onde está Anne?

cap.12

12 anos antes...

Crystall ON

Quando somos crianças nossos pais dizem que os pesadelos são ruins mas nos fortalecem... mas o que nenhum deles diz é que o pesadelo também vive fora dos sonhos, o meu caso é muito pior... minha mente projeta os pesadelos na dura realidade...os pais eram os ser o porto seguro dos pesadelos, âncoras da coragem em que que a criança corre ao acordar de um sonho ruim para conseguirem coragem para enfrentar a vida. Eu não posso ter isso... eu não tenho essa âncora porque os meus pais são os próprios pesadelos...

Mãe: eu já disse! Ela é sua filha e tem que ter amor como qualquer outra criança! - minha mãe grita pro meu pai, estão discutindo há horas...

Pai: ela NÃO é minha filha porra! Eu queria uma criança NORMAL! Não uma aberração que você chama de filha! - ele grita de volta, por que eu não sou normal? Ele me amava tanto até irmos naquele médico...

Mãe: eu não te conheço mais, Dario... você mudou, tudo mudou, você não é o homem com que me casei. - ela diz com um tom de decepção.

Eu os decepcionei... não entendi nada do que aquele médico tinha dito mas ele de fato acabou com a minha vida, acabou com a minha infância. Estou sentada no chão no canto do quarto escuro, abraço meus joelhos com força tentando me esconder no canto escuro, meus cabelos brancos estão um pouco machados de vermelho escarlate. Meu corpo está trêmulo e com dor, sinto minhas costas ardem com os cortes e as queimaduras, observo a minha frente com os meus olhos azuis vermelhos de tanto chorar o açoite em minha frente que antes estava quente.
Meu pai tinha esse horrível costume, toda vez que eu aparentava entrar em crise ele me deixava aqui após de açoitar com o chicote esquentado. Minha mãe nunca apoiou tudo isso e sempre brigava com o mesmo, e agora estou aqui... com as costas em pura carne viva de queimaduras e cortes, voz rouca de tanto gritar por ajuda e esperando que meu pai parasse a tempo e dizer que me ama. Sinto meu corpo cair pelo cansaço e minha mente apagar e a última coisa que vejo é minha mãe abrindo a porta e vindo desesperada em minha direção.

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Damon: crystall, temos que ir... - Damon me tira de meus pensamentos dolorosos colocando a mão em meu ombro. Enquanto isso Mike e Olivia estão desesperados no andar de cima e brigando.

Mike: você não vai ver gente morta quando se formar?! Vai lá vê o bicho! - Mike grita desesperado.

Olivia: eu faço arqueologia seu imbecil! - ela grita de volta.

Mike: não é a mesma coisa?! - ele diz andando pra lá e pra cá no chão de madeira podre fazendo a mesma ranger alto.

Olivia: claro que não, animal! - ela diz mais rindo do que brigando nesse momento.

Crystall: vamos logo! Temos que sair antes que ele volte! - digo preocupada, e se ele voltou? E se isso é verdade... ele está atrás de mim...

Damon: eu consegui sinal! Dá pra ligar o GPS, vamos! - Damon diz com animação e todos sobem até a floresta. Agora vai ser o mais difícil... não pisar em mais armadilhas.

Um tempo depois...

Chegamos com dificuldade em nossas casas, ainda estou mancando um pouco mas com ajuda de Damon consigo pular a janela.

Damon: eu não quero perguntar mas... aquele era seu pai? - Damon diz com medo da resposta e eu debocho:

Crystall: não conhecia tudo sobre mim?

Damon: e eu conheço, quero ouvir da sua boca. - ele diz sério se aproximando.

Com a proximidade evidente de nossos corpos, eu viro o rosto pro lado desviando de seu olhar, tentando fugir do assunto. Sinto sua mão quente em meu pescoço lentamente antes de me fazer olhar pra ele novamente.

Damon: eu preciso saber mais, eu preciso saber o porquê da foto do seu pai estar lá. E se ele fez isso, crystall? Vai esconder sua história dos outros até quando? - ele diz sério em quase um sussurro ainda me segurando.

Crystall: eu... ele de fato seria capaz disso ok? Ele desapareceu após prometer que faria minha vida um inferno... - digo com a voz fraca

Damon: e ele está fazendo isso, Crystall. Ele transformou sua vida em um inferno. - ele diz segurando meu rosto com as duas mãos. Seus lábios estão tão próximos de mim agora... Deus! Que homem misterioso!

Crystall: eu vou contar a todos um dia... só me de um tempo... - resmungo sem pensar direito e ele encosta suavemente sua testa na minha.

Damon: eu vou lhe dar esse tempo, coelhinha. Mas saiba que quanto antes dizer é melhor. - ele diz antes de se afastar, tenho uma expressão frustrada que logo fica determinada.

Crystall: ah eu não vou deixar isso passar novamente! - digo indignada o puxando pra colar seus lábios nos meus, sinto Damon ficar surpreso mas logo retribuir.

Um beijo tão leve que sinto que ele estava querendo isso a muito tempo, seus lábios quentes vem tocando os meus lentamente me fazendo soltar um suspiro de satisfação, logo dou espaço pra sua língua se juntar à minha boca. Suas mãos vem em minha cintura e a apertam levemente me puxando pra ele, desço minhas mãos pelo seu peitoral coberto pelo casaco, mas quando levo meus dedos pra abrir seu zíper levemente ele para abruptamente parecendo sério porém vermelho.

Damon: p-presciso ir. - ele diz sério fechando seu casaco novamente.

Crystall: espera! Eu fiz algo errado? - pergunto preocupada com medo de ter lhe acionado um gatilho.

Damon: não me entenda mal, você não fez nada de errado. Já lhe ajudei com o tornozelo então preciso ir. - ele diz colocando seu capuz e indo até a janela pra sair.

Crystall: por favor, fale comigo! - digo correndo até ele e tentando o agarrar pra não sair, mas sinto um empurrão forte em meu corpo me fazendo quase perder o equilíbrio por conta do tornozelo.

Damon: não porra! Por que você nunca escuta inferno?! Já disse pra me deixar em paz! - sinto suas palavras repentinas me esfaquearem por dentro com uma força descomunal.

Fico parada apoiada na cama com a cabeça baixa enquanto seguro as lágrimas com toda minha força, Damon tenta me olhar nos olhos por alguns segundos antes de suspirar e pular a maldita janela, indo embora.