Gerard Way tivera uma infância e juventude conturbada há quase 100 anos. Ao falecer de hipotermia, fora adotado por um demônio que cuidou e o ensinou a como ser um e aos 17 anos tornara-se um verdadeiro demônio. Gerard não gostava das ações negativas de seu povo. Foi chamado de fraco por não se alimentar do sofrimento humano, pois já havia sido um mortal e não conseguia sentir ódio pelos humanos. Ele sentia pena de suas misérias e vidas patéticas. Gerard estava andando pelas ruas de Nova Jersey, ninguém conseguia ver ele, apenas aqueles que estavam perdidos e talvez insanos conseguiam ver sua sombra. Foi jogado por um grupo de demônios de sua idade como castigo por não ter ajudado a perturbar uma pobre moça com depressão pós parto. O demônio andava pelas ruas de maneira solitária, olhando os próprios pés que andavam pelas ruas mal iluminadas. Era inverno em Nova Jersey e estava em 1997, não havia nada além de escuridão e neve por onde perambulava. Os seus chifres, ainda em desenvolvimento, incomodavam, causando uma dor de cabeça terrível. No entanto, isso não era tão horrível quanto o que acabara de presenciar: um rapaz de cabelos negros e bagunçados, chorando enquanto chutava um poste de luz. Gerard, paralisado, inclinou a cabeça para o lado, intrigado com a atitude rebelde do jovem. Uma mulher com um cachecol roxo correu até ele, ela era mais velha e ficou próxima, colocou uma manta sobre o corpo rebelde - eles se fitaram com olhares doloridos, pareciam compartilhar da mesma angústia
"Eu não consigo mais viver assim." Ele choramingou com uma dor insuportável em sua voz. Seus olhos, antes brilhantes, agora estavam vermelhos e inchados de tanto chorar. As lágrimas, quentes e salgadas, percorriam seu rosto angelical, agora marcado por um sofrimento profundo que parecia não ter fim.
"Vamos para casa, ok? Chega de baderna essas horas." Ela disse friamente, mas o demônio captou sua atuação para parecer forte na frente do mais novo, provavelmente seu filho. A morena estendeu sua mão e ao agarrar os dedos trêmulos e machucados ergueu o rapaz. Ele lançou um olhar para Gerard, parecendo vê-lo, e fungou o nariz. Talvez o humano quisesse questionar por que o homem estava parado no meio da rua, observando-o em seu estado de decadência.
Logo na escuridão desapareceram as pobres almas mortais. Gerard observou enquanto a mulher e o rapaz entravam na casa com pressa, como se quisessem se esconder do frio e da dor que pareciam persegui-los. Ele parou do lado de fora, hesitando por um momento antes de decidir que precisava ver a situação mais de perto Gerard deu alguns passos hesitantes em direção à casa, tentando não fazer barulho na neve. Aproximando-se da janela, ele espiou discretamente para dentro, curioso para entender melhor a dor que acometia aquele jovem. Ao olhar pela janela embaçada, Gerard viu a mulher ajudando o rapaz a se sentar em uma poltrona desgastada. Ela tirou o cachecol e a manta dele, depois foi até a cozinha, provavelmente para preparar algo quente. O jovem continuava imóvel, encarando o vazio com um olhar perdido, como se o peso do mundo estivesse sobre seus ombros. A mulher voltou com uma xícara de chá e a ofereceu ao filho, que a pegou com mãos trêmulas. Ela se sentou ao lado dele e começou a falar, sua voz agora mais suave e carinhosa.
