onde está Anne?

cap.15

Damon ON

Isobell: o que está acontecendo?! - A baixinha pergunta preocupada e confusa chegando primeiro.

Damon: espere todos chegarem. - digo soando até um pouco seco e a mesma abaixa a cabeça quieta.

O silêncio reina na beira da floresta e só o que posso ouvir é leves cigarras gritando ao fundo, tão alto que já estou torcendo pra que elas explodam de uma vez.

Isobell: da onde conhece crystall? - ela quebra o silêncio e eu a olho.

Damon: por que acha que eu a conheço há tempos? - pergunto sem quebrar contato e vejo ela ficar levemente corada, ela está brincando comigo?!

Isobell: sabe... você parece conhecer mais dela do que nosso grupo todo e aquele jeito que você acalmou ela naquele dia foi tão... - ela diz tentando buscar palavras.

Damon: como se eu soubesse o que fazer? - completo sério e ela acena positivamente.

Isobell: como sabia? Ela não te conhecia antes...

Damon: é uma longa história... nada que venha ao caso agora. - digo fechado virando meu rosto pras árvores altas em minha frente até que sinto alguém tocar em meu ombro.

Isobell: você é tão fechado... sabe que pode contar comigo, né? - ela pergunta com uma voz tão suave que minhas sobrancelhas arquejam ao perceber o que ela estava tentando.

Damon: o que pensa que está fazendo? - pergunto sério vendo sua mão em meu casaco.

Isobell: sabe... você entrou nesse caso só por causa de crystall? Você... não queria relações com mais ninguém do grupo? - ela pergunta suave com um toque de inocência falsa.

Damon: foi só por causa dela. - respondo seco tentando me afastar mas ela não me solta.

Isobell: espera! Vamos conversar eu... eu queria te conhecer melhor sabe? Sei que você está com crystall provavelmente mas... ela tecnicamente não está aqui. - ela diz em um tom que faz meu coração só formar o sentimento de desgosto.

Damon: meu relacionamento com crystall é complicado, mas isso não te interessa. Você está dando encima de mim com sua amiga sumida e em perigo?! - ele pergunta e ela arregala os olhos com uma expressão de que realmente achava que eu ia aceitar.

Damon: não me encosta e eu espero ficar longe de você por toda busca. - digo me soltando abruptamente e me afastando irritado, logo o carro e Mike com Olivia e mikka chegam.

Mike: cadê crystall?! O que houve?! - ele já sai do carro correndo e as duas garotas vem atrás.

Damon: pra mim explicar vocês tem que aceitar metade da verdade e me ajudar ok? Sem perguntas. - digo em quase uma ordem olhando pra todos, menos os Isobell.

Damon: crystall tem que tomar alguns remédios matinais que sua mãe acha crucial pra saúde dela e recentemente ela descobriu que crystall estava os jogando fora. A mãe dela explodiu e colocou muitos comprimidos a força em sua boca, muito mais comprimidos que ela toma no dia quero dizer. - começo e Mike já me olha querendo fazer perguntas mas eu o olho e ele desiste.

Olivia: tem alguma pista dela pelo menos? - a ruiva diz nervosa e eu balanço negativamente a cabeça retirando o celular dela do meu  bolso.

Damon: agora vocês tem a foto do mapa da floresta, se separem e sigam o mapa por todo canto. - digo apontando para pros celulares.

Mikka: vai sozinho? - a grandona pergunta confusa e cruzando os braços.

Damon: sim. Eu quero ficar sozinho. - digo em um tom seco e frio sem olhar pro grupo antes de entrar na floresta sem falar nada.

Um tempo depois...

Já estou há quase uma hora nessa floresta, procurando por todo maldito lugar dessa floresta. Dizem que a orvedose de remédios pode acontecer em algumas horas, eu não vou chegar a tempo. Ando por todo lugar gritando crystall por todos os cantos mas nada além das malditas cigarras são ouvidas.
   Já estou andando há muito tempo, ando atrás dela como um louco na floresta mas não a acho... ela vai morrer... eu sei que vai... enquanto esses pensamentos invadem minha mente eu só posso gritar pra quem estiver perto ouvir:

Damon: quando eu disse que nunca tenho medo de nada... eu estava mentindo, crystall! Eu tenho medo sim... eu tenho medo de te perder porra! Eu estava errado... por favor... me dê uma dica de onde você está pra eu conseguir você pra mim denovo... - grito entre lágrimas desesperadas me ajoelhando nas folhas secas de outono. Cadê você, coelhinha?

Ouço o som de uma cigarra diferente, olho pra direção e vejo um celeiro velho. Eu conheço esse celeiro... que merda!

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14 anos antes...

Damon ON

Estou vestindo roupas sujas de lama junto do meu pai. Estamos no celeiro em que meu pai cria carneiros para o abate, sempre tive muito medo dessa floresta... muito medo mesmo! Meu corpo treme com uma mistura de medo e frio. Vejo meu pai posicionar a pistola de abate na testa de um dos animais e eu fecho os olhos pra não ver, odeio o barulho desse troço disparando... odeio ouvir o som daquele troço enorme perfurar os miolos do carneiro... odeio ouvir seus gritos de agonia enquanto morre lentamente com seu pequeno cérebro sendo perfurado.

Pai: abra os olhos! - ele manda alto e eu obedeço relutante.

Pai: você já tem idade o suficiente para ver as faces da morte... tem quantos anos? Uns... 13? - ele pergunta normal como se fosse comum esquecer o nome do filho.

Damon: 11... - respondo trêmulo e ele me chacoalha.

Pai: fala que nem homem porra!...(Suspiro)... quer saber? Você não vai só ver, você vai matar. Bora! - ele diz dando a arma de abate nas minhas mãos.

Posiciono a arma na testa do carneiro que me olha inocente, meu corpo está mais trêmulo que antes e minhas mãos tremem. Alguns segundos se passam e eu não atiro então sinto o cano frio da arma de abate é posicionado na minha nuca fazendo todo ar sumir dos meus pulmões.

Pai: mata o carneiro ou eu lhe mato... seja homem! - ele grita pressionando essa merda contra minha nuca.

Na hora em que eu penso em atirar ouço um grito feminino alto, olho pro norte e vejo uma casa que sempre tem uma garota que grita muito por ajuda toda vez que eu estou aqui. Ao escutar mais gritos e eu não poder fazer nada eu coloco em minha cabeça: eu vou ser forte... eu vou ser forte pra a salvar de seja lá o que tiver acontecendo lá dentro... mas primeiro eu tenho que matar esse maldito carneiro! Penso fechando os olhos e disparando a arma de abate, deixando o corpo do carneiro cair em meio à terra molhada.

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