Atena - Romance Sáfico

τέσσερις

Hifefilia: Desejo, excitação, prazer ou preferência por tecidos como látex, couro e cetim. Não necessariamente o tecido precisa estar sendo vestido por alguém. As vezes, o simples contato com a pele, visual ou olfativo já serve como estimulo sexual para o indivíduo

Olhos azuis percorriam a sala de paredes cinzas com quadros de mulheres nuas imobilizadas por cordas pendurados como decoração e girava lentamente o vinho na taça curinga de cristais, a mente distante por alguns segundos, antes de ser lembrada do porque estava ali e os motivos que a deixaram desconfortável.

— Porque quer que eu te ajude com isso? — Sua amiga falando francês chamou-a de volta para o planeta terra, a mulher balançava o papel com curiosidade.

Atena remexeu na cadeira de couro, golou o vinho e manteve a expressão pacifica.

— Não posso contar, Victoria. — Falou também em francês, simples — Mas você tem muitos contatos com pessoas famosas por conta da sua mãe e eu sou bem antissocial para ter uma lista extensa como a sua.

— Karim não pode ajudar? Ele não é famoso, mas tem capangas que fazem tudo por ele e não sei como ter uma mãe ex-playboy pode te ajudar nisso. — Arqueou a sobrancelha escura, os cabelos com luzes em tom mel misturavam nos fios castanhos com sutileza, contrastando com a pele bronzeada esculpida em traços latinos.

— Karim me ajuda com outras coisas, não com isso. Ele não saberia lidar sem colocar tudo a perder. — Respondeu branda — E você sabe que sua mãe conhece muita gente famosa, assim como você.

Nem eu sei se vou saber lidar sem colocar tudo a perder. — Pensou.

— Vou ver o que posso fazer para te ajudar, prometo tentar. — Victoria Monet olhou para a vista de Paris, o céu turquesa anunciava o inicio de noite.

Atena analisou o perfil da mulher de 44 anos, bebeu do vinho e encostou as costas na cadeira.

— Ele me roubou. — Soltou simples.

Victoria tirou a vista da cidade, encarando-a como se não acreditasse no que estava escutando.

— Konrad?

— Uhum. — Concordou em som nasal, cruzando as pernas — Ele comprou uma ilha usando meu nome como laranja, mas... — Pausou, sentindo os dedos tremerem de ódio, ela os abriu e fechou em mania — Na hora eu não liguei muito, porque antes de casarmos ele foi usado por mim como um também quando quis sonegar impostos, há vários imóveis meus no nome dele, nós fizemos muitos malabarismos financeiros nos últimos anos como qualquer pessoa minimamente sensata faria. — Deu de ombros — Só que o caseiro que cuidava da ilha em sua ausência se demitiu misteriosamente, sem dizer nada, e três anos depois apareceu me falando coisas estranhas, coisas sérias, Victoria.

A mulher de pele bronzeada estreitou as pálpebras maquiadas, pegou o papel outra vez e leu o conteúdo lentamente, erguendo os olhos em tom de mel para a bilionária.

— Como assim coisas sérias? — Sondou.

— Muito sérias, tão bizarras que precisei tira-lo da Grécia, ele está morando na Inglaterra em uma das minhas propriedades em Yorkshire. Ele corre risco de vida. — Tocou a taça com a boca outra vez, acendeu um cigarro de cereja e puxou-o fortemente — Você é inteligente, já deve ter somado um mais um, mas para sua segurança vamos fingir que você não entendeu.