O próprio prédio da Education acordou Ed na "manhã" seguinte. O céu continuava na mesma cor de sempre, mas na lógica dos habitantes locais, aquele era o que poderia ser chamado de o dia de amanhã. Devia ser por isso que o corpo de Ed não se recuperara de todo o cansaço dos últimos acontecimentos. Seu organismo digital teria que se acostumar a despertar sem o laranja e sem a vista de cartões postais de Mascot Ville.
Ed soltou um muxoxo frustrado por essa nova perspectiva e saiu arrastando os pés cansados.
— Bom dia, senhor, como está sua manhã? — saudou o prédio, piscando as paredes-telas enquanto falava.
Um gosto amargo de ironia veio à boca do recém-assistente ao ouvir aquela pergunta. Apenas um dia antes ele acordava na sua mansão de Mascot Ville e discutia com seu aparespelho. Agora, estava ali... Dormindo em uma caixa de vidro difícil de chamar de lar.
— Eu ainda estou me acostumando... na real, é estranho olhar para essas paredes digitais e pensar que tudo isso é... Você sabe, de verdade. — Ed confessou, subitamente confortável para expor ao edifício o que realmente pensava.
— Sem problemas, senhor, o que acha de mudarmos a decoração novamente? Algo mais descolado, talvez?
O prédio mudou novamente toda a decoração e mobília da casa, para algo mais jovem, com pôsteres de bandas inglesas nas paredes, sofás escuros e luminárias estilizadas. Ed acompanhou a redecoração sem muita surpresa, já que aquela brincadeira perdera a graça para ele já no dia anterior.
— Acho que eu curti... — comentou o ex-mascote, robótico.
— Eu também preparei o seu café da manhã com um combo de todos os lanches de fast food e um refrigerante com copo de refil infinito que tem o sabor que você imaginar, senhor!
O humor de Ed mudou da água para o refrigerante assim que ele viu a fileira de lanches que cobria a mesa. Todos iguais aos dos anúncios! O apetite appeal do ex-mascote até aflorou só de olhar aquelas batatas fritas tãooooooo amarelinhas.
— Mano, você é mais inteligente do que meu antigo espelho!
Sem muita cerimônia, Ed se entregou àquele café da manhã, devorando tudo com pressa desproporcional à própria fome. Contudo, sua alegria da refeição foi interrompida pelo toque do seu ADphone. O prédio se conectou ao aparelho e o atendeu, transmitindo uma voz familiar pelas paredes-telas:
— Ed, cadê você? Já era para você estar atendendo a essa hora! Corre!
A irritação na voz de IRIS fez Ed deixar a mesa coberto de farelos e correr pela casa em busca de seu headset. Ainda bem que o prédio o ajudou e trouxe o artefato em cima de uma poltrona que deslizou pela sala. Obrigado, amigo, ele respondeu, cobrindo sua cabeça com a haste metálica e saindo pelo LED para encontrar com uma IRIS super contrariada do outro lado.
— Isso são horas?
— Desculpa, mas você deve ter percebido que aqui o céu está sempre escuro, então fica difícil "despertar", né?
Ed estava irritado com aquela cobrança.
— Ok, não vamos perder mais tempo com isso. Hoje eu aceito o convite para entrar no seu prédio, apenas para treinamento, claro.
— Então tá. — Ed deu de ombros — Chega aí.
A mudança abrupta de rotina provocou uma ponta de mau-humor em Ed, pontiaguda o suficiente para espetar IRIS. Ele não estava nem aí se ela era a Rainha de Bot Ville ou Sei Lá O Quê. Depois de sua experiência nada legal com o Programador de Teletransporte, Ed nem considerava a Ilha dos Reprovados um lugar tão ruim assim.
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Brand Lovers
RomanceENEMIES TO (BRAND) LOVERS! Você certamente conhece o competitivo mundo da publicidade. E tem escapatória? Os anúncios interrompem nossas experiências diárias, tomam conta dos espaços onde não são chamados, despertam ódio e desejo, incitam "a ânsia...