Preocupações e Desaparecimentos

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Pedro não conseguia afastar a sensação de culpa que o assolava. Uma semana havia se passado desde que Lilian confiara nele, revelando seu distúrbio de personalidade. Ele se repreendia por não ter percebido antes, por não ter notado os sinais de que algo estava errado. Cada vez que as mãos de Lilian tremiam, a culpa o consumia mais um pouco.

Decidido a ser o apoio que Lilian precisava, Pedro estava sempre ao seu lado. Quando as mãos dela começavam a tremer, ele as segurava com firmeza, transmitindo calma e segurança. Se ela não conseguia esconder os tremores, ele a levava para fora da sala de aula, onde a abraçava e sussurrava palavras reconfortantes até que a crise passasse.

A amizade deles se tornava mais forte a cada dia, mas a preocupação de Pedro aumentava. Ele sabia que, apesar de seus esforços, Lilian ainda enfrentava grandes desafios. E isso o deixava inquieto.

Numa tarde de sexta-feira, Pedro sugeriu uma caminhada no parque. Pensou que o ar fresco e a natureza poderiam fazer bem a Lilian. Ela concordou, e os dois passaram horas conversando sobre assuntos triviais, tentando esquecer, ao menos por um momento, os problemas que os cercavam.

Enquanto caminhavam pelo parque, Pedro se virou para comentar algo, mas ao voltar o olhar para onde Lilian estava, seu coração parou. Ela havia desaparecido. O pânico tomou conta dele.

- Lilian? Lilian! - gritou, a voz carregada de desespero.

Pedro começou a correr pelo parque, procurando por todos os cantos, perguntando a quem encontrava se tinham visto uma garota com as características de Lilian. O tempo parecia se arrastar, cada segundo uma eternidade.

Finalmente, avistou-a na rua, fora do parque, andando desorientada e chorando. As pernas estavam raladas, e as lágrimas escorriam pelo seu rosto. Pedro correu até ela, o alívio misturado com a preocupação.

- Lilian! - chamou, sua voz quebrando.

Ela olhou para ele, os olhos cheios de medo e confusão. Pedro a abraçou forte, sentindo o corpo dela tremer.

- Por que você fez isso? Por que saiu correndo assim? - perguntou, as lágrimas rolando livremente pelo rosto.

Lilian soluçava, lutando para encontrar palavras. Pedro segurou seu rosto com as mãos, olhando diretamente em seus olhos.

- Está tudo bem, Lilian. Eu estou aqui. Vamos resolver isso juntos.

Ela assentiu, ainda chorando. Pedro a ajudou a sentar-se em um banco próximo e começou a limpar suavemente os arranhões em suas pernas com um lenço que sempre carregava.

- Eu... não sei o que aconteceu - murmurou Lilian entre soluços. - De repente, tudo ficou confuso, e eu me senti perdida.

Pedro segurou suas mãos novamente, tentando transmitir toda a segurança e carinho que podia.

- Não precisa explicar, Lilian. Estou aqui para você. Vamos superar isso juntos, um passo de cada vez.

Os dois ficaram sentados ali por um tempo, até que Lilian se acalmasse. Pedro decidiu levá-la para casa, onde ela poderia descansar e se recuperar do susto. Ao chegarem, ele a ajudou a entrar e ficou um tempo com ela, certificando-se de que estava bem.

Nos dias seguintes, Pedro redobrou seus esforços para estar presente para Lilian. Ele não queria que ela passasse por algo assim novamente, e estava determinado a fazer o que fosse necessário para ajudá-la. Luís e Arthur, vendo a dedicação de Pedro e a fragilidade de Lilian, começaram a se aproximar mais, oferecendo apoio e tentando incluí-la em suas atividades.

Um sábado à tarde, enquanto estavam na casa de Luís, Arthur propôs uma ideia.

- Pedro, talvez devêssemos buscar ajuda profissional para Lilian. Sei que você está fazendo um ótimo trabalho, mas um terapeuta poderia realmente ajudar com o distúrbio dela.

Pedro assentiu, reconhecendo a sabedoria nas palavras de Arthur.

- Você tem razão, Arthur. Vou conversar com ela sobre isso. Quero que ela saiba que não está sozinha e que há pessoas que podem realmente entender e ajudar.

Na segunda-feira, Pedro esperou Lilian no portão da escola. Quando ela chegou, ele a levou para um lugar tranquilo e começou a conversar.

- Lilian, eu estive pensando... - começou, segurando suas mãos. - Talvez fosse uma boa ideia procurarmos um terapeuta. Alguém que possa te ajudar a entender melhor o que está acontecendo e a lidar com isso.

Lilian olhou para ele, surpresa, mas viu a sinceridade e a preocupação nos olhos de Pedro.

- Eu... eu acho que é uma boa ideia - respondeu ela, depois de um momento de reflexão. - Só tenho medo do que podem dizer sobre mim.

Pedro apertou suas mãos suavemente.

- Não se preocupe com o que os outros pensam. O importante é você se sentir melhor. E eu estarei ao seu lado em cada passo do caminho.

Lilian sorriu, um sorriso tímido mas genuíno, e Pedro sentiu uma onda de alívio. Ele sabia que a jornada seria longa e difícil, mas estava pronto para enfrentar qualquer desafio ao lado dela.

E assim, com novos planos e esperanças renovadas, Pedro e Lilian se preparavam para enfrentar os desafios que viriam, certos de que, juntos, poderiam superar qualquer obstáculo.

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