão longe de serem perfeitas, mas poderiam melhorar.Vejo meu pai sentado no grande sofá da sala, lendo um livro. Ele levanta o olhar quando me ouve fechar a porta.

— Por que não pediu para o motorista te buscar?— Meu pai pergunta sem tirar os olhos do livro.

— Decidi vir andando para clarear os pensamentos.

—  Quem era aquele garoto que estava com você? —  ele pergunta, com um tom de curiosidade e desconfiança.

Meio receosa, respondo:
— É o Peter, pai. Ele é meu amigo e tutor.— Ele franze a testa, claramente não satisfeito com a resposta.

— Ele é de boa família?— Sinto um nó na garganta, mas decido cortar o assunto.

— Pai, isso não importa. Ele é meu amigo e me ajuda com os estudos. —  Tento manter a voz firme.

Ele hesita, mas muda de assunto.
— E o jantar com Jonathan? Como foi?Reviro os olhos, sentindo a raiva fervilhar novamente.

—  O garoto de "boa família" era um arrogante racista. Ele não vale o meu tempo.

Sem esperar pela resposta dele, subo as escadas em direção ao meu quarto, desejando deixar para trás as expectativas sufocantes e o julgamento constante. Entro no meu quarto e fecho a porta, sentindo um alívio imediato.



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