Pistas

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"Até um grão de cevada pode confundir um descuidado, mas nunca um vigilante."


Quando a Sra. Smith chega cedo para abrir a clínica, o oficial já aguarda na porta de entrada.

- Bom dia oficial, posso ajudá-lo? - ela abre a porta e ele entra.

- Tenho uma consulta com o doutor.

Roman está descendo as escadas com Thor.
- Bom dia Sr. Romero, não esperava vê-lo assim tão cedo, aceita um café?
Eles se dirigem até a cozinha. Se sentam e a Srta. Boyd serve uma xícara para cada.

- Obrigado Cora, pode nos deixar a sós, por gentileza. - ela limpa suas mãos no avental e sobe as escadas para arrumar o quarto.

- Então Sr. Romero me diga o que posso fazer pelo senhor.

O oficial bebe um gole de seu café, e respira fundo antes de começar a falar.
- Doutor, eu recebi uma ligação do distrito policial de Edimburgo, mais precisamente do tenente-coronel.
Conversamos muito e acho que o senhor precisa de ajuda.

Roman se faz de desentendido.

- Escute doutor, o senhor não pode e nem deve iniciar uma investigação de assassinato sem a proteção da polícia. - diz o oficial baixinho para que ninguém ouça.

- Não devemos ter essa conversa aqui. Não a essa hora. Me encontre antes do pôr do sol na casa do Sr. Finn. E leve tudo que sabe sobre esse caso para discutirmos.

O oficial assente com a cabeça. E sai logo em seguida.

- Achei que o Sr. Romero teria vindo para uma consulta. - comenta Sra. Smith com Roman.

- Na verdade ele veio, mas era uma consulta diferente, se é que a senhora me entende.

Sra. Smith arregala seus olhos.
- Ahhh, sim... Entendo... Uma consulta masculina. Tudo bem.
Ela sai um pouco sem graça.

Como combinado eles se encontram antes do pôr do sol acontecer.
Roman chega primeiro e deixa o Sr. Finn a par do ocorrido mais cedo, e do que poderá acontecer de agora em diante.
Pouco tempo depois o oficial chega, ele traz consigo uma pasta.

- Boa noite senhores. - ele retira o seu quepe e entra.
Ele se sentam e iniciam a troca de informações.

- Então oficial nos diga o que o tenente-coronel descobriu em Edimburgo e o que você tem sobre os casos daqui?

- O tenente-coronel foi bem taxativo. Ele está revisando os casos, porém sem pistas nenhuma até agora, como já era de se esperar. Disse também que pretende visitar as famílias das vítimas em breve para tentar descobrir alguma coisa que talvez tenha passado despercebido na época.
Eu trouxe aqui as informações das vítimas. Eram todas mulheres na casa dos vinte e poucos anos, todas tinham marcas de corda nos pulsos e punhos, desapareceram no inverno, ou seja, um por ano.
Foram encontradas como se tivessem se suicidado. Ele é esperto, além de não deixar pistas, mantém a distância entre os assassinatos para não chamar a atenção os encobre simulando eles.

- Mas onde os corpos foram encontrados?

- Em várias partes da ilha, uma no sul, outra ao leste, uma no norte e a outra no oeste.

- Talvez as coordenadas possam nos dizer alguma coisa, precisamos de um mapa.
A ilha é bem grande, ele teve muito trabalho para achar o local ideal, e como conseguiu levar os corpos sem ser visto por ninguém?
Roman então faz uma pergunta ao oficial.
- O que sabe sobre o barbeiro Robert?

- Apenas o que todos sabem, que ele é um garçom vindo de Nova York.

- Soube que ele já causou vários problemas com dívidas de jogo e brigas por mulheres.

- Sim é verdade, ele é um bom homem, só que faz as escolhas erradas.

- E as suas tatuagens, sabe alguma coisa sobre elas?

- Ele tem muitas tatuagens, aonde quer chegar com isso? - ele pergunta, agora curioso.

- Ele tem um rosto feminino no braço direito e mais abaixo uma rosa cobrindo o que seria uma cicatriz.

- O rosto é em homenagem ao seu primeiro amor. Todos sabem disso, toda vez que ele bebe fala dela. Já a rosa eu não sei o que significa, mas sei como ele conseguiu a cicatriz que você fala.

- E como foi? - Roman está apressado pela resposta do oficial.

- Foi em uma das inúmeras brigas com a sua namorada, ele tentou segurar ela para que não o abandonasse e ela o mordeu, quase arrancando um pedaço seu, depois disso ela foi embora.

Eles indagam várias probabilidades e tentam encontrar um motivo para isso.
- Estou cansado, preciso espairecer. - diz Roman após horas seguidas de conversa sem nenhuma resposta concreta.

- Aonde vai? - pergunta Sr. Finn para a Roman enquanto ele veste o casaco.

- Para o pub! Boa noite senhores.
Ele coloca a sua boina e uma garoa fina cai. Roman caminha vagarosamente quando ele vê novamente o franzino no beco próximo ao pub, apressa o passo para alcançá-lo mas ao chegar, ele já havia sumido mais uma vez.
Bom, pelo menos agora Roman sabe exatamente onde ele se esconde e do que as conversas rápidas com o atendente se tratam, assim com aquelas caixas.
Ele entra no pub que está lotado. Sem lugar a mesa se senta na bancada. Pede uma bebida. Mexe com o dedo indicador o líquido entre um gole e outro de café.

- Está sozinho hoje doutor! - Bernard lhe dá um tapinha nas costas e se senta ao seu lado.

- Ah não, você não... Hoje não! - Roman fecha os olhos e abaixa a cabeça.

- O que foi não ficou feliz em me ver? - ele debocha.

- Estou cansado Bernard não tenho tempo para as suas piadinhas.
Roman paga a conta e pega sua boina e vai em direção a saída quando lembra de uma coisa e então retorna.
- Ah, e mais uma coisa, pare de enviar rosas a Violet, ela nem gosta de você.

Bernard segura o braço de Roman e o impede de sair.
- Do que está falando, doutor?

- Não se faça de bobo. Você enviou-lhe
uma rosa vermelha até a livraria sem cartão. Foi um pedido de desculpas pelo que fez na festa? Está arrependido?

- Eu não enviei nada. Não sei do que está falando. - Bernard responde sério e sua postura faz Roman acreditar nele.

Roman o encara e lhe dá as costas. Volta para o casarão. Agora com a cabeça cheia de dúvidas.

Epílogo

Roman está na cozinha, ele prepara um chá de alfazema que comprara na feira mais cedo, ele deseja saber como age a planta no organismo e quanto tempo ela leva para fazer efeito.
Enquanto bebe seu chá no seu quarto de descanso, ouve um pouco de música. Chove forte lá fora.
Os pensamentos do dia de hoje inundam sua mente.
"Se não foi Bernard que enviara a rosa para Violet, quem mais poderia ser?
O barbeiro deve ser descartado como suspeito?
O franzino, apesar dele ser estranho, não parece inteligente o suficiente para bolar um plano tão elaborado e sem pistas. Devo descartá-lo também?
Ele começa a se sentir sonolento, seus olhos pesam, então vai para cama.

O Enigma da Passagem.Onde histórias criam vida. Descubra agora