Capítulo 3 - Xadrez

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Assim que Helena assinou o contrato e colocou a pulseira ela foi tomar um banho nas instalações da prisão. Um soldado se ofereceu para fazer sua escolta mas não era necessário, se ela tentasse fugir eu sentiria sua energia.

  O capitão dessa divisão se aproximou com receio, creio que ele percebeu a diferença entre nós.

  — Alto-comandante, quer alguma coisa?

  — Mande uma mensagem para Hogan e diga que esta prisão é desnecessaria. Pode usar meu nome.

  Ele assentiu e praticamente correu para dentro da prisão, todos que estavam assistindo fizeram o mesmo. Do lado de fora ficamos apenas eu e o piloto que me trouxe aqui. Minha barreira ainda estava cobrindo seu corpo e ele não parecia perceber, bom.

  Desfiz a barreira e ele começou a tremer quase ao mesmo tempo.

  — O senhor estava... obrigado.

  — Realmente não notou? – coloquei a barreira de volta, dessa vez um pouco mais forte.

  — Não senhor, nunca me interessei pelo uso da energia então não passei do básico. Com o tempo nem o básico sei fazer.

  Quando Helena voltou parecia outra pessoa, pele limpa e brilhante, cabelo solto e lavado. Ela parecia uma mulher normal da cidade, exceto pelo olhar afiado.

  — Para onde agora?

  — O caridoso homem ao meu lado vai nos levar até Jader.

  Chegando na prisão era realmente como eu pensava, nada demais. Era só uma prisão de segurança máxima com vários criminosos. O local era um espetáculo olhando de longe, uma construção de pedra e concreto dentro de um vale. O vale era cercado por montanhas se tornando uma prisão natural.

  Não havia como escalar as montanhas, eram muito íngremes. Além disso, ficavam quase 100 metros depois dos limites dos muros da prisão. Todo o complexo tinha apenas uma saída, por onde vinham guardas e suprimentos, que fazia um túnel em uma das montanhas. Pelo que eu sabia tudo demorava cerca de um mês para chegar aqui. Mas o Hogan deu uma forcinha e avisou da minha visita.

  O piloto pousou em uma torre então descemos. O capitão desta divisão já estava me esperando com um reverência.

  — Alto-comandante Fayn, o prisioneiro já foi separado e espera o senhor.

  — Ótimo, Helena venha comigo. Capitão, quero que proteja meu piloto, não quero um arranhão nele quando voltar.

  — Como ordenar Alto-comandante, um dos meus irá guiá-lo até onde o prisioneiro está.

  Uma mulher se apresentou com uma continência e pediu para segui-la. No meio do caminho Helena deu um tapa no meu ombro.

  — Todo mundo te trata assim?

  — Assim como?

  — Com medo.

  Já era a segunda vez que essa mulher ia contra a maré. Primeiro dizendo que meu olhar era desolado agora falando que todos tem medo de mim. Nas duas meu cérebro deu um nó interno.

  Andei um pouco mais rápido e toquei no ombro da minha guia. Sua reação foi espanto, seguido de uma expressão de terror.

  — Seja sincera, sente medo de mim?

  Sua expressão suavizou quando a cabeça tendeu para o lado.

  — As histórias que contam sobre o senhor, como derrotou batalhões sozinho, o quão jovem é. Isso causava inspiração por aqui, era como uma lenda. Conforme as histórias foram crescendo, em escala e número, a inspiração se transformou em medo. Saber que alguém tão forte está aqui intensifica isso, parece que o senhor pode encerrar minha vida por qualquer erro mínimo.

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