Olívia Dantas:
Pedi um uber, estamos prontas... Estou com um vestido preto até a canela com uma fenda do lado até no meio da minha coxa, um tênis branco básico e minha mãe está com uma saia longa preta e uma blusa branca por dentro.
Ok, admito faz muito tempo que não vejo minha genitora assim.
O uber chegou e entramos, o moço é super simpático e até o shopping ela deu muitas risadas.
Minha mãe está sorridente, feliz. Ainda não me acostumei, foi uma mudança repentina.
Depois que meu pai foi embora tenho um sério problema em confiar nas pessoas, em puxar assunto, em simplesmente sorrir... É eu fiquei com um trauma imenso.
Sempre me culpei tanto pelo o que aconteceu que pesquisei um monte de coisas sobre esse assunto.
Sabia que em 2023, dos 2,5 milhões nascidos no Brasil, 172,2 mil deles têm pais ausente. Sabe o quanto isso significa?
Muitas crianças sofrem com abandono tanto paterno, quanto materno e isso é horrível.
Após muito tempo entendi que eu não sou culpada, não fui eu que abandonei minha mulher com uma criança, não foi eu que desisti da minha família e ele foi um imbecil.
Acredito que quem já passou por isso sabe o que eu penso e me entende... E que não passou consegue me entender também.
Passou uns 20 minutos e chegamos ao shopping. Entramos e começamos a olhar as vitrines, até parecia que eu estava com a Bárbara, me sentia confortável na presença dela.
Avistei um salão e disse:
- O que você quer fazer primeiro? Ali no salão, tem manicure, pedicure, cabelereiro, depiladora, muitas coisas diferentes...
- Vamos lá então, começar isso. -Me respondeu.
- Tem certeza? Não estou te forçando. -Perguntei com o pé atrás.
- Tenho, quero fazer isso o quanto antes... -Respondeu.
- Ok, vamos lá.
Passamos pelas portas de vidro que decoravam a entrada, já entrei aqui uma vez com a Bárbara, mas faz um tempo.
A recepcionista veio de encontro com a gente, e disse bem simpática.
- Olá, boa tarde... Vocês precisam de ajuda?
- Oi, eu quero fazer a unha da mão e do pé, cortar o cabelo e tirar as sobrancelhas.
- Ok, temos horário agora para as unhas, o cabelo tem só daqui 2 horas. É o tempo de terminar, depois pode ir para a sobrancelha... Pode ser, senhora?
- Claro -Minha mãe a respondeu.
- A moça que vai fazer suas unhas se chama Pietra, entrem e fiquem à vontade... Boa tarde para vocês.
- Obrigada –Respondemos juntas.
O salão é bem grande, seguimos para o corredor... É cheio de salas, cada uma é um trabalho diferente.
A primeira e a segunda que são frente a frente, são cabelereiros. A terceira é a manicure, quarta pedicure, quinta depilação, sexta é design de sobrancelha e a sétima é uma mini cozinha com café, capuccino, bolacha, biscoito, água, refrigerante, entre outras coisas.
Era bem diferente dos outros shopping, lá é um cômodo só, tudo aberto... Esse é dividido por salas porque tem mais privacidade.
Minha mãe entrou em uma das salas da Pietra e começou a fazer as unhas... Ela decidiu pintar de nude escuro, sendo ele um esmalte permanente. Assim ele dura mais.
Eu fiquei só observando, ela parecia muito diferente... Uma verdadeira mulher renovada, recuperando sua dignidade.
Está tudo dando certo por enquanto, não quero parecer pessimista, muito menos egoísta só que, eu não sei... Não sei o que pensar, estou confusa.
Passou 1 hora e a unha ficou pronta, agora vamos trocar de sala para ela fazer as unhas do pé.
Elas ficaram bem bonitas, é realmente uma esmaltação de respeito... A Pietra deu seu nome.
- Filha, quer dar uma volta pelo shopping? Vou demorar aqui ainda. - Me perguntou.
- Acho que vou sim, daqui a pouco eu volto... Ok? - Respondi.
- Tudo bem.
Sai da sala, falei com a recepcionista e adora irei andar agora.
Fui para a praça de alimentação, olhei no celular e são 14 horas... Comprei um lanche e escolhi uma mesa para sentar.
Olhei ao redor e vi um monte de casal, isso me dá até arrepio... Me faz relembrar do passado.
Me arrependi de sair do salão, agora estou quase chorando só por lembrar das merdas que passei.
É difícil se apaixonar né? Para mim atualmente isso é impossível, sem condições nenhuma, não tem como cogitar essa ideia.
Encontro-me sozinha, gosto disso... Ninguém me preocupa ou me irrita, estou aprendendo a conviver comigo mesma.
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Amor por uma perdição
RomantikOlívia Dantas, uma adolescente de 17 anos, cursando o último ano do ensino médio, nerd, amargurada, triste com a vida, querendo ter um pouco de paz e sossego, uma garota que já teve o seu coração quebrado e, por isso, jurou nunca mais se apaixonar p...