4 - Segunda rua

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                                           ( Pov: Tae )

Ao acordar, nem lembrei que tinha que ir em minhas memórias, só desci e fiz um café da manhã maravilhoso. Servi a mesa e quando estava terminando de lavar o que eu sujei senti um abraço em minhas costas, era S/n, quentinha, parecendo que tinha acabado de sair de baixo da coberta.

— eu fiz um café, sinta-se servida. — eu virei pra ela e retribuí o abraço.

— pode deixar, eu vou comer sim. — ela sorriu para mim.

— bom, vou subindo pois tenho que ir nas minhas memórias. — eu disse secando minhas mãos no pano de prato.

— ah taehyung, fala sério, você não vai comer comigo? — ela disse olhando para o café.

— eu realmente estou sem fome, mas posso me sentar à mesa com você. — afirmei.

Voltei em direção a mesa, e me sentei próximo a S/n.

— taehyung, eu, eu ainda te amo, sabia? Penso em você, e não consigo ver outro que você me vem à cabeça. Mas e você, você me ama? —

— é complicado S/n, não posso me apaixonar por ninguém, caso o contrário eu viro humano, e o amor... Amar alguém não é coisa que um anjo pode fazer. — eu disse olhando para ela.

— então me beijou por interesse? Para aliviar um desejo? Eu fui tola mesmo, você é um anjo né, o que iria querer com uma mísera mortal? — ela disse colocando a comida na mesa e me encarando.

— mas S/n.. — ela me cortou.

— não precisa se explicar, eu te entendo, eu fiquei emocionada só. — ela levantou e pegou sua roupa e seus sapatos. — obrigada por me buscar! — Ela disse indo em direção a porta.

Eu realmente quero S/n em minha vida, e dizer que é só um desejo não é errado, ou é? Me senti um lixo por ter machucado S/n novamente, eu só sirvo para ser anjo mesmo. Nós anjos, por mais que somos  considerados seres de luz, nós somos seres murchos, sem alegria ou empatia no coração.

Subi as escadas e fui para o meu quarto, parei à frente do espelho e estalei o dedo de qualquer forma, sem nem ligar para minha veste. Lá eu estava, nas minhas memórias, comecei a caminhar sem medo algum, fui olhando com atenção para ver se existia mais erros por lá, e por incrível que pareça tinha, como podemos errar a esse nível? Como existe uma mulher entre 16 anjos? Vi tantos erros que não me segurei por muito tempo, assim que vi o pior corri e nem vi o final da rua. Estalei os dedos e voltei para minha casa, infelizmente não dava para socar o espelho novamente, eu estava de curativo. Mas com raiva fui para o banheiro e me troquei, coloquei que um terno cinza e fui para o espelho. Penteei meu cabelo sem mesmo lavar, e olhei com raiva para o espelho, estalei os dedos novamente e lá eu estava, no lugar onde muitos chamam de céu, onde outros chamam de inferno, e na minha opinião, não passa de uma linha intermediária, onde os anjos e o maior foram se esconder da coisa medonha que é o mundo.

— cadê ele!? — falei assim que vi alguns anjos.

— se fala do maior, ele está para lá. — o anjo fez sinal com a própria cabeça.

Não fiquei parado ao ouvir o que ele disse e fui, segui reto e nada de eu achar ele, então eu parei para respirar, quando vi a mulher das minhas memórias, ela estava caminhando para um quarto meio escondido, eu levantei e fui segui-la, eu já sabia o que ela estava indo fazer.

— ou, senhorita. — falei mas ela continuou seu caminho.

Ela foi até a porta e entrou, então eu também fui. Não bati só entrei, e ao entrar a sala está vazia particularmente, só tinha apenas uma pessoa lá, o próprio maior, que estava de costas para porta, virado para uma janela. Então eu aproveitei e perguntei.

— o que eu sou, senhor? — ele virou assustado para mim.

— Kim Taehyung, que bom vê-lo novamente. — ele veio em minha direção abrindo os braços para um abraço, que foi sem sucesso.

— não mude de assunto. — eu andei para trás, o que fez ele parar.

— você é um anjo, como diria os humanos. Mas como eu te chamaria?? — ele diz se virando e indo para a janela. — você é só uma pedra não tão preciosa Kim, com uma inteligência elevada. — ele acrescentou.

— e como se considera? Muita coisa? Como uma criatura que nem você pode ser desumilde com quem te criou? — eu disse mantendo minha postura.

— vai se arrepender do que diz. — ele se vira pra mim. — você acha que eu não sei o que sente por S/n? Que eu não sei o que aconteceu pela noite de ontem? Você é um tolo Taehyung. — ouvi ele dizer e entrei em estado de choque.

— já que tem o direito de quebrar as regras, vou te mostrar que também tenho. — me virei e fui em direção a porta. — não ouse me interromper, interromper minha vida, essa conversa ainda não acabou! — disse saindo.

Eu saí da sala e fui até onde eu tinha chegado, olhei para os dois lados, não vinha ninguém, então eu estalei meus dedos. Ao aparecer em casa fui a procura de meu celular, não encontrei ele em lugar nenhum do meu quarto, então desci para a sala, e também não achei. Então fui até a cozinha, ao ver como estava senti um aperto no coração, uma coisa que eu não costumo sentir, mas senti naquele momento. Eu havia preparado um café que aparentava estar bom, e ele nem tinha sido comido direito. Vi que meu celular estava na mesa, então peguei, e disquei um número de telefone, esperei a pessoa atender, mas ela não atendeu, então na segunda vez que eu liguei a pessoa atendeu.

— o que você quer? — ouvi a voz de S/n com um tom chateado.

— você. — eu disse sem me controlar, com meu coração mais rápido do que uma furadeira.

— já chega Taehyung, diferente de você eu me machuco com palavras. — ouvi ela dizer.

— estou disposto a viver ao seu lado! Eu já te disse S/n, você é a única que mora em minha cabeça, a única que me fez virar um humano por alguns meses! — ouvi ela suspirar. — acho que não é um assunto para conversarmos por celular, eu, eu posso te ver? — perguntei esperando um sim.

— ah taehyung, hoje eu só vou estar livre para mais tarde, agora eu estou ocupada. —
Ela disse, o que me deixou desconfiado.

— eu espero, sem problemas, vou ser paciente. — eu não escutei respostas do outro lado da linha. — me liga quando puder? —

— pode deixar. — pude ouvir ela dizer.

Então ela mesma desligou, não sei o por que, mas eu me senti ansioso. Ansioso, uma coisa que eu não sabia decifrar, é como um sinal de esperança, é que o ruim é saber que pode ser um sinal falso. Humanos que sentem isso, não anjos, eu em, ultimamente eu estou andando bem sentimental.

Não esqueci de nós, amor. Onde histórias criam vida. Descubra agora