o leilão

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Recebi o vestido azul marinho de seda no meu quarto às 17:00. Eu iria como acompanhante ao leilão junto do Sr. Anthony Garrot, o mafioso de meia idade que havia me contratado. É claro que o meu trabalho de verdade era ser sua guarda-costas.
Chegamos no prédio às 20:00 e o acesso ao local estava restrito devido aos últimos acontecimentos.

Enquanto aguardávamos no saguão principal, as portas foram trancadas e ouvimos sons de tiro vindo de fora.
Os convidados ficaram agitados, pedindo para que a organização devolvesse as armas que foram apreendidas na recepção.

De repente, aqueles dois surgiram na sala e controlaram o burburinho. Meu corpo se contorceu quando os vi.

Desgraçados! Como os odeio! Calma! Se controle... Senão sentirão sua hostilidade.
Mas, se eles estão aqui, algo sério está acontecendo. Hisoka... O quê as aranhas estão tramando?
Ah não, estou pensando nele de novo...

Me esgueirei atrás de uma coluna no saguão. A inconveniência de esbarrar com os Zoldycks era sufocante para mim. Mas nessa minha profissão, era de se esperar isso. Porém, eu evitava ao máximo os desafortunados encontros com aquela gente.

-Celeste! - O Sr. Anthony me chamou.

-Sim, senhor. Estou ouvindo.

-Quero que você saia e verifique o que está acontecendo lá fora. Aliás, você é a única que pode sair sem ser vista. Seguindo a previsão que recebi, preciso permanecer nesta sala. Seja os meus olhos e me mantenha informado pelo celular. Se as coisas piorarem, volte e me tire daqui.

-Certo, Sr. Anthony.

Ativei a Curtain Hidden e saí do saguão. Vi Zeno e Silva de relance, subindo a escada para o próximo andar.
Segui na direção oposta, a caminho da área externa.

Chegando lá, me deparei com as aranhas atacando violentamente a segurança da máfia.

Que merda 'tá rolando aqui!?

Saí para checar todo o perímetro ao redor do prédio do leilão, havia corpos para todos os lados. Caminhei mais uns metros, quando vi uma silhueta familiar no topo de um prédio a frente: era Hisoka.

"Não vá! Não vá!", minha mente disse. Mas desde que o Hisoka apareceu, eu já não dava mais ouvidos a essa voz e segui em frente.

Chegando no prédio, peguei o elevador que já estava subindo. Parei no 20° andar. Entrou um homem, magro, olhos profundos, nariz aquilino. Seus cabelos eram pretos e um pouco acima dos ombros. Eu ainda usava a Curtain Hidden e mesmo assim, de alguma maneira, aquele homem sentiu a minha presença. Ele ficou claramente inquieto, como se sentisse calafrio pelo corpo. Olhava na minha direção a todo instante. Algumas pessoas que são chamadas de médiuns podem sentir a minha presença mesmo estando invisível. Isso é algo ainda desconhecido. Por mais que minha aura e meu corpo não estejam visíveis, minha consciência está presente. Talvez essa consciência é o que resta quando morremos. Provavelmente, aquilo que chamamos de alma, espírito ou assombração, seja a consciência de alguém que já se foi.

Já havia programado o elevador para me levar até o último andar. A porta abriu e eu saí. Aquele homem imediatamente demonstrou um alívio quando viu a porta se fechando e a entidade que o assombrava ficando para trás.

Eu subi um lance de escada que dava para o terraço. Abri a porta de emergência e lá estava Hisoka.
Antes que eu pudesse dizer algo, assim que abaixei a Curtain, sem se virar para verificar se era eu mesmo quem estava ali ele disse:

-Você decidiu ignorar totalmente o meu aviso então? ♠️

-O quê as aranhas estão pretendendo Hisoka?

💧⭐𝙝𝙞𝙨𝙤𝙠𝙖 𝙚 𝙖 𝙠𝙞𝙡𝙡𝙚𝙧 𝙝𝙞𝙙𝙙𝙚𝙣Onde histórias criam vida. Descubra agora