Tría - ἔρως

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A quadra tênis pegava fogo de tão quente, suada, cansada e decidida a parar antes que tivesse uma desidratação, chamei Olivia para se sentar na sombra, embaixo de uma árvore grande de frente para a piscina de casa. Tirei a polo esportiva branca ficando de top, coloquei o pano em cima da cabeça e bufei.

Não era para estar calor, mas acho que o clima resolveu fazer jus ao caos em minha vida.

— E o presente, como anda? — Minha amiga zombou, dando um tapinha em meu pulso.

Dei de ombros, indiferente.

— O que acha de jantarmos fora hoje? — Percebendo que eu não estava a fim de conversas, mudou o rumo do assunto.

Tirei a blusa do rosto e fitei expressão alva corada pelo sol.

— Ah, não sei. — Fiz careta — Sei la.

— Para, Unai. Eu pago, sério. Vaaaamos! Vamos, vamos, va-

— Ei, ei! Ta bom, eu vou. — Segurei a risada e ela me deu um selinho.

Revirei os olhos, negando.

— Aonde vamos jantar? — Perguntei casual, deitando em suas pernas.

— Um restaurante bar bem legal. — Soltou cheia de conspirações.

— O que você está tramando, Olivia? — Arqueei a sobrancelha, desconfiada.

— Um querido para quem tenho dado horrores vai estar lá hoje. Descobri por meio de terceiros, porque para mim ele disse que estaria em um compromisso com a família em Valencia. — Revirou os olhos.

— Sério? Vocês nem namoram, Liv! Vai perder seu tempo com isso? — Sentei outra vez.

— Eu quero saber se ele está mentindo, se estiver, vou cair fora. Além do mais... — Aproximou o rosto do meu — É uma ótima oportunidade para conversarmos e relaxar.

Estreitei as pálpebras, inclinando para lhe dar outro selinho, mais longo, que acabou virando um beijo breve.

— Você é idiota, sabe disso né? — Sussurrei risonha.

— Aham. — Sorriu brincalhona — Eu acho que estava começando a ficar a fim dele. — Torceu a boca.

— Ai, amiga... — Deitei em suas pernas outra vez — Você se apaixona três vezes a cada cinco meses, fica difícil acreditar.

— Mas dessa vez é pra valer, docinho. — Pontuou séria.

— Você sempre fala isso. — Rebati debochada — E no fim nunca é, sempre aparece um próximo ou uma próxima e assim seguimos desde os 13 anos.

Desbloqueei o celular e a primeira coisa que apareceu foi a foto de Atena fazendo topless na parada LGBT de Nova Iorque em 1999, antes que eu pudesse sair dali, Olivia pegou o telefone de meus dedos.

Corei.

— Não é o que você está pensando. — Apressei em dizer, levantando outra vez — Eu só...

— Uau. — Falou impressionada — Ela tem... Algo místico. Tipo... Meio caótico. Ela deve ter pegado tanta gente nessa época, tenho certeza.

Fiz careta.

— Sério que está secando a esposa do meu ex? — Balbuciei abismada.

— Ela é bonita, oras. Olha só isso 'cara, a vibe, a energia. — Mostrou a foto — Você fez o quê exatamente com essa imagem de madrugada em?

Tossi, engasgando a ponto do meu rosto virar um tomate ambulante.

— Se manca, Olivia. — Olhei em volta — Eu só estava curiosa. — Dei de ombros.

Atena - Romance Sáfico Onde histórias criam vida. Descubra agora