Capítulo 2 - Calor

49 16 186
                                    


  Minha respiração criava uma pequena nuvem de fumaça enquanto o helicóptero abafava os outros sons. Decidi partir cedo em direção ao primeiro Senhor da Guerra, estava mais perto da cidade mas ainda deu uma boa viagem.

  Agora eu estava no extremo norte do globo terrestre, em uma planície congelada. Até mesmo o céu tinha uma cor quase branca, o piloto pousou em um heliporto e eu desci.

  — Aconselho você a descer, venha comigo, vai morrer congelado aqui fora.

  — Se o senhor diz.

  O piloto me acompanhou em silêncio. Meu uniforme militar negro já retinha bastante calor então me concentrei em ajudar o piloto. Criei uma barreira fina da minha energia entre ele e o ar frio, uma espécie de cobertor.

  Ele não percebeu claro, também era um bom treino para mim. Manter a atenção no caminho e na camada protetora fina ao redor do piloto sem ele perceber era um bom exercício mental.

  — Senhor, andamos já algumas dezenas de metros.

  — É bem aqui – disse apontando para uma montanha de gelo.

  Toquei a superfície fria do gelo e enviei pulsos de energia em uma frequência combinada. Depois de três segundos surgiu uma fissura no gelo, a fissura se abriu como uma porta automática.

  Entrei pelo corredor e o piloto me seguiu, as paredes eram de metal como o chão. O corredor reto se tornou uma escada rapidamente, cada degrau tinha uma pequena linha transparente.

  Eram sensores de movimento feitos de energia, engenhoso e eficiente mas contra alguém como eu eram inúteis. Eu poderia facilmente igualar minha energia para me camuflar e andar normalmente.

  A ciência realmente trouxe avanços rápidos nos últimos anos mas amoleceu os soldados. Além de fechar as possibilidades de alguém realmente poderoso surgir e quando surgir seria Imbatível. A maior parte da população o veria como um deus, os soldados o veriam como um exemplo do ápice e ficariam desmotivados. Assim como aconteceu quando me tornei Alto-comandante.

  Paramos em frente a uma porta de metal que se abriu no instante em que parei. O capitão designado para esta região estava me olhando fixamente. Ele era um dos que pensava que eu era um erro, muito jovem para ser Alto-comandante.

  — Alto-comandante, a prisioneira está alguns andares para baixo.

  — Vamos então. E garanta que enquanto faço o que fui designado a fazer – coloquei uma mão no ombro do piloto, tenso e estático feito pedra – ele tenha um bom lugar para esperar.

  — Nada além do melhor, Alto-comandante.

  Reparei agora que este capitão tinha algumas rugas no rosto, não era velho mas devia ter dez anos a mais que eu. Isso explicava seu rancor. Eu era tudo que ele tentou ser em sua vida medíocre, jovem, poderoso e ele ainda era obrigado a seguir minhas ordens. Quase sentia pena dele, quase. Mas não havia nada que eu pudesse fazer de qualquer forma.

  Conforme ele me guiava até o local da prisioneira também explicava como funcionava o local. Tudo feito para abaixar a temperatura, havia um sistema de regrigeramento intenso conforme passamos os andares. Também haviam pessoas especializadas no uso da energia para a manutenção dos equipamentos de refrigeramento.

  Tudo era feito de metal e gelo, das paredes as cadeiras. Fazia sentido já que o metal dissipa calor rapidamente. Quando chegamos ao último andar e passamos por uma porta de metal eu vi onde estava a prisioneira.

  Do outro lado de uma ponte de gelo maciço havia um cubo de metal. Ele estava suspenso no ar, segurado por diversas correntes, acima havia o desfiladeiro gélido, abaixo a queda escura. Dos dois lados do desfiladeiro eu vi várias janelas, soldados apontando armas com munições gélidas.

ElevaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora