Capítulo 𝐕𝐈𝐈 : feelings

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O animal que estava vindo na minha direção era um grifo, imponente e majestoso, avançava com suas enormes asas recolhidas, suas penas reluzindo à luz do sol. Meu coração disparou quando percebi que ele não vinha em minha direção, mas sim em direção ao monstro aterrorizante que me atacara momentos antes.

Em um movimento ágil e explosivo, o enorme monstro saltou em direção ao grifo, suas garras afiadas buscando o rosto da criatura alada. Mas o grifo, com uma destreza impressionante, desviou-se com um movimento rápido, suas asas agora se abrindo como um manto de guerra. Ele levantou voo, pairando um pouco acima do solo, e soltou um grito estrondoso que ecoou por todo o vale, um chamado de batalha que fazia o ar vibrar.

Com uma determinação feroz, o grifo mergulhou em direção ao monstro, suas garras reluzindo como lâminas. Ele cravou-as no peito do adversário com uma força brutal, e o som do impacto ressoou como um trovão. O monstro, surpreso e ferido, rugiu de dor, enquanto a poeira começava a se levantar em nuvens densas ao redor da luta.

Ambas as criaturas se engalfinharam no chão, rolando em meio a um turbilhão de poeira e gritos. Eu me vi tossindo, o ar pesado e cheio de partículas que tornavam a cena ainda mais caótica. No meio daquele emaranhado de garras e penas, a tensão era palpável. O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor.

Levantei-me com um arrepio percorrendo a espinha, os passos hesitantes ecoando como um sussurro na quietude que se seguia. Caminhei com cautela em direção ao lugar onde as duas bestas se enfrentaram, o ar ainda carregado de poeira e tensão. Quando a névoa de partículas finalmente começou a se dissipar, meu coração parou ao ver o monstro que me atacara, agora imobilizado, pesado sobre o corpo do grifo.

Aproximando-me, o desejo de saber se eles estavam mortos me puxava, mas uma sensação de dread começava a tomar conta de mim. Eu precisava chegar mais perto.

Então, como um pesadelo que ganha vida, o monstro começou a se mover lentamente, seus músculos ainda tremendo de raiva e dor. Um frio intenso percorreu meu corpo, e, em um instinto primitivo, afastei-me rapidamente, meu coração disparando como se quisesse escapar do meu peito. O medo me envolveu como uma neblina, e, em um movimento desesperado, procurei abrigo atrás de uma árvore robusta, colocando a mão sobre minha boca para abafar os sons de minha respiração ofegante.

Com o corpo colado ao tronco, espreitei entre as folhas, tentando discernir a cena à minha frente. Olhei novamente para os dois monstros, a expectativa e o terror se mesclando em meu estômago. Para minha surpresa, quem ainda estava vivo era o grifo, erguendo-se lentamente debaixo do corpo da besta, suas penas desgrenhadas e os olhos brilhando com uma determinação feroz.

Ele se aproximou de mim com uma serenidade impressionante, seus passos suaves como se estivesse dançando ao som de uma melodia invisível. Quando chegou mais perto, ele se ajoelhou, suas patas da frente tocando o chão com delicadeza, como se estivesse me convidando para montar nele.

Sua pele brilhava em um branco puro, refletindo a luz do sol de maneira quase hipnotizante. Os cabelos vermelhos, vibrantes como o fogo, balançavam suavemente com a brisa, criando um contraste deslumbrante com seu corpo alvíssimo. Os olhos, de um amarelo profundo, como se pudessem enxergar além das aparências, lendo cada emoção que pulsava em meu coração.

As três caudas que se erguiam graciosamente em sua traseira balançavam com um ritmo próprio, como se estivessem expressando a alegria e a energia que emanavam dele. No entanto, perto de um de seus olhos, arranhões e sangue marcava sua beleza.

Senti meu coração acelerar enquanto o encarava, sabendo que aquele momento era precioso e único.

─ Vem, Es! ─ exclamou Eiran, seus olhos brilhando de empolgação, enquanto corria em direção à imponente biblioteca

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─ Vem, Es! ─ exclamou Eiran, seus olhos brilhando de empolgação, enquanto corria em direção à imponente biblioteca. ─ Eu preciso te mostrar um livro incrível que encontrei!

A biblioteca, um santuário de conhecimento e magia, era um lugar que nós dois adorávamos explorar. As estantes altas, repletas de volumes antigos. Passávamos horas imersos nas páginas, desvendando encantamentos e lendas que dançavam entre as palavras.

─ Por aqui! ─ ele gritou, gesticulando animadamente enquanto se esgueirava por entre as prateleiras, como se estivesse seguindo um rastro invisível de encantamento. ─ Aqui está! Vem logo!

─ Tô indo, calma! ─ respondi, tentando acompanhar seu entusiasmo sem perder o fôlego.

Em um piscar de olhos, Eiran emergiu de entre os livros, segurando um volumoso tomo com uma capa de couro verde escuro, desgastada pelo tempo. Sua moldura dourada reluzia sob a suave luz que filtrava pelas janelas empoeiradas. Com um gesto solene, ele colocou o livro sobre a mesa de madeira envelhecida. Na capa, um símbolo elfo, dourado e intrincado.

─ Que livro é esse, meu Deus? Até parece que tem uma aura de mistério ─ eu disse, enquanto tentava fazer sons de suspense, falhando miseravelmente.

─ Medo? Eu? Jamais! Sou o corajoso Eiran, o destemido! ─ ele proclamou, já com a mão na capa do livro, como se estivesse prestes a abrir o segredo do universo. ─ Olha só, Es, esse livro é incrível! Ele mostra a magia de cada ser da floresta, claro, os que a gente conhece! E ainda tem um guia de como derrotá-los, tipo um manual de sobrevivência para iniciantes em aventuras bizarras!

─ Mas, por que você quer saber disso tudo? Minha mãe sempre disse que é proibido ir para a floresta, e que podemos nos transformar em comida de troll ou de outros monstros! ─ eu protestei, tentando imaginar como seria ser um lanche para um bicho esquisito.

─ Ah, eu sei! Mas, caso um dia a gente precise, pelo menos saberemos o que fazer! Olha aqui! ─ Ele virou a página com um movimento dramático, como se fosse um mágico revelando um truque impressionante. ─ Veja esses aqui! Os grostecos trolls da floresta! Eles têm a pele acinzentada e dentes que saem para fora, parecendo que acabaram de sair de uma competição de "quem mastiga mais rápido"!

Eiran então se curvou, imitando a corcunda do troll e colocando os dedos na boca para mostrar os dentes, fazendo uma careta tão hilária que eu quase caí no chão de rir. ─ E você sabe o que é mais legal? Eles têm dois corações! Imagine só, isso significa que é muito mais difícil matá-los!

Eu não conseguia parar de rir, enquanto imaginava como seria engraçado tentar lutar contra um troll com dois corações, e Eiran, com sua coragem de papelão, tentando ser o herói da história.

─ Agora, aqui está o meu favorito! ─ ele anunciou com um ar de mistério digno de um mágico em um show de talentos. ─ Os grifos! ─ Fez uma pausa dramática e começou a tentar imitar o som de um grifo, que mais parecia um pato resfriado, enquanto batia as mãos de um jeito desengonçado, como se estivesse tentando ganhar a medalha de ouro em "dança das asas".

─ Olha só, os grifos podem ter várias cores, desde o preto até o dourado, e o mais louco é que isso pode mudar com o tempo! Quanto mais forte o grifo ficar, mais legal fica a cor! ─ Ele estava tão empolgado que quase saiu voando pela janela. ─ E tem mais uma coisa incrível! Quanto mais caudas eles tiverem, mais poderosos eles são! ─ Ele cruzou os braços com um ar de conquista, como se tivesse acabado de revelar o segredo da vida.

─ Eu gostei bastante desses....Grito? Grino?

─ É Grifo, sua burrinha! ─ Ele deu uma leve batidinha na minha cabeça, quase como se eu tivesse perdido um ponto na competição de inteligência. ─ Agora, vamos continuar aqui! Tem muitos outros seres incríveis!

 ─ Agora, vamos continuar aqui! Tem muitos outros seres incríveis!

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Capítulo Revisado:

Dicionário

Tomo: é um livro grande, geralmente um volume de uma obra em vários outros volumes

Engalfinharam: Brigaram,agarraram

Reino Rival | O DespertarOnde histórias criam vida. Descubra agora