Atena - Romance Sáfico

Ennéa

N/a: RIP Twitter, a lenda.

Esse capitulo é meio tenso, talvez possa causar gatilho, leiam com responsabilidade.

Beijinhos.
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A tarde de sexta-feira começava peculiar e estava no quarto fitando a janela. No andar abaixo, conseguia escutar Sophia Zwart instruir os funcionários para que o jantar fosse organizado do jeito que ela queria ao receber os Alvaréz em sua espetácular residência em Las Moralejas.

"As flores, coloque mais para esquerda"

"Por favor, preciso que a comida esteja impecável"

"Pietro, os vinhos. Não se esqueça deles, querido"

Bufei e traguei o cigarro de maconha, soltando a fumaça lentamente, devolvendo o pirulito em formato coração para a boca. Fumar um era meu top 1 coisas favoritas no mundo inteiro, eu poderia sei lá, ficar uma semana inteira sem muitas coisas, mas com certeza cairia dura no chão se não fumasse um baseado sequer.

É relaxante e não, você não vai alucinar como alguns emocionados dizem por ai.

Maconheira, low profile, tímida, adepta do celibato voluntario, viciada em skin care e fã de brinquedinhos eróticos que posso ultilizar sozinha, essa sou eu.

Depois de todos os problemas no início da semana, achei que as coisas estavam voltando ao normal quando saí da empresa hoje depois de uma reunião gigantesca com os representantes da Toyota da qual participei com zero problemas para resolver, tudo perfeito e, apreciando o bom humor contínuo de Atena, mas, é claro que alguém tinha que estragar tudo. Ser bonita, gostosa e inteligente é uma coisa. Agora, bonita, gostosa, inteligente e feliz, puf.

Isso parece exagero para o destino. 

Comer Paella com a mulher que estava me enlouquecendo de tesão realmente já ia além do planejado no quesito benevolência.

E nem vamos entrar nesse mérito para eu não despirocar de vez.

Porra, eu fiz uma sessão a laser maravilhosa com a minha dermato ontem, saí de lá me sentindo uma princesa e é claro que eu teria que passar raiva em algum momento para que isso acelerasse o processo de rugas no meu rosto, deve ser divida de jogo.

— Ainda não está pronta? — A voz que eu menos ansiava em escutar naquele momento invadiu o quarto.

Puta que pariu, é a treva.

De olhos fechados, respirei profundamente o cheiro de perfume caro que invadiu o ambiente, traguei a piteira e permaneci analisando o céu perdido em tons roxo e turquesa. Algumas árvores espalhavam-se pelo campo e o azul da piscina refletia no muro que circulava nossa propriedade. Crescer em um lar privilegiado financeiramente é ótimo, mas uma mãe decente não se compra. Ou você tem a sorte grande de nascer com uma, ou passa a vida inteira se fodendo com os traumas que ela crava em você. Ai você engravida, tem outro filho, deixa traumas nele também e assim seguimos.

É por isso que minha avó não conversa com ela desde que voltou para a Holanda.

Anneliese foi uma mãe péssima, horrenda, mas é uma avó excepcional para mim e meus irmãos — nuances curiosas da vida adulta que ninguém explica.

— Eu não vou participar. — Larguei o baseado no parapeito, triturei o pirulito com os dentes e suspirei — Trabalhei bastante e estou cansada. Meu quarto está uma bagunça, pretendo arru-

— Seu quarto sempre está uma bagunça. — Cortou, balançando a mão em desdém — Você vai participar sim, o filho dos-

— ¡Joder!— Virei mastigando, observando a mulher loira, alta e com porte de modelo perfeitamente amparada naquele vestido bege longo e recatado com um blazer branco por cima — Você nãos desiste disso, não é? De me empurrar para aquele bebezão com energia de virgem.