Capítulo 𝐈𝐕 : Marks of a war

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Enquanto eu olhava para a grande janela do meu quarto, observando o mundo lá fora, meu pincel desliza sobre a tela em branco, como se tentassem capturar a vida que me escapa

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Enquanto eu olhava para a grande janela do meu quarto, observando o mundo lá fora, meu pincel desliza sobre a tela em branco, como se tentassem capturar a vida que me escapa. A pintura se tornou meu único refúgio, a única maneira de me sentir viva em meio ao vazio que se instalou em casa. Meus pais, tão absortos em suas discussões sobre o futuro do reino, não percebiam a solidão que me consome.

Eles estavam sempre ocupados, imersos em responsabilidades que pareciam pesadas demais para suportar, e eu, perdida em um canto, ansiava pela conexão que costumávamos ter. As risadas, os abraços, os momentos simples que agora se tornaram memórias distantes. A verdade é que eu sinto uma saudade profunda: eu sinto falta dos meus pais.

Até que um dia isso mudou.Em uma tarde ensolarada, quando as flores no jardim do reino dançavam ao ritmo da brisa suave, eu o conheci. Seus olhos âmbar brilhavam sob o sol, e suas sardas nas bochechas levemente rosadas me chamaram atenção. Uma curiosidade imediata me invadiu: o que aquela criança estava fazendo no castelo? Eu nunca havia visto alguém como ele por aqui. Suas roupas eram rasgadas, e ele andava descalço, com arranhões em seu corpo.

Sem hesitar, deixei o jardim e fui em sua direção. Ele estava no portão do castelo, e enquanto os guardas me observavam com olhares desconfiados, eu ignorei suas advertências. O que poderia incomodar mais do que a solidão? Ao me aproximar, um sorriso tímido se formou em seu rosto, e naquele instante, algo mágico aconteceu.

- O que você faz aqui sozinho? É perigoso - pergunto, enquanto ele me observa com um olhar cansado, como se o peso do mundo estivesse em seus ombros.

- Eu não tinha para onde ir. Estou sozinho. Papai faleceu, e desde então ando pelas ruas, dormindo em becos e pegando comida dos comerciantes - ele responde, a voz trêmula, carregada de dor.

- Isso é errado, sabia? Não podemos roubar. Mas se seu pai morreu, por que não fica com sua mãe? - digo, tentando entender, enquanto ele desvia o olhar para o chão, lutando contra as lágrimas que ameaçam escorregar.

- Ela morreu assim que eu nasci - ele diz, engolindo o choro. - Meu pai sempre dizia que era minha culpa. Se eu não tivesse nascido, ela ainda estaria viva.

Seus olhos refletiam uma tristeza profunda, e eu sinto meu coração apertar. Enquanto eu me sinto sozinha e perdida, ele parece carregar a dor do mundo, mas ainda assim se mantém firme, um menino forte em meio ao desespero.

- Vem comigo - falo, pegando seu braço com delicadeza. - Você precisa de um banho. Depois, você me conta o resto. Aliás qual o seu nome? Eu me chamo Espher.

Ele me olha com surpresa, e após um momento de hesitação, apenas acena com a cabeça, seguindo-me.

─ Me chamo Eiran.

Era um gesto simples, mas naquele instante, sinto que talvez, juntos, possamos encontrar um pouco de conforto em meio à tristeza que nos rodeia.

Era um gesto simples, mas naquele instante, sinto que talvez, juntos, possamos encontrar um pouco de conforto em meio à tristeza que nos rodeia

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Reino Rival | O DespertarOnde histórias criam vida. Descubra agora