Onde Há Uma Vontade...

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Mina observava Niklas pelo canto do olho, tentando esconder seus olhares preocupados na direção dele, sabendo que sua preocupação direta só o frustraria ainda mais.

Já haviam se passado três dias desde a briga dele, e exatamente como Mina havia previsto, ela passou aquela noite limpando as manchas vermelhas de sua pele, fechando os ferimentos, ficando acordada até de manhã enquanto ela se sentava no chão e o observava enquanto ele dormia em uma cadeira, desmaiado de exaustão.

Já haviam se passado três dias desde seu encontro com Kenny e ela ainda estava ponderando sobre suas palavras, dividida entre contar a Niklas e tentar encontrar uma maneira de sair da situação em que estavam presos.

Ela sabia que não podiam arriscar deixar o Subsolo novamente, mas por quanto tempo, ela não sabia. Ela não sabia como ia contar isso a Niklas.

Ela olhou para Niklas novamente quando ele soltou um pequeno sibilo, a mão indo para o lado direito para segurar as costelas. Mina estava preocupada com os ossos ali, tendo visto a pele arroxeada e a careta em seu rosto toda vez que ele se movia rápido demais.

"Sentem-se", ela murmurou.

"Estou bem", ele disse entre dentes cerrados, parando por alguns segundos para recuperar o fôlego antes de retomar sua caminhada ansiosa.

"Onde diabos está Peter com o nosso dinheiro?"

Seu punho bateu na mesa.

Mina não se moveu.

"Ele nunca está tão atrasado assim..." Niklas levantou a cabeça, seus traços contorcidos. "Aposto que aquele relógio valia mais do que ele disse e ele nos passou a perna... provavelmente o deixou em uma boa e nos deixou na merda."

Ele passou a mão pelo cabelo, bufando pesadamente.

"Talvez ele realmente tenha que trabalhar, pela primeira vez vida." Mina deu de ombros. "Se algum trabalho apareceu... não consigo imaginar que seja fácil para ele escapar."

Niklas balançava a cabeça. "Não... não... algo não está certo."

O estômago de Mina revirou ao lembrar do rosto de Kenny. Ela manteve sua própria expressão o mais imóvel possível quando Niklas olhou em sua direção.

"O que você acha?"

Ela pausou. "Acho que você não dormiu direito há três dias e isso está te deixando paranoico. Vá para cima... descanse um pouco."

"Como é que eu vou conseguir dormir? Não temos nenhum dinheiro, Mina! Estamos completamente sem nada." Ele bufou novamente, com a mandíbula cerrada enquanto olhava para ela. "Quando foi a última vez que você comeu?"

Ela não respondeu à pergunta. "Vou buscar comida para nós." Ela murmurou, desviando o olhar.

Ele lhe lançou um olhar, sabendo o que isso significava. "Já faz um tempo... e eu sei que você odeia fazer isso."

Mina já estava se movendo, pegando o casaco grande que usava para esconder sua figura, a mão deslizando sobre o quadril para sentir a faca enfiada no bolso que ela criou em todos os seus vestidos.

"Mina." Ele suspirou, as próximas palavras morrendo em sua língua quando ela se virou para lhe dar um longo olhar.

Ela não falou, seu rosto dizia o suficiente.

O que mais podemos fazer?

"Por favor, tenha cuidado."

Ela assentiu, pegou o saco de pano, enfiando-o embaixo do casaco, ignorando as rugas na testa de Niklas, o franzir de suas sobrancelhas, antes de sair pela porta.

EQUINÓCIO | Levi AckermanOnde histórias criam vida. Descubra agora