Olívia Dantas
Era uma vez...
Brincadeira, minha vida não é um conto de fadas para começar assim, pelo contrário.
Hoje está sendo um dia difícil, creio que todo mundo já teve um também, admito que os meus acontecem com mais frequência.
Sabe aquele dia que tudo dá errado? O meu começou assim e estou com a sensação de que irá continuar, o meu humor não é dos melhores e acordar 4:30 para cuidar de gente bêbada só piora meu estado.
Mariza (minha mãe), não suportou que meu pai nos deixou há 5 anos e está cada vez mais se afundando nesse vício, no começo eu fui com ela... Sim, com 12 anos eu me viciei em bebida alcoólica, foi muito complicado sair dessa vida, entretanto vi que aquilo não era para mim e que não queria viver sendo uma bêbada, inútil, na minha adolescência, então eu parei. Simplesmente, parei. Já minha genitora, não.
Me levantei às pressas quando escutei algum vidro espatifando no chão da sala, ela tinha se desequilibrado e bateu o braço na mesa de canto que temos e logo o lindo vaso que ali decorava foi estilhaçado, o objeto em questão foi o último presente que meu pai deu a ela e essa recordação causou um choro excessivo, um detalhe: minha mãe não é de chorar.
Ajude-a levantar-se e fui em direção ao banheiro para lhe dar banho, suas condições eram péssimas, então tive que prestar minha solidariedade. O seu braço estava com um pequeno corte causado por um dos cacos de vidro, por isso peguei o kit de primeiros socorros que guardamos e o levei junto comigo.
Chegando lá, minha mãe já estava debaixo do chuveiro e ali percebi o quanto ela estava destruída psicologicamente, ela sempre foi vaidosa, uma mulher muito bonita e de bem com a vida e agora, estava completamente desolada, frustrada, cabelos sem cortar, unhas não feitas, os dentes começaram amarelar, eu não a reconhecia e isso me preocupou demais.
Não aguentei e disse:
Mãe, vamos ao shopping amanhã à tarde, tudo bem?
Por mim, tanto faz. -Me respondeu seco.
Eu queria fazer uma transformação nela, quem sabe assim sua autoestima aumente e ela comece a perceber que não está vivendo da mesma maneira de antigamente.
Só tem um problema, seu orgulho. Vai ser difícil a senhora me deixar ajudar, nesse caso, vou ter que fazer uma coisa que sinceramente detesto, mentir.
Por incrível que pareça ela tomou o banho sozinha, sob minha supervisão, mas eu precisava cuidar do ferimento mesmo não sendo grande e nem fundo estava com medo de infeccionar, isso iria me virar uma dor de cabeça maior.
Me deixe ver o machucado. -Disse e já fui pegando em seu braço.
Está tudo bem, nem estou sentindo dor. -Me respondeu ríspida.
Preciso pelo menos desinfetar, vai arder um pouco. -Peguei o álcool e com o auxílio do algodão, passei na região que já tinha parado de sangrar.
Ai, grr- Ela resmungou gruindo de dor.
Pronto, passou! Irei colocar um band-aid e acabamos. -A respondi.
O seu olhar analisava todos os meus movimentos, só não sabia se era cautela ou medo.
A levei para seu quarto e ela se deitou, coloquei a coberta ao seu lado caso sentisse frio até acordar, olhei no relógio da cabeceira e ele estava marcando 5:05 da manhã de um domingo, sai do cômodo e fui em direção a cozinha, como sabia que meu sono já tinha partido fui preparar algo para comer.
Fiz planos para o resto do dia, o primeiro deles era fazer um pão com manteiga na sanduicheira e um café bem amargo, do jeitinho que agrada meu paladar. Ele ia combinar direitinho comigo, dado que para algumas pessoas eu sou bem amarga, tudo bem, eu admito todos acham.
Creio que seja porque sou quieta no meu canto, falo com o mínimo de pessoas possíveis, porém a maioria das pessoas da escola são diferentes e isso faz com que eu vire a famosa "nerd". Confesso que esse apelido me irrita, como eu me afastei dos estudos quando meu pai se foi tive que retomar tudo de uma vez e por sorte não repeti de ano, como o estudo em minha vida tornou-se algo frequente, ao ponto de virar outro vício.
Atualmente, odeio ficar sem estudar, entretanto, esse ano eu comecei a trabalhar em uma sorveteria há uns 30 minutos da minha casa e amanhã é o primeiro dia de aula, minha rotina voltará ao normal, sendo assim, troquei o meu turno na sorveteria e irei começar das 17h até às 22:00h.
Sempre guardei minhas economias, mas vou ter que gastar com CNH, formatura, compra de um carro etc. São alguns gastos que irão ser grandes. Acabei de tomar meu café da manhã e vou para sala, especificamente o sofá, coloquei um filme aproveitei que tinha uma coberta minha ali e me cobri já se deitando, como eu não tive muito tempo para escolher, o filme era chato e entediante, sem perceber, adormeci.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Amor por uma perdição
RomanceOlívia Dantas, uma adolescente de 17 anos, cursando o último ano do ensino médio, nerd, amargurada, triste com a vida, querendo ter um pouco de paz e sossego, uma garota que já teve o seu coração quebrado e, por isso, jurou nunca mais se apaixonar p...