Sr. Finn

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"Nem todas as coisas ditas valem a pena serem ouvidas."


A noite fora terrível, um entra e sai na hospedaria tiraram o sono do forasteiro, sua cama bamba fazia ele levar um susto toda vez que se mexia, o colchão velho provocou-lhe uma crise alérgica.
Sem conseguir dormir, ele deixa seu quarto em direção a saída, seus olhos fundos denunciavam a péssima noite, ainda nem amanhecera e ele já estava de mau humor.

- Tome! - ele coloca o dinheiro em cima do bancada da hospedaria.
- Compre uma cama e colchão novos para o meu quarto, pode ficar com o troco. - a dona da hospedagem abaixa seus óculos de grau e o olha fixamente sem nada dizer, ele baixa a cabeça, ergue a gola de seu sobretudo, coloca as mãos nos bolsos e vai para rua.

Uma densa neblina cobre a cidade, todos ainda dormem, a tirar por alguns pobres pescadores que estão de partida do porto.
Ele aproveita e faz uma visita ao cais.
Se recosta em um pilar, enquanto observa os homens carregando para dentro dos barcos: caixas, cordas, linhas e todos os acessórios necessários para uma pescaria. Ao todo são nove embarcações que partem, elas retornam a cada três dias dependendo das condições marítimas.
Um pescador em questão chama atenção do forasteiro, ele é baixo, franzino e manco, diferente dos demais, que são altos e fortes. Parece que ele mais atrapalha do que ajuda. Eles se encaram mutuamente e uma garoa fina se inicia.
O capitão grita. E o barco zarpa.
Porém o franzino continua lhe encarando até sumir de vista.
Chove todos os dias em Portree, as ruas vivem molhadas e as pessoas estão sempre úmidas. Esse tipo de clima provoca ainda mais o mau humor do forasteiro.
Ele caminha até o pub recém aberto, entra e pede um uísque com gelo e um café preto puro. Se senta na mesma mesa, abre o jornal e inicia sua leitura.

- Bom dia senhor, aqui está o seu uísque e o seu café. Com licença.
O atendente limpa a bancada disfarçadamente enquanto o encara sem parar.

- Deseja perguntar-me algo? - diz o forasteiro folheando o jornal.

- Não senhor, desculpe senhor! - o atendente fora pego, ele fica envergonhado e sem jeito.

- Me diga uma coisa. - ele pergunta olhando pela janela.
- Os pescadores frequentam o seu pub, ou você serve apenas a clientela da alta classe?

Com a voz pouco trêmula o atendente responde:
- Eles preferem o pub ao sul da ilha, ele é mais isolado e a bebida também é mais barata.

Ele continua olhando pela janela enquanto bebe seu café. Deixa o dinheiro na mesa, veste sua boina e sai sem nada dizer.
O atendente retorna a mesa e vê o copo com uísque novamente intacto.
Agora ele começa achar o forasteiro um cara estranho.

Trin.. trin... É o barulho da campainha da bicicleta do menino.
- Olá senhor - diz ele sorrindo.

- Porque sorri? Está chovendo! - ele está mau humorado.

- E qual o problema, o senhor é feito de açúcar?
Ele olha para o menino desconcertado com a resposta.
- Desculpe senhor, fui mal educado.

- Está tudo bem, o que tem pra mim? Respira fundo.

- Podemos sair da chuva para conversar? - pergunta-lhe o menino.

Então ele o retruca:
- Você é feito de açúcar? Diga logo sem rodeios.

O menino lhe entrega um papel contendo as informações que pedira na noite anterior. Ele lê e guarda em seu bolso.

- Passe mais tarde na hospedaria para um lanche.

O menino assente e sai da correndo da chuva com sua bicicleta.
Ele por outro lado, vai ao encontro do Sr. Finn. A chuva antes persistente, pára, dando uma pequena trégua. As ruas estreitas, cheias de casas similares acabam confundido ele.

O Enigma da Passagem.Onde histórias criam vida. Descubra agora