Força na União

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Desde o dia em que Pedro e Lilian confessaram seus sentimentos um pelo outro, algo mudou na dinâmica entre eles. Embora ainda estivessem sempre juntos, uma barreira invisível parecia ter se erguido. A proximidade física que antes era natural agora estava carregada de um novo significado, fazendo com que ambos ficassem tímidos ao se tocar ou se abraçar. No entanto, os sentimentos que compartilhavam eram mais fortes do que nunca.

Lilian estava muito melhor graças ao apoio constante de Pedro e ao tratamento que vinha recebendo. Pedro, por sua vez, estava feliz por vê-la progredindo, mas a barreira emocional entre eles o incomodava. Ele se perdia nos olhos de Lilian frequentemente, desejando ter a coragem de expressar fisicamente o que sentia em seu coração.

Um dia, Lilian estava no pátio da escola, aproveitando um momento de tranquilidade. Enquanto caminhava, ouviu alguns alunos comentando sobre ela.

— Você ouviu sobre a Lilian? — disse um deles. — Ela tem aquele distúrbio de personalidade. Aposto que é difícil para ela manter qualquer amizade.

— Sim, ouvi dizer que ela é um problema ambulante — respondeu outro, rindo.

Lilian sentiu as palavras como facas. O pânico começou a tomar conta dela, e, incapaz de controlar as lágrimas, saiu correndo. Refugiou-se no banheiro, trancando a porta atrás de si. Chorava intensamente, as mãos tremendo.

Pedro, que estava por perto, percebeu a ausência repentina de Lilian e logo ouviu os comentários dos alunos. Sem perder tempo, correu atrás dela, seu coração batendo forte com preocupação.

— Lilian! — chamou ele, ao entrar no banheiro feminino, ignorando os olhares curiosos. — Lilian, sou eu, Pedro. Por favor, fale comigo.

— Pedro, vá embora! — gritou ela entre soluços. — Eu não quero que você me veja assim.

— Eu não vou a lugar nenhum, Lilian. Estou aqui para você, sempre — respondeu ele com firmeza.

Pedro esperou pacientemente do lado de fora, ouvindo os soluços abafados de Lilian. Depois de alguns minutos, ela destrancou a porta e saiu, com as mãos ainda tremendo e lágrimas escorrendo pelo rosto. Pedro não hesitou; ele a abraçou com força.

— Eu nunca vou te deixar, Lilian — disse ele suavemente. — Eu prometi, lembra?

Lilian se agarrou a Pedro, sentindo-se um pouco mais segura em seus braços. Depois de alguns momentos, ela se afastou um pouco e olhou para ele, os olhos vermelhos de chorar.

— Eles falaram sobre mim, Pedro. Disseram coisas horríveis sobre meu distúrbio. Eu só... eu só quero ser normal.

Pedro segurou o rosto dela com ambas as mãos, olhando diretamente em seus olhos.

— Lilian, você é perfeita do jeito que é. Não deixe que as palavras dessas pessoas te machuquem. Elas não sabem nada sobre você, sobre a sua força. E se alguém tiver algo a dizer sobre você, eles vão ter que passar por mim primeiro.

Decidido a acabar com aquela situação, Pedro pegou a mão de Lilian e a levou para o centro do pátio, onde muitos alunos ainda estavam reunidos. Ele respirou fundo e, com a voz alta e clara, declarou:

— Esta é a mulher que eu amo! Se alguém tem algum problema com ela, fale comigo!

O pátio ficou em silêncio. Todos os olhares se voltaram para Pedro e Lilian. Luís e Arthur, vendo a cena de longe, se aproximaram e se postaram ao lado de Pedro.

— E ela é nossa amiga — disse Luís, a voz firme. — Se alguém tiver algo a dizer, fale com a gente também.

Arthur completou, com sua calma habitual:

— Todos nós temos nossas lutas. Julgar os outros não é justo. Se alguém tiver algo a dizer, estamos aqui para ouvir.

O silêncio persistiu por alguns momentos até que um aluno, visivelmente constrangido, murmurou um pedido de desculpas. Outros começaram a abaixar a cabeça, sentindo o peso da reprovação coletiva.

Lilian olhou para Pedro, seus olhos cheios de gratidão e admiração. As mãos ainda tremiam levemente, mas agora era de emoção, não de medo.

— Pedro, obrigada. Eu... eu não sei o que faria sem você.

Pedro a abraçou novamente, sentindo uma onda de alívio e felicidade.

— Você nunca estará sozinha, Lilian. Sempre estarei ao seu lado.

Os dias que se seguiram foram diferentes. A barreira entre Pedro e Lilian começou a desaparecer, substituída por uma nova confiança. Lilian sentia-se mais segura, sabendo que tinha amigos que a apoiavam incondicionalmente. E Pedro, com o coração mais leve, sentia-se grato por poder ser aquele que estava ao lado dela em todos os momentos, bons e ruins.

E assim, com a força de sua união e a coragem de enfrentar qualquer desafio juntos, Pedro e Lilian continuaram a trilhar seu caminho, sabendo que, independentemente do que o futuro reservasse, eles estariam sempre juntos, prontos para apoiar e proteger um ao outro.

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