cap.23

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8 anos antes...

Alan ON

Sou um recruta que acabo de chegar na cidade, eu confesso que não gostaria de resolver os casos de Los Angeles... então vim pra cá. Logo no primeiro dia recebo uma ocorrência de violência seguido de fuga em uma casa, uma ocorrência anônima que só diz o endereço e o motivo, mais nada.

Delegado: vá lá checar. - O delegado manda me jogando as chaves da viatura.

Um tempo depois...

Chego em uma casa dentro da floresta de Nova york, está tudo tão silêncio... exito bater na porta mas logo bato 3 vezes. Uma mulher com o rosto um pouco pálido e abalado me atende, corpo magro que parece que não come a dias.

Mary: eu... sou Mary. - A moça diz estendendo a mão de forma relutante e eu a cumprimento. - O que faz aqui, policial? - Ela pergunta de forma relutante que me faz ter certeza de que tem algo errado.

Alan: eu só vim conferir uma ocorrência anônima, a senhorita está sozinha? - Pergunto calmo e noto suas mãos trêmulas com dedos machucados, mostrando ansiedade e agonia por algo.

Mary: só... estou eu e minha filha. - Ela diz baixinho com a postura retraída. - Mas por que crystall ligaria pra polícia? - Ela pergunta confusa.

Alan: não foi uma mulher quem ligou, foi um homem. Pela voz eu diria que foi um adolescente, por isso só eu vim pra ver se era um trote ou algo do tipo. - Digo calmo e ela franze o cenho. - E o seu marido? Está em casa? - Quando pergunto isso o corpo da mulher se arrepia, mostrando que a ocorrência é realmente verdadeira. - O que é isso?! - Pergunto assustado ao olhar pro chão perto da porta e ver um rastro de sangue que escoa até a floresta.

Mary: não é nada! Eu... - Antes que ela termine eu interrompo.

Alan: eu quero falar com a sua filha. - digo sério fazendo ela ficar ainda mais pálida. Entro na casa e sigo o rastro de sangue até um dos quartos, coloco as mãos na boca horrorizado com o que eu vejo. Uma garota muito pequena e magra, desacordada parecendo estar sob efeito de alguma droga, cabelos longos e brancos mostrando seu albinismo, porém manchada de sangue com marcas de luta em seu corpo.

Mary: por favor, não a acorde! - A mulher implora ao meu lado baixinho, crystall está deitada de lado em uma cama improvisada, Parece que nem cama seu quarto tem... ela dorme no chão... vejo sua camiseta manchada com muito sangue em suas costas então começo a tirar. - Não! Não faça isso! - Mary implora tentando me segurar mas é inútil.

Eu quase coloco meu almoço todo pra fora ao tentar levantar a camiseta e não conseguir, os machucados em suas costas estão tão inflamados, fundos e infecciosos que o tecido de sua pele se juntou ao tecido como se fossem um só.

Alan: médico... ela precisa... de um médico... - Digo quase vomitando e desistindo de puxar a camiseta do corpo da pequena. - Foi o pai dela quem fez isso? - Pergunto sem conseguir olhar diretamente pra crystall deitada ao meu lado.

Mary: foi... ele fez isso com minha menina... ela revidou pela primeira vez e ele fugiu... - A mulher diz entre lágrimas.

Alan: Ele bate nela a quando tempo? - Pergunto horrorizado com a cena, o quarto não tem nenhum brinquedo sequer, nem paredes cor de rosa e muito menos desenhos de criança pelo quarto. As paredes estão vermelho sangue, mas não pintado e sim manchado com o próprio sangue da garota.

Mary: desde... desde que ela se entende por gente... Dario nunca gostou dela... e eu não podia fazer nada pra impedir! Se não... eu apanhava também... - Mary diz entre soluços levantando um pouco sua blusa de frio mostrando um roxo em suas costelas.

Alan: preciso de uma ambulância urgente e um grupo de policiais, agora! - Digo no rádio em minha mão. - A ocorrência é verdadeira! Mande um pediatra também, tem uma criança gravemente ferida. - Completo antes de desligar o rádio e começar a cuidar de Mary com os primeiros socorros. Eu preciso saber mais sobre essa família...

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Crystall ON

Estou sentada paralisada no lugar, só olho pro chão enquanto Alan tenta rastrear a ligação, mas sem sucesso. Se tem uma pessoa que conhece aquela floresta tanto quanto eu... é o Damon, mas ele não quer vir. Nessa hora eu tenho uma ideia e me levanto em um pulo.

Alan: o que está fazendo? - Alan pergunta confuso. - Aonde vai, crystall? Seus amigos vão chegar em breve. - Alan me repreende ao me ver calçando um par de sapatos qualquer.

Crystall: preciso ir até Damon, preciso falar com ele. - Digo procurando minha bolsa.

Alan: você sabe que ele não quer ver você, crystall. Não força a barra... - Alan tenta dizer com cuidado mas não deixa de meu olhar furioso ir em sua direção, fazendo o policial congelar.

Eu não entendo... por que Alan tem tanto medo de mim? Eu não faria mal a nenhuma mosca, quem dirá em um policial... reviro os olhos afastando meus pensamentos e saio atrás de Damon.

Um tempo depois...

Chego em frente a sua casa e gentilmente toco a porta, após um tempo sem resposta, eu dou um "complexo de Damon" e escalo a janela. Ele está tão acostumado a invadir meu quarto... O que custa eu retribuir o favor? Subo em uma árvore qualquer outra acessar o 2° andar. Consigo ficar na sacada e ver Damon deitado de qualquer jeito na cama, lágrimas escorrem dos seus olhos como oceanos claros em pura tempestade de emoções, ele está de olhos fechados e distraído então entro pela janela sem que ele perceba.
  Ao ver o mais velho deitado de olhos fechados, penso o porquê dele estar nesse conflito interno e quero o ajudar, me ajoelho ao lado da sua cama e devagar meus dedos quentes por baixo da sua camisa, tocando sua pele gélida suavemente. Damon solta um suspiro longo e sinto seus pelos arrepiarem levemente, ele parece sentir que sou eu então não se move.

Damon: invadindo meu quarto, coelhinha...? - ele diz em um sussurro ainda com a voz embargada pelo choro.

Crystall: eu aprendi com você... - Digo em um sussurro calmo e com um sorriso leve, minha outra mão vai até sua bochecha e começo a acariciar levemente seus lábios com o polegar. - por que está chorando? - Pergunto suavemente.

Damon: não te interessa. - ele tenta dizer seco e grosso pra mim mas não consegue e mais uma lágrima escorre. - Me perdoe... - Ele se desculpa antes de soluçar levemente.

Crystall: pode me dizer o que está acontecendo? - pergunto me deitando ao seu lado, o faço olhar pra mim e encosto minha testa na dele, limpo uma lágrima solitária que escorre em sua bochecha com o polegar suavemente.

Damon: não quero falar sobre isso... - Ele diz baixinho abrindo os olhos e olhando pra mim.

Seus olhos parecem tão frágeis... tão tristes... sua respiração está um pouco ofegante e poucos soluços saem sem ele perceber, suas mãos gélidas estão trêmulas que procuram meu corpo para de segurar, como se eu fosse um porto seguro... como se eu fosse sua vida... Damon mataria por mim, e eu não tenho dúvidas disso... eu consigo ter certeza disso pois esse homem ranzinza e naturalmente chato está agora me abraçando e chorando com o rosto enterrado no meu peito até pegar no sono, quando tenho certeza de que ele está bem e dormindo tranquilo eu me levanto devagar e saio pela janela, só que deixo um presentinho antes...

onde está Anne?Onde histórias criam vida. Descubra agora