Prova e Dúvida

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"Aguarda-se pela certeza em um mar de imprecisão. A verdade não se esconde se camufla!"

Os lábios quentes e adocicados de Violet embriagaram Roman.
Ele desperta naquela manhã de domingo pensando se tudo foi apenas um sonho.
Lembra daquelas pequeninas mãos, passeando entre os seus cabelos enquanto ela o beijava quase lhe roubando o fôlego.
Seu perfume inebriante, insiste em ficar empregado em suas roupas.
Roman fecha seus olhos e ainda pode sentir a respiração de Violet em seu pescoço, assim como ouve sua voz sussurrando.
Seu abraço apertado antes de partir, com sua cabeça repousada em seu peito enquanto ele acariciava seus lisos cabelos castanhos.
Não fora um sonho!
Ele passa a manhã toda na cama, sai apenas para dar comida a Thor e volta em seguida.
Sabe que precisa de um banho mas não quer perder o cheiro de Violet.
A campainha toca.
Ele finge não estar e deixa que toque.
Mas Thor não para de latir, então, Roman se levanta e vai até a janela.
É o velho Finn.
Ele desde as escadas descalço vestindo a mesma roupa do dia anterior.
Abre a porta.

- Meu Deus homem, que cara é essa? Está de ressaca? - pergunta Sr. Finn adentrando o casarão.
Roman caminha preguiçoso em direção a cozinha, liga o fogo e enche uma chaleira para o café.
Ele se senta e coloca os cotovelos apoiados na mesa da cozinha e suas mãos seguram seu rosto sonolento.

- Bom dia, Sr. Finn. A que devo a honra de sua visita inesperada.

- Bom dia? Roman já passa das duas da tarde. Você não dormiu não? Está péssimo!

- Dormi, mas pouco.

- Tenho novidades. Liguei para o distrito policial de Edimburgo e falei com tenente-coronel, ele me disse que fez uma busca apurada nos arquivos, e encontrou as fotos que contém as marcas de cordas que o legista fizera na época.
Ele me fez uma descrição.
Agora precisamos procurar por algo que se assemelhei.

- O beco! Lá tem todo tipo de corda e materiais diversos, que os pescadores guardam.

- Então beba logo o seu café e tome um banho, pelo amor de Deus, você está fedendo.

Roman cheira sua roupas e axila, cerra seus olhos para o velho Finn, que ri de sua expressão.
Sr. Finn espera por Roman no quarto de descanso, bebe um pouco de uísque, ouve uma música e brinca com Thor.
Quando Roman sai do banho ele vê Sr. Finn dançando com Thor, esse pequeno momento de descontração lhe arranca um sorriso.
Pouco tempo depois já pronto ele remunga com Sr. Finn.

- Está se divertindo? Vamos, temos um trabalho a fazer... E você aí brincando.
Eles descem as escadas.

- Até mais tarde Thor, se comporte. Roman tranca a porta e eles caminham lado a lado na direção no centro da cidade.
Eles chegam no beco próximo ao cais.
Buscam dentro das caixas pelas cordas, mas há muitas, e de vários tamanhos diferentes.
Felizmente depois de algum tempo eles encontram uma que se parece muito com a descrição feita pelo tenente-coronel, o diâmetro e a espessura coincidem.

- Aqui! Achei! - grita o velho Finn.

- Shiiii... O que está fazendo? Fale baixo, quer nos denunciar. - Roman o reprime de dentes cerrados, falando baixinho.
Infelizmente eles foram pegos.

- O que fazem aqui em pleno domingo no meio da tarde? O que buscam? Essa propriedade é...

Roman interrompe a fala de Bernard.
- Privada? É isso que ia dizer? O beco é privado? E quem seria o seu dono? Você?
Sr. Finn pega disfarçadamente um pedaço da corda e guarda em seu bolso, enquanto eles estão distraídos se alfinetando.
Ele limpa suas roupas e sai do fundo do beco, onde estava atrás de umas caixas.

- Parem já com isso! Parecem crianças.
Já estamos de saída Bernard, não se preocupe. Me desculpe se os incomodamos.

- O que? Porque está pedindo desculpas para ele Finn? - retruca Roman contrariado.

- Deixe disso Roman, vamos embora. - Sr. Finn o pega pelo braço e lhe arrasta para longe das provocações de Bernard.
Eles saem apressadamente, rumo ao pub.
Lá dentro eles se sentam ao fundo do bar, onde há menos pessoas e também menos barulho.
O atendente serve os pedidos e agora respiram mais aliviados.
Mas não demora muito para que Bernard também chegue, deixando Sr. Finn apreensivo.
Ele senta-se a mesa, de frente para Roman.

- E então, encontraram o que estavam procurando?

Roman deixa pra lá, não caia nas suas provocações. - diz Sr. Finn com a mão em seu ombro.

- O que esconde no beco Bernard, uma passagem secreta por acaso? Porque tem tanto medo? O que você está escondendo?

Sr. Finn toma um gole generoso de seu uísque, pega Roman pelo braço e o carrega para fora do pub.

- Qual o seu problema Finn, porque está correndo dele?

- Ah você não sabe mesmo? A última vez que estiveram juntos quase se mataram.
Você foi preso, e por pouco não botou o seu disfarce no lixo. Só não foi pior porque você não bebe.

Roman respira fundo.

- Venha logo, vamos para minha casa. Precisamos comparar a amostra.

Roman olha para ele arregalado, enquanto Sr. Finn mostra a ponta da corda em seu bolso.
Eles riem.
No final conseguiram o que procuravam.
Mas ainda precisavam de uma evidência concreta. A corda usada nos crimes, nunca fora antes encontrada. Sem evidências não há o que se comparar, por tanto sem provas cabíveis para ligar o assassino.
Já na casa do Sr. Finn, eles bebem um café tranquilos, sem os olhos desconfiados de alguns.
Ele comparam então a descrição da corda enviada pelo tenente-coronel com a amostra retirada no beco mais cedo.
Check. Ela bate.
Roman e Sr. Finn se encaram, finalmente um passo a frente depois de tanta procura. Mas ainda não é o suficiente.

Epílogo

Roman está insatisfeito, mesmo com uma prova concreta em suas mãos.
Afinal de contas eles não tem o mais importante, a pista sobre o assassino.
Sabem apenas que ele está na ilha, mais precisamente em Portree.
Podendo ser qualquer um dos moradores.
Muitos fazem uso do beco, pescadores e feirantes. Eliminar um a um vai levar ainda mais tempo, e ele está acabando. Se não descobrirem logo, o disfarce de Roman poderá ser descoberto antes da conclusão, colocando tudo em risco.

O Enigma da Passagem.Onde histórias criam vida. Descubra agora