𝑰𝒕 𝒋𝒖𝒔𝒕 𝒉𝒂𝒑𝒑𝒆𝒏𝒆𝒅 - 𝑲𝑨𝑻𝑺𝑼𝑲𝑰 𝑩𝑨𝑲𝑼𝑮𝑶𝑼

31: "ᴇsᴛᴏᴜ ᴅᴇᴄɪᴅɪᴅᴀ, ᴠᴏᴜ ᴍᴇ ᴛᴏʀɴᴀʀ ᴜᴍᴀ ɢʀᴀɴᴅᴇ ʜᴇʀᴏɪ́ɴᴀ"

Assim que vi o carro vindo em minha direção, pareceu que o tempo congelou. Um filme de tudo que vivi até hoje se passou em minha cabeça, e a imagem do rosto sorridente de minha mãe permaneceu em minha mente.

"Então esse é o meu fim?" - foi a última coisa que pensei antes de fechar os olhos fortemente.

Ouvi som de gelo e logo em seguida senti braços rodearem meu corpo. Abri os olhos instintivamente, dando de cara com Shoto. Arregalei os olhos e quando paramos do outro lado da faixa, me afastei dele.

S/n: O-obrigada... - foi a única coisa que consegui dizer.

Senti seus olhos sobre mim enquanto eu encarava o chão. Não estava com coragem de olhá-lo nos olhos, talvez por estar com medo de ver sua feição direcionada para mim.

Shoto: S/n.

Não respondi, apenas segurei a barra de minha saia com força.

S/n: Todoroki, eu-

Quando finalmente criei coragem para falar algo, fui interrompida por Shoto, que envolveu seus braços ao meu redor em um abraço. Pisquei os olhos confusa, não sabendo como reagir.

Shoto: Não acha que te odeio, né?

S/n: Talvez... - respondi depois de um tempo.

Shoto: Não me sinto assim como você pensa, até porque você não tem culpa das ações do Enji. Pra falar a verdade, eu sempre senti uma conexão diferente com você, e agora eu sei porque. Você é minha meia-irmã. Eu sabia que tinha alguma coisa, só não imaginei que seria isso.

S/n: E está... decepcionado?

Shoto: Óbvio que não. Você é uma garota gentil e de bom coração, tê-la como irmã é algo que me conforta. No início, quando nos conhecemos, percebi sua exitação em falar comigo. Nós dois temos problemas com nosso pai, mas podemos superar isso juntos. Eu e você.

A reação de Todoroki foi totalmente o contrário do que eu imaginei. Se eu estou triste? Claro que não, eu estou é muito feliz. Ele me aceitou, me aceitou como sua irmã, meia-irmã no caso.

Um sorriso de alívio se fez em meu rosto, logo em seguida lágrimas de felicidade rolaram pelas minhas bochechas. Passei meus braços ao redor de Shoto, retribuindo o abraço. Apoiei meu rosto em seu peito, sentindo o calor de seu corpo contra o meu.

S/n: Obrigada por me aceitar... - sussurrei.

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Depois de algumas horas, todos nós voltamos pra casa. Me despedi de todos, ficando só eu e Izuku, que me acompanhou até em casa como sempre faz.

Midoriya: Você pode dormir lá em casa, não tem problema.

Nego com a cabeça.

S/n: Não precisa, não quero incomodar.

Midoriya: Já disse que você não incomoda. Dorme comigo pelo menos hoje, não quero te deixar sozinha. - seu rosto cora - D-digo, não comigo, lá em casa...

S/n: Eu entendi. - sorrio - Mas realmente não precisa, Izu. Eu quero ficar sozinha, não precisa se preocupar.

Me aproximo dele e deixo um selinho em seus lábios.

S/n: Venha me visitar amanhã de manhã.

Midoriya: Tá bom... Se cuida, gatinha. - beija minha testa.

O abraço uma última vez antes de andar até a porta de casa, abrir, acenar para ele uma última vez e entrar.

Enji não aceitou a ideia de mim ficar sozinha, mas consegui convencê-lo de não encher o saco e me deixar ficar só, até porque eu quero um tempo pra mim.

Tranquei a porta atrás de mim e pendurei a chave no chaveiro. A primeira coisa que eu queria fazer era ir ao quarto de minha mãe, pelo menos lá eu veria um pedacinho dela.

Acendi a luz quando cheguei no quarto e fechei a porta. Olhei atentamente cada detalhe do cômodo, até meus olhos pararem em um porta retrato. Me aproximei e o peguei, vendo a foto de minha mãe jovem comigo criança em seu colo. Nós duas estamos sorrindo alegremente, parece que estávamos num parquinho.
A memória desse dia se passou em minha cabeça. Nós brincamos o dia inteiro e à noite comemos pizza e maratonamos vídeos de heróis profissionais. Esse era meu hobby favorito, eu amava conhecer um pouco do heroísmo e ter um momento a sós com minha mãe, que era um grande exemplo de heroína que eu tinha em casa.

Todas as lembranças que tenho dela sempre a vejo com um sorriso no rosto. Sua feição calma e seu bom coração, ela não merecia morrer. Mas eu sei que ela já esperava por isso, afinal ela era uma heroína, e muitos heróis morrem em ação. Eu devia estar preparada pra isso, mas não, eu não estava. Foi tão de repente, nunca imaginei que isso poderia acontecer.

Acabei dormindo no quarto de minha mãe. Chorei a noite inteira, e tive insônia. Estava morrendo de saudades dela, saudade de seus abraços e beijinhos. Queria ouvir sua voz novamente, queria pelo menos ter dito o quanto a amava antes de sua ida. Sei que ela sabe o quanto a amo, e sei que ela também me amava igualmente, ou ainda mais. Mas mesmo assim... Ainda assim... Queria ter falado pessoalmente pra ela.

Quando chegou o dia do enterro, chorei muito mais. Poderia ter feito uma enchente com tantas lágrimas. Em frente ao seu túmulo, prometi para ela que não desistiria do meu sonho de me tornar heroína. Vou ser tão forte quanto ela, e nunca, nunca mesmo, irei desistir. Isso é uma fase, e vai passar.

Estou decidida, vou me tornar uma grande heroína.

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