─ Então, deixe-me ver se entendi corretamente: um homem desconhecido, que lutou e matou em seu reino, foi quem te estendeu a mão? Você não acha isso um pouco... estranho? ─ Ela questionou, a desconfiança evidente em seu olhar intenso, enquanto seus dedos delicados seguravam a taça de vidro, onde um vinho arroxeado refletia a luz suave do candelabro. O líquido parecia brilhar.
─ Eu também não entendi, ─ confessei, a confusão pulsando dentro de mim. ─ Apenas segui suas instruções. Ele mencionou que Eden, Asael e Davian teriam as respostas que eu buscava. ─ Olhei diretamente para Asael, que me observava com um semblante de desconfiança.
Ela franziu a testa. ─ Isso é realmente estranho. Se conseguir se lembrar do nome dele ou de qualquer detalhe sobre como ele era, por favor, me avise, está bem? ─ Com um gesto suave, colocou a taça sobre a mesa que nos separava. ─ Bem, agora você pode ir dormir, se quiser. O banheiro fica no andar de cima; as toalhas estão no seu quarto, e roupas limpas também. ─ Ela virou-se para Asael, que estava ao seu lado, e o encarou. ─ Ele irá levá-la.
Aquela situação me intrigava profundamente. Por que eu não podia revelar que foi Isaac quem me ajudou? A dúvida se aninhava em minha mente como uma sombra.
Enquanto subia as escadas da imponente casa, o som dos meus pés ecoava suavemente, quase como se a própria casa estivesse escutando. O corredor era longo e estreito, os quartos à esquerda e à direita.
Finalmente, chegamos à última porta. Asael parou, e se virou para mim.
─ A chave. ─ Sua voz soou baixa e firme, enquanto ele estendia a mão, revelando uma chave brilhante que refletia a luz de forma hipnotizante.
─ Obrigada... ─ consegui murmurar, mas antes que eu pudesse completar a frase, Asael passou por mim, sua presença deslizando como uma sombra, e em um instante, ele desapareceu pelo corredor.
Fiquei ali, sozinha, em meio ao silêncio da vasta mansão, segurando a chave que parecia pulsar entre meus dedos como se estivesse viva. A chave, feita de metal ornamentado e fria ao toque,á minha frente, a porta se erguia imponente, feita de madeira escura e robusta, suas superfícies esculpidas com intrincados desenhos de folhas.
A chave, agora quente em minha mão, parecia pulsar em sintonia com meu coração. Com um movimento deliberado, inseri a chave na fechadura, sentindo a resistência do mecanismo sob meus dedos. Um leve clique ressoou, quebrando o silêncio opressivo, e a porta se abriu lentamente, rangendo como se tivesse sido perturbada de um longo sono.
Acordo abruptamente, meu coração acelerado, sentindo o frio da seda amassada da cama contra minha pele. Os fios de cabelo negros emaranhados emolduram meu rosto, e, por um instante, a confusão toma conta de mim. Coloco os pés no chão gelado e a lembrança do fracasso da noite anterior ainda pesa em meu peito, mas eu sei que recuar não é uma opção.
Levanto-me, e caminho até o espelho que reflete minha imagem. Na escrivaninha, um objeto enferrujado chama minha atenção: uma tesoura antiga, quase esquecida. Sem hesitar, agarro-a com força e, em um impulso audacioso, começo a cortar meus longos cabelos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Reino Rival | O Despertar
FantasyEspher, uma jovem de espírito indomável, carrega consigo a dor de perder seus entes queridos e seu povo. Determinada a restaurar a justiça, ela busca a ajuda de seres místicos da terra e dos grandes mares,lutando para recuperar não apenas seu reino...